Trump: EUA poderiam conduzir ação militar na Venezuela
‘As pessoas estão sofrendo e morrendo’, disse
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‘As pessoas estão sofrendo e morrendo’, disse
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que os Estados Unidos poderiam conduzir uma ação militar na Venezuela. A declaração veio em em entrevista coletiva no seu clube de golfe em Nova Jersey. Acusando o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de ditador, o Tesouro dos EUA congelou em 1º de agosto todos os seus ativos nos Estados Unidos, numa resposta hostil à formação de uma Assembleia Nacional Constituinte pelo mandatário no meio de uma guerra política.
— As pessoas estão sofrendo e morrendo. Nós temos muitas opções para a Venezuela, incluindo a opção militar se necessário — disse Trump, em referência à grave crise sócio-econômica, que inclui a escassez de alimentos e uma das maiores inflações do mundo, no país sul-americano. — A opção militar é algo que poderiamos buscar.
As medidas punitivas contra Maduro vieram após a instalação de uma Assembleia Constituinte pelo líder chavista, que é qualificada de fraude pela oposição venezuelana. O órgão de suprapoder — cujos 545 membros são aliados de Maduro, uma vez que a oposição não quis participar da eleição para o órgão — deverá reescrever a Carta Magna da Venezuela, elaborada no governo do ex-presidente Hugo Chávez, e já obteve o poder para se sobrepor a qualquer poder público do país. Segundo os críticos do governo, esta é uma manobra do oficialismo para concentrar ainda mais poder e, eventualmente, dissolver o Parlamento, que é controlado pela oposição.
A Constituinte regirá o país com poderes absolutos por pelo menos dois anos, além do mandato de Maduro que acaba em janeiro de 2019, apesar da toda a reprovação expressada por opositores, população e comunidade internacional contra o órgão. O mandatário assegurou que trará paz após quatro meses de protestos da oposição, que deixaram 125 mortos devido à repressão das forças de segurança estatais.
Washington impôs sanções semelhantes a cerca de vinte funcionários e ex-colaboradores do governo venezuelano, em retaliação à instalação da Constituinte. No entanto, uma intervenção militar seria uma resposta extraordinária à escalada de tensões no país de Maduro.
Na quinta-feira, Maduro, que se vê sob forte pressão internacional, ordenou a seu chanceler que acerte uma conversa pessoal com Trump. Ele acusa o governo americano de “interferência imperialista” no seu país.
— Inicie gestões, chanceler, para que eu tenha uma conversa pessoal com Donald Trump, inicie gestões para termos uma conversa telefônica com Donald Trump — disse Maduro ao ministro das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, em um discurso à Constituinte.
O presidente também determinou que Arreaza organize uma reunião com Trump, se possível, por ocasião de sua viagem à Nova York para a Assembleia Geral das Nações Unidas, no próximo dia 20 de setembro.
— Se ele está tão interessado na Venezuela, eu aqui estou, aqui está o chefe do seu interesse, aqui está a minha mão — disse Maduro.
PRESSÃO INTERNACIONAL
A ONU denunciou na terça-feira o uso generalizado e sistemático de força excessiva, assim como de torturas, durante os protestos contra o governo na Venezuela, e acusou as forças de segurança e as milícias pró-governo de responsabilidade pela morte de pelo menos 73 manifestantes. Desde 1º de abril, uma onda de protestos quase diários convocados pela oposição toma as ruas da Venezuela.
“As entrevistas realizadas a distância sugerem que tem acontecido na Venezuela um uso generalizado e sistemático de força excessiva e detenções arbitrárias contra os manifestantes”, declarou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al Hussein, em um comunicado. “Milhares de pessoas foram detidas arbitrariamente. Muitas delas foram vítimas de maus-tratos e inclusive de torturas” .
Além disso, na semana passada, em reunião diplomática, 12 chanceleres de nações americanas afirmaram, em comunicado, que não reconhecem a Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro. Os ministros de Relações Exteriores também condenaram a ruptura da ordem democrática no país. O projeto dos chanceleres reunidos nesta terça-feira era, após a primeira reunião sobre a crise política em Caracas, formar um órgão de monitoramento permanente sobre a questão.
No total, reuniram-se chanceleres de 17 países em Lima. Dentre eles, assinaram o documento: Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru. Outros cinco ficaram de fora do pronunciamento: Guiana, Granada, Jamaica, Santa Lucia e Uruguai.
Além disso, o Peru decidiu, nesta sexta-feira, expulsar de seu território o embaixador da Venezuela, em Lima, Diego Molero. Foi concedido um prazo de cinco dias para que ele saia do país, de acordo com comunicado da chancelaria. O Congresso peruano havia proposto a saída do diplomata há alguns dias.
— Tendo manifestado sua condenação à ruptura da ordem democrática na Venezuela, o governo do Peru decidiu expulsar o embaixador Diego Molero — indicou o texto.
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