Estatal brasileira recebe R$ 71 milhões por contrato

Um grupo de procuradores franceses estiveram em Brasília nesta semana para conversarem com investigadores da Operação Lava-Jato. O objetivo do grupo é obter informações sobre um possível esquema de corrupção envolvendo a multinacional francesa Areva e a estatal brasileira INB (Indústrias Nucleares Brasileira).

A França suspeita que um contrato de R$ 71 milhões firmados pelas empresas possa ter sido utilizado para pagamento de propinas a agentes políticos, como ocorreu no contrato com a INB e a Eletronuclear.

O contrato entre a Areva e a INB foi firmado em 2010 e tem como objetivo a conversão de urânio usado nas usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 em hexafluoreto de urânio, gás utilizado na produção de combustível nuclear.

O franceses temem que o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, concenado a 43 anos de prisão pela Justiça Federal por ter recebido propina na construção da usina nuclear de Angra 3, também tenha tido influência sobre os contratos firmados pela Areva no Brasil.França investiga contrato para enriquecimento de urânio com Brasil

“Ainda estamos num estágio inicial, mas queremos saber se esse esquema que teria funcionado na Eletronuclear também funcionou nesse contrato com a Areva”, afirmou um dos investigadores com quem a reportagem do UOL conversou, sob condição de anonimato.

O grupo de procuradores já voltou à França, e deve retornar ao Brasil nos próximos meses. O próximo local a ser visitado será o Rio de Janeiro, onde estão as investigações das irregularidades da Eletronuclear.

“Precisamos de documentos e deveremos conversar com nossos colegas no Rio de Janeiro sobre o assunto. A ideia é que a cooperação se intensifique nos próximos meses”, disse outro envolvido nas investigações ouvido pelo UOL.

(com supervisão de Evelin Cáceres)