Vídeo feito por IA viraliza e coloca Lula e Bolsonaro como ‘amigos de mesa de bar’
A principal preocupação com o deepfake é que ele pode ser utilizado para criar conteúdos enganosos, como é o caso do vídeo em questão
Schimene Weber –
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Uma publicação feita no Instagram por um usuário especialista em Inteligência Artificial está bombando e dando o que falar na rede social. Trata-se de um vídeo feito com o uso de IA, em que Lula e Bolsonaro, como “amigos de mesa de bar” trocam algumas palavras com uma taça de cerveja na mesa.
Em meio a comentários de “eita povo criativo!”, outras pessoas manifestam suas opiniões sobre o vídeo que, na verdade, não passa de uma brincadeira. “Podia ser assim, né? Mais amor e menos ódio”, diz uma usuária. Outro, com um tom mais rígido, afirma que o vídeo não é tão fake quanto parece.
“A realidade não é tão distante do que está IA representa… Enquanto os dois ficam numa boa, mesmo que não tão próximos, amizades são desfeitas, laços familiares são desatados em troca de nada! Em nome da polarização política radical dicotômica entre esquerda e direita”, escreveu na publicação.
Usuários que não estão acostumados com a tecnologia já comentam textos mais “inocentes” aos olhos daqueles que já sabem identificar, de longe, quando a IA é utilizada. “Essa conversa só é possível porque o Lula foi eleito e sabe dialogar. Se o mito tivesse ganhado talvez o Lula nem estivesse mais vivo e as redes sociais estariam sendo controladas por militares após o golpe”, publicou outro internauta.
Confira o vídeo:
Técnica é conhecida como deepfake e pode ser considerada crime
O termo “deepfake” se refere a uma técnica de manipulação digital que utiliza inteligência artificial e aprendizado de máquina para criar vídeos, áudios ou imagens que imitam com grande realismo a aparência, voz ou ações de uma pessoa.
O nome vem da combinação de “deep learning” (aprendizado profundo) e “fake” (falso), e pode ser usado para criar conteúdos que parecem autênticos, mas são completamente fabricados. Embora essa tecnologia tenha aplicações legítimas, como em filmes, videogames e até em tratamentos médicos, seu uso mal-intencionado levanta sérias questões, tanto éticas quanto legais.
A principal preocupação com o deepfake é que ele pode ser utilizado para criar conteúdos enganosos. Como exemplo estão vídeos falsos de figuras públicas, políticos ou pessoas comuns, causando danos à reputação, manipulando a opinião pública ou até incitando violência. Como um claro exemplo, o vídeo em questão.
Deepfake e a esfera criminal
A criação e disseminação de deepfakes pode ser considerada crime sob diversas circunstâncias, dependendo da natureza do conteúdo e das leis de cada país. No Brasil, por exemplo, alguns dos crimes relacionados a deepfakes podem incluir:
- Difamação e calúnia: Se um deepfake é usado para criar um vídeo ou áudio que difama ou calunia uma pessoa, isso pode configurar crime. A legislação brasileira protege a honra, imagem e dignidade das pessoas, e a criação de vídeos que distorcem a realidade para prejudicar alguém pode resultar em processos legais e punições;
- Violação da privacidade: Deepfakes que envolvem a criação de vídeos íntimos falsos, como pornografia não consentida, podem ser enquadrados como crime de violação de privacidade. O Código Penal Brasileiro, por exemplo, prevê punições para quem distribui ou publica imagens íntimas sem consentimento;
- Fraude e engano: Quando deepfakes são utilizados para enganar pessoas em situações comerciais, como falsificar a voz de um executivo para realizar transações bancárias fraudulentas, isso pode ser considerado crime de estelionato ou fraude;
- Incitação ao crime e terrorismo: Se um deepfake for utilizado para incitar ódio, violência ou outros crimes, pode ser enquadrado na legislação que pune a incitação ao crime, como é o caso de discursos de ódio ou apologia ao terrorismo.
Além disso, a disseminação de deepfakes pode ser vista como uma forma de desinformação, um problema crescente que afeta eleições, relações sociais e até a segurança nacional. Em alguns países, há propostas de novas legislações específicas para lidar com os crimes envolvendo deepfakes, que incluem a punição de quem cria e compartilha esses conteúdos falsificados com a intenção de enganar.
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