O ataque teve 142 mortos. Em comunicado, o grupo extremista avisa: “É apenas a ponta do iceberg”

Por volta do meio-dia, fiéis muçulmanos faziam as tradicionais orações de sexta-feira quando um duplo atentado suicida contra duas populares mesquitas da capital do Iêmen, Sanaa, matou pelo menos 142 pessoas e feriu 350. “Eu estava próximo às explosões. Algumas ruas tiveram de ser fechadas”, relatou ao Correio o morador Abu Abdul Rahman. Os ataques, reivindicados pouco depois pelo movimento radical Estado Islâmico (EI), foram os primeiros efetuados pela facção no país. Enquanto o pânico tomava conta da população, o complexo presidencial, na cidade de Aden (sul), era novamente alvejado por rebeldes xiitas houthis, contrários ao governo do presidente Hadi Mansour.

Em vídeo divulgado por sites de grupos afiliados, o EI afirmou que os atentados no Iêmen são apenas “a ponta do iceberg”. A ação de cinco homens-bomba nas mesquitas de Al-Badr e Al-Hashahush, diz o comunicado, teve como alvo os “infiéis houthis” — minoria xiita que conquistou o controle da capital. Outro jihadista não teria obtido sucesso na tentativa de explodir uma instalação do governo na província de Sadaa (norte), região de forte presença houthi. A bomba, detonada antes do previsto, matou duas pessoas e feriu outra. Embora o EI tenha reivindicado a autoria dos ataques, também por meio do Twitter, o governo de Washington garantiu não haver “indicação de ligação operacional” entre o grupo e as agressões.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, condenou firmemente os atentados em Sanaa, mas advertiu que é “muito cedo” para atribuí-los ao EI. No Brasil, uma nota do Ministério das Relações Exteriores criticou com veemência os ataques e conclamou todas as forças políticas iemenitas a se absterem de ações que possam resultar na radicalização do processo político. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, instou os protagonistas do conflito religioso no Iêmen a “cessarem imediatamente qualquer ato hostil”. De acordo com a agência de notícias France-Presse, Ban pediu que as partes beligerantes “respeitem o compromisso de resolver suas diferenças pacificamente”, como parte da mediação empreendida pelo enviado da ONU, Jamel Benomar.