Quarentena não é desculpa pra ‘sumir’ e em MS até festa de aniversário ganha versão virtual

Sabe aquela cervejinha com amigos às sextas-feiras após o expediente? Com as recomendações de quarentena para evitar o novo coronavírus, estas cenas se tornaram lembranças distantes. Porém, o isolamento não é desculpa para não ver os amigos. No cenário atual, as videochamadas ganharam importância e ajudam até a muitos não “pirarem”.

A tecnologia fez sua parte e com uma infinidade de aplicativos gratuitos no celular que permitem a utilização da videoconferência de forma gratuita, atravessar o período turbulento de isolamento social pode ficar mais leve. Em quarentena apenas com o esposo, a jornalista Ariane Cajazeiras, de 33 anos, meio que substituiu as mensagens de texto que trocava com amigos pelas videochamadas, como forma de manter o contato e de compartilhar experiências e dificuldades.

“Eu faço ligações de vídeo todos os dias, mas com grupos diferentes. Faço isso para não me distanciar dos amigos. Não estou vendo presencialmente meus pais, por exemplo, e notei que eles estavam muito deprimidos. Então peguei esse hábito de fazer essas ligações por vídeo. A gente faz até matar a saudade dos gatos. Como meu pai teve que se internar e eu trabalho com profissionais de saúde, eu não quis visitá-lo. As videochamadas ajudam a matar essa saudade”, conta.

Sem barreiras

Existem barreiras com as videochamadas? Para o professor Eduardo Gonçalves, de 31 anos, dá pra fazer quase tudo virtualmente. Separado da noiva, que está em outra cidade, ele conta que faz até sessões de cinema on-line. “A gente se conecta, coloca o filme na mesma hora e assiste e comenta juntos. Ela também gosta de fazer isso com o BBB20 com as amigas. Dia de paredão já sei que não posso ligar”, brinca.

Ao mesmo tempo que essas videochamadas substituem o contato em meio à pandemia, existe a impressão de que a lógica territorial muda, já que o limite de contato físico com amigos que moram longe é o mesmo para quem mora perto.

“Ambos estão inacessíveis fisicamente. E as videochamadas permitem ‘entrar’ na casa de todo mundo, ver os animais, ver o que o outro tá comendo, bebendo, coisas que sempre foram meio tônicas das redes sociais, mas numa dinâmica mais instantânea, sem filtro e edição, na conversa ali cotidiana”, comenta o arquiteto Andre Vilela. Ao lado da esposa, eles estão em quarentena e fizeram até lives enquanto se distraiam com jogos de tabuleiro.

Mas, além de colocar o papo em dia e matar a saudade, as videochamadas também ajudam a recriar eventos que, antes da pandemia, só faziam sentido presencialmente. Como festas de aniversário. A esposa de Vilela, Dáfini Lisboa, decidiu marcar o aniversário de 18 anos da irmã num app de videochamadas, no próximo sábado.

“Eu vou ensinar drinks pros convidados. Minha esposa que inventou isso e antes que eu pudesse considerar, a irmã dela já tinha falado que achou legal”, brinca o arquiteto.

Psicólogos também atendem on-line

As consultas presenciais com psicólogos também ficaram escassas e ganharam vez em aplicativos de videochamadas. A medida é amparada pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) em casos específicos, como no cenários como o atual.

Foi a solução encontrada pela estudante de direito Rebeca Almeida, de 23 anos. Acostumada às sessões presenciais, a jovem aderiu à modalidade on-line para não interromper a análise. “Mantive meus atendimentos no mesmo horário. Eu vou para meu quarto, posiciono o celular e espero a ligação de vídeo. Nós conversamos, exponho as questões normalmente. Como se estivesse no consultório”, destaca.

Seguir com atendimentos on-line, a propósito, é recomendado como mediação dos efeitos do isolamento e da quarentena, principalmente por quem mora só e enfrenta esse período com zero contato social.

“Os atendimentos são feitos através de canais como Skype, ou até mesmo através de chamadas de vídeo no Whatsapp. Assim como você faz com amigos, você pode fazer uma consulta psicológica online no conforto de sua casa e recebendo um atendimento que, com certeza, vai fazer muito bem”, pontua a mestre em psicologia clínica pela PUC-SP Marina Franco.