A guarda costeira espanhola resgatou três pessoas que estavam escondidas no topo do leme de um navio que chegou às Ilhas Canárias vindo da Nigéria.

Numa fotografia divulgada pela guarda costeira na segunda-feira, 29, os aparecem empoleirados no leme do petroleiro químico Althini II.

O Althini II chegou a Las Palmas, em Gran Canaria, na segunda-feira, após uma viagem de 11 dias de Lagos, na Nigéria, de acordo com o Marine Traffic, um site de rastreamento de navios.

Os imigrantes foram levados para o porto e atendidos pelos serviços de saúde, disse a guarda costeira no Twitter.

As Ilhas Canárias, de propriedade espanhola, são uma porta de entrada popular, mas perigosa, para imigrantes africanos que tentam chegar à Europa.

Desde 2014, por volta de 3 mil morreram ou estão desaparecidos depois de tentar cruzar da para o arquipélago por mar, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.

No ano passado, mais de 20 mil imigrantes cruzaram a costa da África Ocidental para as Ilhas Canárias, segundo a Cruz Vermelha Mais de 1.100 dessas pessoas morreram no mar, disse a organização.

Em 2020, quatro clandestinos nigerianos sobreviveram 10 dias no mar antes de serem encontrados escondidos em um compartimento acima do leme de um petroleiro norueguês que viajou de Lagos a Las Palmas, segundo a mídia norueguesa.

No mesmo ano, um nigeriano de 14 anos disse ao jornal espanhol El Pais que se escondeu por 15 dias em um quarto no topo do leme de um cargueiro que transportava combustível, durante a viagem de Lagos para as Ilhas Canárias.

Pobreza, conflitos violentos e a busca por oportunidades de trabalho continuam a alimentar a migração para fora da África Ocidental, diz a Cruz Vermelha.

Deportação

Dois dos três imigrantes que foram resgatados foram devolvidos ao navio na terça-feira, 29, para serem deportados. Segundo a lei espanhola, qualquer passageiro clandestino que não solicitar asilo deve ser devolvido pelo operador do navio ao porto de origem da viagem, disse um porta-voz da polícia.

Um porta-voz da polícia das Ilhas Canárias disse que cabe ao operador do navio cuidar dos passageiros clandestinos, fornecer-lhes acomodações temporárias e devolvê-los à origem o mais rápido possível.

Segundo Helena Maleno, diretora da organização não-governamental de migração Walking Borders, os imigrantes deveriam, pelo menos, ter sido informados do seu direito de pedir asilo político e deveriam ter sido interrogados antes de serem devolvidos ao navio.

“As condições da viagem já são um indicativo de que algo muito sério pode estar por trás disso. Nunca vimos condições como esta onde eles chegaram com vida”, disse Maleno.