Os últimos números oficiais do naufrágio apontam 24 mortos e 28 sobreviventes

Cerca de 700 imigrantes podem ter morrido no naufrágio de um barco ao largo da costa da Líbia neste domingo, um acidente que, caso confirmado, seria “a pior tragédia” ocorrida no Mediterrâneo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

Os últimos números oficiais do naufrágio apontam 24 mortos e 28 sobreviventes, segundo a Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate.

O navio afundou a cerca de 110 km da costa líbia levando mais de 700 pessoas a bordo, segundo explicaram 28 sobreviventes resgatados por um navio mercante, disse Carlotta Sami, porta-voz do Acnur na Itália, à rede de televisão italiana Rainews24.

Se estes números forem confirmados, será “a pior tragédia jamais vista no Mediterrâneo”, afirmou a porta-voz.

Equipes de resgate italianas não confirmaram que havia 700 pessoas a bordo, mas indicaram que a embarcação, de 20 metros de comprimento, tinha “capacidade para transportar várias centenas de pessoas”.

Diante desta nova tragédia, a União Europeia anunciou que iria realizar uma reunião de emergência com seus ministros do Interior e das Relações Exteriores, mas não especificou qualquer data específica.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a resposta para esta situação “tem que vir da Europa” e que “já não vale a pena as palavras, temos de agir”. “Os europeus serão descreditados se não forem capazes de evitar tais situações dramáticas”, disse Rajoy, durante um comício eleitoral em Alicante.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, pediu neste domingo uma cúpula europeia urgente após o naufrágio.

“Estamos trabalhando para nos assegurarmos de que essa reunião aconteça no final da próxima semana. Deve ser uma prioridade”, afirmou Renzi durante coletiva de imprensa, qualificando a crise migratória de “flagelo” que a Europa de enfrentar.

A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, decidiu incluir o tema na agenda da reunião informal de ministros das Relações Exteriores da cúpula da UE desta segunda-feira em Luxemburgo.

O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, disse que “este desastre confirma a urgência de restaurar uma operação de salvamento no mar e estabelecer vias legais críveis para chegar à Europa”. “Caso contrário, as pessoas que procuram segurança continuarão a morrer no mar”, acrescentou.

Esta nova tragédia no Mediterrâneo se soma a dois outros naufrágios na semana passada, um dos quais deixou 400 mortos e outro mais de 40, segundo relatos de sobreviventes à OIM (Organização Internacional para as Migrações) e organizações não-governamentais.

O navio lançou um aviso no domingo de manhã capturado pela guarda costeira italiana, que alertou um navio cargueiro português que estava na área.

Quando o cargueiro chegou, cerca de 220 km ao sul da ilha italiana de Lampedusa, a tripulação avistou o barco naufragando.

Mas as pessoas do navio em perigo correram todas para o mesmo lado, o que pode ter causado o desastre – disse a porta-voz do Acnur.

As autoridades italianas coordenaram uma grande dispositivo de resgate de 17 navios das marinhas da Itália e de Malta principalmente, relatou a guarda costeira italiana e um porta-voz da marinha de Malta entrevistado pela AFP, explicando que o alarme foi dado em torno da meia-noite local (19h de Brasília).

Diariamente, a guarda costeira italiana ou navios mercantes resgatam uma média de entre 500 e 1.000 pessoas. Mais de 11.000 foram resgatados em uma única semana, de acordo com a Guarda Costeira.

Várias organizações humanitárias internacionais têm denunciado nos últimos dias a inação das autoridades europeias.

“Uma operação Mare Nostrum europeia é necessária”, criticou a porta-voz do Acnur. A operação de resgate de migrantes italiana Mare Nostrum foi substituída este ano pela operação Triton, uma operação de vigilância das fronteiras muito mais modesta.

Mais de 900 migrantes morreram até agora este ano em sua jornada entre a Líbia e Itália, sem contar com esta nova tragédia, em comparação com menos de 50 que morreram no ano passado no mesmo período, quando a Mare Nostrum ainda estava em funcionamento, afirmaram esta semana organizações humanitárias.