Você sabe o que é um relacionamento abusivo? Estar em um relacionamento abusivo não quer dizer, necessariamente, apanhar do parceiro/parceira. Muitas vezes, a violência toma outras formas, como a violência psicológica, sexual e financeira. Esses pequenos sinais, que se não percebidos podem evoluir para algo mais grave, são muito mais sutis que a agressão física e, por isso, mais difíceis de identificar.

Segundo o psicólogo Rodrigo Batista Torraca, o real problema são os excessos. Manter um relacionamento saudável já é algo que gera desafios, uma relação tóxica pode te trazer muitas dores de cabeça e em caso mais graves, danos emocionais e até físicos.

“Uma relação tóxica contamina sua autoestima, sua felicidade e a maneira que você enxerga a si mesmo e ao mundo. No entanto, quem está dentro de um relacionamento assim, muitas vezes, não consegue se distanciar e perceber esses problemas e às vezes até percebe, mas acaba dando a velha desculpa de que ‘isso vai melhorar’”, afirma o psicólogo.

A melhor maneira de perceber que se está em um relacionamento abusivo é se atentar aos pequenos detalhes no comportamento do companheiro durante o dia a dia. “Geralmente os abusos se iniciam de forma sutil, diminuição da privacidade, distanciamento do círculo de amizades, veto ao uso de certas roupas, ciúmes aumenta gradativamente, uso de palavras e termos que rebaixam a vítima até chegar a agressão física”, ressalta Rodrigo.

É importante saber que a violência pode acontecer em qualquer relação, hétero ou homossexual. Trata-se de uma questão de poder. Neste texto vamos falar sobre alguns destes sinais e como saber se você está em um relacionamento abusivo, supera-lo ou sair dele.

6 sinais de que você pode estar em um relacionamento abusivo:

1.Ciúmes excessivo

Com a justificava de “amar demais” o ciúme deixa de ser normal e vira justificativa para o controle. É normal que uma pessoa sinta medo de perder aquela que ama. Mas quando isso passa a virar argumento para controlar a tomada de decisão do outro, agressões e ofensas, é excessivo.

O afastamento de outras pessoas baseado no ciúmes excessivo também deve ser observado. As justificativas para o discurso podem ser muitas, desde más influências a não querer que ande mais com algum conhecido por paranoia e controle.

2.Controle emocional e financeiro

“Porque eu te amo demais” ou “é para o seu bem” são frases comumente usadas pelo abusador para controlar a outra pessoa. O controle acontece quando ele começa a decidir o que a outra pessoa pode ou não fazer. Que roupas vestir, onde pode ir, ou quais atividades fazer.

Além do controle emocional, o controle financeiro também é algo a se ponderado na hora de avaliar o seu relacionamento. É comum nas relações abusivas que uma das pessoas controle todo o dinheiro do casal e, por isso, passe a controlar também as atividades da outra. Dentro de um relacionamento, a forma como o dinheiro vai ser usado deveria ser decidida em acordo para que ninguém seja submisso.

3.Invasão de privacidade

Por mais que sejam parte de um casal, as pessoas devem ter privacidade e individualidade. Em um relacionamento abusivo, é comum que o abusador não respeite o espaço individual da outra parte. Roubar senhas, mexer no celular, ler e-mails e mensagens, instalar programas de rastreamento. Tudo isso é invasão de privacidade.

Ela pode acontecer em segredo, sem que o outro saiba, ou ser aberta, com a justificativa de que “quem ama não tem nada a esconder”. Mas não permitir que o outro tenha um espaço só seu, na verdade, é demonstração de falta de confiança.

4.Exigir relação sexual 

O dentro de relacionamentos não é raro. Se o sexo é forçado, é estupro. E isso nem sempre acontece de forma explícita: não respeitar a vontade da outra pessoa, chantagear ou fazer ameaças para ter uma relação também são formas de abuso.

5.Ameaças

Quando a relação abusiva já está avançada, ameaças se tornam mais frequentes. Elas podem ser dos mais diferentes tipos: tirar o dinheiro, sumir com os filhos, agressões e até ameaças de morte. No caso das relações abusivas, as ameaças são o principal indício de que a violência física será o próximo passo do agressor.

6.Violência física

Ela também é gradual. Começa com empurrões ou apertões e vai crescendo com o passar do tempo, para tapas e hematomas. Em casos extremos, a violência chega ao ponto do assassinato. No Brasil, o feminicídio, homicídio praticado contra a mulher em decorrência do fato de ela ser mulher, teve 200 casos registrados apenas em 2019 até o mês março. Em Mato Grosso do Sul, até o início de junho foram registrados 16 mortes por feminicídio segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

O que fazer?

Há diversas saídas para aqueles que estão em um relacionamento abusivo. Se você se identificou com os sinais, procure ajuda! Seja de amigos, ou de um profissional. Em casos graves, a principal delas é a denuncia. Ligue para o 180, a Central de Atendimento à Mulher, que funciona todos os dias da semana, 24 horas por dia, ou procure uma Delegacia da Mulher. Em Campo Grande, a Deam fica localizada na R. Brasília, s/n – Jardim Ima e atende pelo telefone (67) 4042-1324 ou (67) 2020-1300.