Ser mãe é uma tarefa difícil. Muitas viram mães por acaso. Mas outras tantas se tornam mães por vontade. Afinal, ter um filho é passar conhecimentos, trejeitos e criar uma nova vida pra próxima geração. Quando biologicamente isso não é possível, adotar é uma opção. Neste domingo (10) , falamos com 4 mães que adotaram seus filhos e como a maternidade é representada por elas.

Mãe é mãe, independentemente se é de sangue ou de coração. A diferença é que as mães adotivas ainda passam por situações constrangedoras e precisam enfrentar questões como: Você não pensa em ter um filho seu? Você não consegue engravidar? Eles já sabem que são adotados? Por que você não escolheu uma criança parecida com você?

Nascidos do coração depois de meses de cursos de cursos preparatórios, conversamos com 4 mães adotivas que tem como base o sentimento primordial dessa figura familiar: o amor incondicional.

Presente de Deus

Mães por escolha: elas optaram pela adoção para realizar o sonho da maternidade
(Reprodução, Arquivo Pessoal)

A assistente financeiro Ilisandra Queiroz e o esposo tomaram a decisão pela adoção depois de 8 anos de infertilidade. Os dois sofreram uma perda no primeiro ano de tentativa e depois foram 7 anos de frustração, tratamentos e acompanhamento médico sem sucesso.

O grande desejo de se tornar mãe e levou à decisão conjunta de que filho não importa se foi gerado no corpo ou não. Depois de 3 anos para serem habilitados, entraram na fila de adoção e não demoraram 2 meses para que o fórum ligasse informando que o filho, Pedro, havia nascido.

O casal foi ao recebê-lo e no primeiro olhar tiveram certeza de que era o filho deles. Ele tinha 4 dias de vida e, segundo Ilisandra foi a maior alegria da sua vida. A mãe tinha colocado no coração que seria um menino, mas imaginava que seria uma criança de 6 meses ou mais, não um recém-nascido.

Mães por escolha: elas optaram pela adoção para realizar o sonho da maternidade
(Reprodução, Arquivo Pessoal)

“Deus ouviu o desejo meu e do meu esposo que sonhávamos sair do hospital com um bebê recém nascido e foi exatamente assim. Saí da maternidade com ele nos meus braços como sonhava e foi maravilhoso. Ser mãe do Pedro é maravilhoso. Me sinto realizada e o amor vai crescendo a cada dia. Ele é tão nosso que eu não consigo definir que ele não nasceu de mim porque ele nasceu pra mim. Sou muito agradecida a Deus, a minha família e ao meu esposo que me abraçou nessa causa. Ser mãe é a sensação mais intensa que alguém pode sentir, é amar tanto alguém mais do que a si mesmo!”, conta Ilisandra.

“Trigêmeos” de primeira viagem

Mães por escolha: elas optaram pela adoção para realizar o sonho da maternidade
(Reprodução, Arquivo Pessoal)

A assistente de atividades educacionais Soeli Hoffman sempre quis ser mãe, independente de qual seria a forma. Por meios naturais eram impossível, então pesaram na adoção. Foram à cidade vizinha já que onde moram, -MS, não havia fórum, mesmo assim não tiveram sucesso ao tentar se informar.

Em um dia qualquer, o fórum estava atendendo na Câmara Municipal da cidade e o esposo, Sidney, motorista do transporte escolar, ficou sabendo. Soeli foi se informar por Deus, descobriu que iria ter o curso Preparatório para Adoção. Fizeram o curso no fim do ano de 2018 e depois daquele dia em diante relata que se sentia mais mãe a cada dia.

“Fizemos ensaio fotográfico, eu comia o que sentia vontade, literalmente fiz tudo que uma grávida faz. Afinal, eu estava gestante, meu coração crescia e sentia que a qualquer momento a “bolsa” iria se romper”, conta Soeli.

Mães por escolha: elas optaram pela adoção para realizar o sonho da maternidade
(Reprodução, Arquivo Pessoal)

No final de julho de 2019 começou a sentir as “contrações” e em 07 de agosto de 2019 nasceram os “trigêmeos” de idades diferentes: Jhonatan, primogênito com 13 anos, Alex, o filho do meio com 12 e Gabrielly, a caçula de 2 aninhos.

Soeli conta que o dia foi o mais feliz da sua vida e o mais “louco” também. Em frações de segundos estava com os dois filhos e a minha filha. Tinha se preparado a vida toda pra ser mãe, mas naquele instante ficou em êxtase.O motivo da adoção é porque eu sempre quis ser mãe e esta foi a forma de Deus a fazer mãe, conta.

“Acredito que a única diferença de ser mãe adotiva seja o fato que algumas terem normal, outras cesárea e eu tive por adoção (risos), mas na questão do sentimento não implica em nada” ressalta Soeli.

Em relação ao que tiveram dos outros por adotarem, relembra que sempre tem pessoas falando que: “não vai dar certo”, “isso é loucura”, “porque não “encontramos” alguém da nossa cor?” “porque três?”, “para que achar sarna pra se coçar”, “que o filho adotivo pode matar os pais” e diz que isso são loucuras e que a demonstração de carinho é bem maior que isso.

Mães por escolha: elas optaram pela adoção para realizar o sonho da maternidade
(Reprodução, Arquivo Pessoal)

“O que às vezes é chato é que tem pessoas sem um pingo de noção e ficam fazendo perguntas besta do tipo: O que aconteceu com a mãe deles? E eu respondo logo de cara: Está aqui na tua frente, falando com você, eu SOU a mãe deles”, relembra.

A pequena cidade de Paranhos “inteira” ficou sabendo da adoção, e fizeram chá de bebê para a família. Ganharam roupas, dinheiro, muito apoio, carinho e amor.

Foi maravilhoso. Já estava feliz com meus filhos, daí a minha família, meus amigos, minha igreja e minha cidade nos fizeram com que nos sentíssemos mais amados, acalentados. “SER MÃE é maravilhoso, SER MÃE é amar, cuidar é se doar. SER MÃE é Divino. Tem uma frase que eu gosto muito que diz: Adoção não é caridade. Adoção é maternidade e paternidade. E é isso que nós vivemos. Este será meu primeiro Dia das Mães com eles e não quero desgrudar deles nenhum momento. Infelizmente, ao mesmo tempo será meu primeiro Dia das Mães sem a minha, mas agradeço a ela por ter me ensinado a valor de ser Mãe. É literalmente sentir o coração bater fora do peito, sem esmorecer nenhum segundo sequer”, finaliza Soeli.

“Não me vejo diferente de outras mães”

Mães por escolha: elas optaram pela adoção para realizar o sonho da maternidade
(Reprodução, Arquivo Pessoal)

A funcionária pública Priscila Medina Rios Fávero, mãe do Cauã e do Arthur, adotou os dois quando um tinha 2 anos e 3 meses e o outro tinha 6 meses. Pensava em adotar antes mas no futuro. Tentou engravidar mas sem sucesso e optou pela adoção.

“Pra mim não existe ser mãe adotiva, não me vejo diferente de outras mães. Às vezes até esqueço que eles vieram por adoção. Certa vez uma médica me questionou se meu filho era meu parente e eu respondi que sim, que era meu filho. Depois entendi que ela queria saber se a adoção tinha ocorrido na família.

Priscila conta que o processo de adoção foi muito rápido. Foram 8 meses para se habilitarem à adoção e após um mês o telefone tocou. E foi a melhor ligação que eu já recebeu até hoje, diz.

“Ser mãe é gratificante, é sentir o verdadeiro amor. E se doar, é viver pelos filhos. É receber um abraço do filho e ele ter o.poder de curar a dor e o stresse do dia. É claro que também tem os momentos difíceis, mas os bons momentos superam. Me sinto realizada com a maternidade”, afirma.

Sorte no amor

A agente de patrimônio E.M.S., que preferiu não se identificar, também não conseguiu ter filhos biológicos apesar de diversas tentativas. Por decidiu adotar a filha S., com 2 anos. A mãe já não se vê sem a filha e a diz que a adoção mudou sua vida com um amor maior do mundo.

Preconceitos por ser mãe adotiva, já sofreu muito. Um dia ouviu de uma costureira que a filha teve sorte de ser adotada e responde que quem teve sorte foi ela, que convive com uma filha maravilhosa e que chegou só para somar. Apesar disso a família e o marido aceitaram também.

Ser mãe significa mudar de vida, dar todo meu coração e meu amor para ela. Ensinar ela a viver e amar, aproveitar cada momento com minha filha, é um amor incondicional. É muito difícil de explicar algo tão grande.