“Essas pessoas [nudistas] são depravadas”, disse uma deputada de Moscou

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um novo inquérito contra um grupo que envolve o senador Fernando Collor (PTB-AL) para apurar prática de crimes de licitação e peculato (desvio de recursos públicos), além de corrupção passiva. O pedido chegou à Corte na mesma semana em que Janot ofereceu denúncia contra o senador – acusado de ter recebido 26 milhões de reais em propina – e outras quatro pessoas ligadas a ele pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato. Assim como a denúncia, o novo inquérito corre sob sigilo na Corte.

Além do ex-presidente Collor, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a investigação do ex-ministro do governo Collor Pedro Paulo Leoni, de dois servidores que ocupam cargo comissionado no Senado Federal: Cleverton Melo da Costa e Fernando Antônio da Silva Tiago e de Luís Pereira Duarte de Amorim, visto como “administrador” de empresas de Collor e ligado à TV Gazeta de Alagoas. Todos já foram denunciados pela PGR junto com Collor na última quinta-feira.

De acordo com a Procuradoria, os dois assessores efetuaram “operações suspeitas” de lavagem de dinheiro por meio de depósitos em espécie feitos em favor de empresas do Collor e que somariam um total de 1,3 milhão de reais. Para investigadores, os valores em espécie “provavelmente têm origem no esquema criminoso investigado”. Cleverton é assessor de Collor no senado desde 2007.

A nova investigação é um desdobramento da denúncia oferecida por Janot contra o grupo. Os fatos que a Procuradoria considerou que já possuem amadurecimento suficiente de investigação foram incluídos na acusação formal. Já os crimes que ainda precisam ser investigados com mais profundidade fazem parte do novo inquérito. Os dois procedimentos – tanto a nova investigação como uma eventual ação penal contra Collor, no caso de a denúncia ser recebida pelo STF – devem correr paralelamente no Tribunal.

As defesas de Collor e de Pedro Paulo Leoni afirmaram ainda não ter conhecimento do teor do novo pedido de inquérito. Os advogados de Cleverton Melo Costa, Fernando Antônio Silva Tiago e Luís Pereira Duarte Amorim não foram localizados.

Críticas – Nesta segunda-feira, a dois dias da sabatina no Senado que pode levar o chefe do Ministério Público Federal (MPF) a um novo mandato de dois anos, Collor chamou o procurador-geral da República de “fascista da pior extração”. O senador disse não ter como questionar a denúncia de Janot pelo fato de a peça estar sob segredo de Justiça e que o único objetivo do chefe do MPF é “constranger” o Senado às vésperas da sabatina. O ex-presidente, que chamou Janot de “sujeitinho à toa” e “figura tosca” afirmou que ele não é dotado da “conduta moral” que se exige para o cargo.

O conservadorismo cada vez mais acentuado na Rússia tem um novo alvo: autoridades do país estudam proibir a presença de banhistas nus em uma das mais populares praias de nudismo de Moscou, localizada dentro do parque Serebryany Bor e frequentada por naturistas há quase trinta anos.

“Essas pessoas [nudistas] são depravadas. Não podemos encorajar a imoralidade”, disse a deputada Lyudmila Stebenkova ao jornal The Moscow Times. “Pessoas nuas ocuparam as orlas de Strogino [bairro de Moscou]. Suas festas acabam muitas vezes em brigas, bebedeira ou sexo em público. Mas a polícia não pode acabar com essa orgia porque não existem leis que regulam o nudismo”, escreveu Lyudmila em seu blog, ao lançar a campanha contra as praias de nudismo.

Amparados em valores conservadores, autoridades locais seguem banindo qualquer coisa que acreditam não fazer parte da cultura russa, de propaganda gay a cenas eróticas nos clássicos da literatura do país. Em maio, uma praia de nudismo em um rio nas proximidades de São Petersburgo, que recebia naturistas desde a década de 60, foi fechada por ser considerada prejudicial à moral pública.

“Devemos proteger nossas crianças de velhos pervertidos peludos nus”, disse à época o deputado conservador Vitaly Milonov, conhecido por seus fervorosos comentários anti-gay, a uma rádio local.

Outro lado – Sergei Mityushin, presidente de uma associação de naturistas de Moscou, admitiu aoMoscow Times que a praia de Serebryany Bor não é ideal para a prática do nudismo. “Há muitas pessoas caminhando por lá – idosas, famílias com crianças – e nem todos querem ver banhistas nus. Praias de nudismo deveriam ser cercadas e vigiadas”.

Mityushin afirma que os nudistas aceitam frequentar outra praia, mas lembra que as autoridades chegaram a reservar aos naturistas uma praia em área cercada próximo dali nos anos 90, mas o local estava cheio de lixo e materiais de construção. Segundo ele, apenas as praias tradicionais recebem os cuidados necessários, como banheiros e coletores de lixo.

Por outro lado, as autoridades russas parecem não estar abertas ao diálogo. “Não há nada para ser discutido. Eu acho que praias como estas não deveriam existir”, disse a deputada Lyudmila Stebenkova ao Moscow Times.