Ícone da 14 de Julho com a Av. Afonso Pena, Paulo do Radinho está de volta!
Após longos meses de obras, vias interditadas, polêmicas, enfim será inaugurada a “nova 14 de Julho”. Muito mais bonita, agradável, iluminada, tá tudo muito legal, mas péra, tá faltando coisa aí… O cruzamento entre a 14 de julho com a Av. Afonso Pena havia perdido um pouco do brilho, da alegria, do entusiasmo de um […]
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Após longos meses de obras, vias interditadas, polêmicas, enfim será inaugurada a “nova 14 de Julho”. Muito mais bonita, agradável, iluminada, tá tudo muito legal, mas péra, tá faltando coisa aí…
O cruzamento entre a 14 de julho com a Av. Afonso Pena havia perdido um pouco do brilho, da alegria, do entusiasmo de um personagem icônico que transformava aquele ponto em um verdadeiro palco a céu aberto, que dançava, cantava e animava a todos. Com um lenço na cabeça, óculos estiloso e coreografias marcantes, por onde anda Paulo do Radinho?!
Os mais atentos repararam que o muso do Centro da cidade não estava mais dando as caras por lá. Lendas urbanas contavam que ele tinha “morrido atropelado”, estava nas últimas, só coisa ruim… Ledo engano, minha gente, Paulo do Radinho está mais vivo do que nunca e, depois de dois anos, ele voltou a dançar naquele espaço que já é sua marca registrada há mais de 20 anos.
“Vocês não sabem o prazer que é estar de volta”
Mesmo após muitas especulações sobre seu “desaparecimento”, Paulo do Radinho não se esconde. Ele apenas deu um tempo no personagem e nas coreografias em público (em casa, jamais parou). Como “Paulo César da Silva Baptista”, seu nome de registro, ele continuou frequentando os mesmos lugares: a “14”, o mercadão municipal, a Calógeras… Mas por conta do luto, pela perda de sua mãe, ele se resguardou.
_Paulinho, por onde você andou por esses dois anos?
_Estava em Campo Grande mesmo. Minha mãe faleceu, fiquei um tempo lá em Jardim e aí eu me recolhi no luto, né? Sou filho de português, português tem o costume de se recolher. Me resguardei por um ano, aí no outro, eu só li, fui ao cinema, cuidei do meu apartamento, namorei bastante, não dava atenção pra namoro, era só dança, dança, dança… e aí eu tive tempo de cuidar da minha vida particular.
_As pessoas não te cobram a voltar a dançar no Centro?
Com o teu chamado, eu resolvi, falei bom… O pessoal já tava me enchendo o saco mesmo “volta, volta, você sumiu”. Teve uma dona me encontrou no mercadão que chorou, ela achou que eu tinha morrido. Atropelado ainda!!! Diz que foi radinho pra um lado, cabeça pra outro, diz que foram achar a perna lá na Barão do Rio Branco (rindo alto). Falei “bah mas que acidente”!
Daí pretendo voltar, pra falar que eu tô vivo e retomar o compromisso que eu fiz com a dança que não pode acabar, né.
_Quando foi que você começou a dançar?
_Comecei em julho de 1997. Foi por causa de uma desilusão amorosa, não queria separar, apaixonado pela mulher, chorei, aquela coisa toda. Aquela noite, estava aqui no centro da cidade e aí um menino pediu pra eu dançar pra ele. Dancei e nunca mais parei.
_Como o Radinho apareceu na sua vida?
_O radinho era da minha filha, ela me deu pra me fazer companhia em casa. Como eu estava sozinho, ela achava que se eu ouvisse música eu ia ficar feliz. Ela acertou, porque música só me traz felicidade e a dança também.
“A minha homenagem é o amor que eu recebo, o tchau que me dão, o sorriso das crianças”.
_O que sentiu hoje quando voltou a dançar?
_Nossa, a hora que eu pisei na 14 e o pessoal começou a buzinar e dar tchau, veio um sentimento de alegria. Gente, isso é tudo que eu preciso, é tudo que eu quero!! O pessoal é afetuoso demais, adoro!
_Então você vai voltar de uma vez por todas?
_Preciso! Eu quero voltar! (enfático) E, pelo menos, já inaugurei a 14 antes do prefeito, porque ele não me procurou, não me chamou pra nada, ignorou meus 23 anos de dança.
_Mas você sugeriu?
_Não, não sugeri. Até pedi pra primeira dama pra me dar um emprego aqui na 14. Eu ia ficar dançando pra animar os trabalhadores, essa Afonso Pena toda! Mas num chamou nada… até parece que eu ia cobrar um cachê milionário!
_Já pensou se você virasse uma estátua por aqui?
_Teve uma época que o filho de uma autoridade, que é amigo meu, queria colocar uma estátua minha aqui, mas não deixei. Eu tô vivo, pra que que eu quero estátua?! Pra pombo c*gar na minha cabeça, na minha cara? (rindo alto) Eu não! A minha homenagem é o amor que eu recebo, o tchau que me dão, o sorriso das crianças.
_O que sente quando você liga o Radinho?
Revigorado. É só ligar o rádio, colocar no ombro que você vai sentir o que eu sinto. Você brinca com a vida.
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