Fragmentos de fósseis de uma preguiça-gigante encontrados em Mato Grosso do Sul contribuíram para mudar verdade aceita pela ciência sobre a extinção da “megafauna”, caracterizada por espécies que pesavam mais de 1 tonelada.
Até então, acreditava-se que os animais pré-históricos desse grupo de gigantes tinham sido extintos nas Américas há 12 mil anos, mas pesquisa envolvendo a UFMS e as amostras achadas no Estado revolucionaram o que se sabe sobre o fim da classe de exemplares imensos no continente.
Publicado na Revista Sul-Americana de Ciências da Terra, o artigo intitulado “3.500 anos AP: A última sobrevivência da megafauna de mamíferos nas Américas” foi escrito por diversos autores – incluindo Edna Facincani, professora da UFMS – e traz à tona que essas espécies ainda viviam no Brasil em épocas mais recentes do que a ciência presumia.
De acordo com os pesquisadores, o objetivo do estudo é datar o maior número de exemplares possível frente à grande quantidade de registros da megafauna na América do Sul.
Em relação ao artigo, os fósseis que contribuíram para a recente descoberta pertencem às coleções paleontológicas do Laboratório de Zoologia do Instituto de Biociências da UFMS e do Muphi (Museu de Pré-História de Itapipoca), do Ceará.

Megafauna: animais gigantescos com mais de 1 tonelada
Sobre a megafauna, o pesquisador Fábio Faria, que realiza datações cronológicas de fósseis desde 2011, explica: “Quando falamos de megafauna quaternária falamos dos grandes mamíferos que viveram naquele período. Os animais caracteristicamente mais emblemáticos são os com mais de uma tonelada de peso, que são o toxodon, o mastodonte e a preguiça-gigante, mas existem também os de porte menor, que podem ter acima de 40 quilos, que são a Palaeolama major e o tigre dentes-de-sabre, entre outros”, detalha.
Segundo o pesquisador Celso Ximenes, do museu cearense, “a megafauna está para os mamíferos gigantes, assim como o dinossauro está sobre os répteis gigantes”. Ele ressalta que ainda há a ocorrência de megafauna no mundo, especialmente no continente africano. No entanto, nos demais continentes, acreditava-se que ela tinha sido extinta há cerca de 12 mil anos, no período da Era do Gelo.
“E por que a América do Sul ganha tanto destaque quando falamos em ‘megafauna’? Porque foi o continente mais afetado. 80% das espécies de megafauna foram extintas, por isso esse estudo é tão emblemático”, acrescenta Fábio Faria.

Dente de preguiça-gigante achado em MS
Datações feitas em oito fragmentos de dentes de animais da megafauna nesta pesquisa, sendo um da UFMS e sete do Muphi, confirmaram a existência deles há cerca de 3.500 anos, o que desmonta a verdade aceita sobre a extinção e provam que eles viveram por mais tempo além da era glacial.
Da UFMS, foi selecionada uma amostra de uma preguiça-gigante (Eremotherium laurillardi), encontrada no rio Miranda. A análise concluiu que o animal tinha 294 anos e viveu há 5.942 anos. Além deste, o estudo examinou exemplares de Tigre dentes-de-sabre, Toxodon platensis, Xenorhinotherium bahiense, Mastodonte e outra preguiça-gigante, todos Museu de Pré-História de Itapipoca, do Ceará.
Segundo Edna Facincani, professora da UFMS e uma das autores do artigo, ainda ficou constatado que a amostra de dente coletada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul também resultou na idade mais recente de preguiça-gigante já registrada no continente.
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