Agentes apenas observaram, enquanto os jovens fixaram cabos na cabeça das estátuas e provocaram a queda

Jovens encapuzados desmontaram três monumentos da era comunista neste sábado na , em Kharkiv, a principal cidade industrial do leste, que é de maioria russa. A ação, realizada três dias depois da aprovação de uma lei nacional para “acabar com a sovietização”, provocou a indignação do movimento pró-Rússia no país, cujo governo tenta apagar o seu passado soviético.

Guennadi Kernes, prefeito pró-Rússia de Kharkiv, criticou a falta de reação da polícia ante o que chamou de “ato de vandalismo”. Os agentes apenas observaram, sem intervir, enquanto os jovens fixaram cabos na cabeça das estátuas e provocaram a queda com uma caminhonete. Depois, a polícia de Kharkiv informou ter aberto uma investigação por “violência deliberada”. O município, de 1,4 milhão de habitantes, é capital da região que marca o início das áreas separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk.

Aprovada pelo Parlamento ucraniano na quinta-feira, a lei que proíbe a “propaganda comunista e nazista”, assim como os símbolos das duas ideologias, irritou Moscou e os ucranianos a favor da Rússia. O partido pró-Moscou “Bloco de Oposição” acusou o governo de Kiev de “destruir tudo: a história, as tradições, as festas e a memória”. A nova lei só permite a “propaganda comunista” feita com fins educativos e científicos ou para glorificar como “combatentes pela independência da Ucrânia” os nacionalistas que combateram a “ocupação soviética”.

O texto, que ainda precisa ser promulgado pelo presidente Petro Poroshenko, afirma que os monumentos dedicados aos dirigentes soviéticos, incluindo várias estátuas de Lenin, deverão ser desmontados. Também determina a alteração dos nomes das localidades, ruas ou empresas com referências ao comunismo.

A Ucrânia sofre há mais de um ano com um conflito entre o leste separatista e o governo de Kiev, que já provocou mais de 6.000 mortos. Kiev e os países ocidentais acusam Moscou de fornecer armas aos rebeldes. Nesta sexta-feira, o presidente Poroshenko jogou mais lenha na fogueira ao comparar as ações da Rússia de Vladimir Putin na Ucrânia com a atuação da Alemanha nazista. O discurso foi pronunciado em Odessa, cidade de língua russa do sul do país. O governo da Rússia acusou a Ucrânia de exacerbar o conflito com a nova lei e de usar métodos “totalitários” para favorecer o nacionalismo ucraniano.