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Comportamento

Técnica de enfermagem faz peças em crochê para pagar cirurgia nas pernas

A técnica de enfermagem Marta Ilene, que depois de uma cirurgia no fêmur que a impossibilitou de trabalhar, começou a vender peças de crochê para complementar a renda e conseguir fundos para uma próxima cirurgia.
Arquivo -

Nem sempre estamos prontos para as adversidades da vida. Principalmente quando se trata da saúde e os problemas que podem aparecer de uma hora para outra. E para contornar a situação, qualquer medida é válida.

“O trabalho dignifica o homem”. A fala é da técnica de enfermagem Marta Ilene, que depois de uma cirurgia no fêmur que a impossibilitou de trabalhar, começou a vender peças de crochê para complementar a renda e conseguir fundos para uma próxima cirurgia.

Nascida em , segunda cidade mais populosa de MS, cresceu em no interior de estado onde estudou em escola pública. De família humilde, estudou sozinha e retornou a Dourados se tornando técnica em Enfermagem em 1995. Financiou curso superior de Bacharel em Fisioterapia com ajuda do FIES.

Em 2010 passou como técnica de Enfermagem na Universidade Federal da Grande Dourados. Sete anos depois, em 20 de novembro de 2017, teve que se afastar do trabalho após um cirurgia complicada no Fêmur esquerdo decorrente de um problema que se agravou desde a infância, e que a impediu de andar por 6 meses.

Dores da infância

“Comecei a ter quedas ‘do nada’, além de muita dor. Estava tudo estabilizado, mas com esse problema da cirurgia, fiquei devendo porque precisei de alguém pra cuidar de mim”, contou Marta em entrevista ao Jornal Midiamax.

O problema, chamado de Geno Valgo de Joelho Acentuado, trazia dificuldades de locomoção. Os joelhos são voltados para dentro, deixando as pernas com o formato de um “x”. Durante a infância, o geno valgo e o geno varo normalmente não causam sintomas, como dor. Contudo, na idade adulta, um desvio muito acentuado pode provocar desgaste da articulação e causar dor.

Para realizar a cirurgia de correção, trabalhou e economizou por 4 anos, conseguiu um plano de saúde e esperou sair da carência para dar cobertura nas hastes, placas e parafusos, que foram de titânio e platina.

Também fez empréstimo e chegou a penhorar jóias deixadas pela avó. Quando teve problemas com a dor quase perdeu a casa financiada em processo para reintegração de posse por atraso nas parcelas, já que no período sua mãe ficou um ano acamada após quebrar o fêmur, necessitando de uma cuidadora paga.
Nesse período parou seu tratamento, só recomeçando em 2016, quando a mãe faleceu.

Em Janeiro do ano passado, Marta teve que se submeter a uma nova cirurgia de 7 horas de duração para corrigir um parafuso que não foi fixado, e que teve que ser trocado, correndo o risco de não andar mais. “O parafuso foi trocado por outro que é rosqueado e fixado com cimento ósseo. Deu tudo certo graças a Deus que é bondoso e a eficiência de meu médico que teve coragem de fazer esse procedimento que durou quase 7 horas de trabalho”, ressaltou.

A fé no futuro

Técnica de enfermagem faz peças em crochê para pagar cirurgia nas pernas
Reprodução/Facebook

Apesar das várias cirurgias, hoje Marta vê que as adversidades a tornaram mais forte, o que a encorajou a corrigir um joanete no pé no ano que vem. “Meu médico disse pra descansar esse ano, e fazermos em 2020, pra limpar as drogas e anestésico pesados que usei. Sou abençoada porque tenho o privilégio e a força positiva de correr atrás dos meus sonhos”.

Por conta da deformidade, a técnica de enfermagem calça dois número a mais do que deveria, 41 ao invés de 39, e não se sente confortável ao usar sandálias. A fé a motiva a correr atrás do sonho. “Andei muito a pé, meu médico disse que pode ter agravado o problema porque usei um calçado que chama “Conga” na infância. E quando estudava ia a pé do café Brasil da Marcelino Pires até a Unigran. Por isso desgastou o osso, e fez luxação da articulação do joelho, potencializando a dor e piorando tudo. Mas depois do tratamento cirúrgico vou usar calçado 39, se Deus quiser”, relembrou.

Pontos necessários

Para obter uma renda extra e continuar com o plano de saúde, Marta Ilene começou a vender produtos feitos de crochê. A artesã faz blusas, camisas, saias, cachecóis, jogos de banheiro, cozinha, boinhas, ponchos, capas de almofadas e sousplat para de mesas de padrões variados. Além de anunciar em seu perfil no Facebook, Marta também recebe encomendas pelo Whatsapp no número 67 9611-7855.

Todos produtos são feitos com materiais comprados a preço de custo com uma loja que sabe de sua luta. Tudo sempre feito com boa vontade e animação. “Sou bem positiva e amo viajar. Um dia quando tudo estiver resolvido vou adotar uma criança. Não tive o privilégio de ser mãe, mas sou uma boa tia e modéstia a parte, uma boa amiga! Nunca pedi nada a ninguém, somente quero vender os meus trabalhos, porque o trabalho dignifica o homem”, finalizou.

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