Não falta público para o modelo de barbearias que caiu no gosto da macharada, onde o corte de cabelo é acompanhado de um espaço para videogame, mesa de sinuca, cerveja, “papo de homem”! e foto no . É um negócio que se reinventou como um nicho masculino e que deu muito certo.

Mas, por isso mesmo, não é tão querido por quem procura um corte descolado, mas não se sente bem no ambiente masculino. Muita gente se sente deslocada com homens falando de bebida, futebol e mulher. Por isso, procuram outros negócios para terem o mesmo serviço.

No Rita Vieira, o barbeiro Yan Azevedo, de 24 anos, gerência o empreendimento que leva o seu nome. Com estilo moderno e sofisticado, o local passa tranquilo por um barbershop que está em alta, com o clássico serviço de cabelo e barba. Só que tem algumas diferenças. Sem cerveja à venda e com louvores na TV, o local acaba atraindo outro público, menos interessado na experiência masculina e sim no objetivo final: o corte.

“Nosso intuito e vender uma experiência desde a recepção, o cliente ter um horário agendado por aplicativo ou telefone, ser bem atendido, pagar e ir embora”, explica Yan. Assim, com foco no público mais familiar, bebida, sinuca e videogame foram deixados de lado e não fazem parte do cotidiano da barbearia. Além disso, o proprietário reforça que por questão de princípios religiosos, mesmo não tendo nada contra o consumo, seria errado vender bebidas alcoólicas, sabendo que 90% dos seus clientes vem de carro.

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Empreendimento oferece um espaço moderno, mas sem perder o tradicionalismo (Foto: Arquivo Pessoal / Yan Azevedo)

O cuidado para garantir um ambiente saudável e sem comentários tóxicos alcança até os mínimos detalhes, cuidando até do jeito de falar no local. “É um ambiente familiar, que uma mão pode trazer seu filho, o marido pode trazer a esposa. O próprio linguajar, onde tem criança e mulher, tem que ser uma ambientem mais respeitoso”, detalha o proprietário.

Com uma receita de sucesso desde 2018, a barbearia ampliou o seu espaço há cerca de 30 dias, aumentando o ambiente e o número de atendentes.  “Antes era só eu de profissional, mudamos de endereço e agora são três babeiros e uma recepcionista, que trabalha com agendamento. Os clientes vêm como positivo, eles vêm para fazer o cabelo e barba e não para ficar ouvindo conversa fiada”, finalizou.

Mais delicadeza nas mãos

Na região do grande Tiradentes, Elizandra Elichesse de 35 anos e as duas filhas de 18 anos comandam a barbearia Maidano, administrada somente por mulheres. “Tinha uma loja de erva de tereré e um amigo me apresentou um professor de barbearia. Ele me incentivou a entrar nessa área, me apaixonei pela profissão e vesti a camisa”, comenta Elizandra.

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Investimento em uma nova área trouxe retorno positivo para Elizandra ( Foto: Arquivo Pessoal/ Elizandra Elichesse)

Aventurando-se em um ramo diferente, a barbeira relata que o início foi repleto de dificuldades, como qualquer começo, e com um traço de velado por uma pequena parcela de pessoas. “No início não foi muito fácil, o preconceito ainda predominava. Já chegaram a abrir a porta e falar ‘não, obrigado'”, conta.

Com uma tendência ao clássico, a barbearia oferece somente o serviço de cabelo e barba, diferenciando-se pela delicadeza e cuidado durante o atendimento. “Tem clientes que preferem mulheres fazendo a barba, dizem que a gente tem mais cuidado com a pele”, explica Elichesse.

Com um trabalho minucioso, a proprietária relata que os clientes chegam muito por indicação, em sua maioria homens de mais idade e crianças. O serviço é feito por agendamento e demanda espontânea, com dois anos no mercado e um fluxo crescente de clientes a proprietária já estuda mudar de local.

“Tenho planos de abrir um espaço maior e oferecer mais serviços relacionados a cabelo e barba, e fazer algo mais aconchegante para os nossos clientes”, finaliza Elizandra.