Mellany Monteze começou a carreira ao lado da mãe e depois de um hiato de 6 anos sem se montar, hoje sobe os degraus de um sonho. A representante de Mato Grosso do Sul, de 25 anos, participa no dia 18 de agosto do Brasil Gay 2018. Ao lado de outras 26 participantes, Mellany acredita que seus 1,78m de altura, 72kg e beleza carismática trarão a conquista inédita do concurso beleza de nível nacional para o Estado.

No ano passado, a drag queen ficou em primeiro lugar no Miss Mato Grosso do Sul Gay 2017. Agora, o desejo é a conquista nacional, para mostrar que a perseverança é um dos principais caminhos do reconhecimento. Entre os anos que participou de concursos, nem sempre venceu. Mas nem por isso, deixou de tentar.

Base de boa qualidade

Mellany no dia a dia é Yuri Diogo. Um homem gay cis (se identifica com o sexo do nascimento) de 25 anos, Yuri se assumiu aos 13 anos. “Sempre soube que era diferente, mas não tinha conhecimento do mundo gay. Até que um dia, no Carnaval com minha mãe, vimos um grupo GLS. Vi que eles pareciam comigo, tínhamos os mesmo trejeitos. Então falei para minha mãe: ‘sou gay' e ela me respondeu que me aceitava independentemente de quem eu fosse, ou como fosse. O apoio dela sempre me deu forças para continuar”.

Yuri, que trabalha como cabeleireiro, conta que foi junto com a mãe que descobriu a cena drag, aos 16 anos. Os dois foram a boate Bistrô, uma das pioneiras em trazer o tema a uma casa noturna e que abriu espaço para as balas que existem hoje. E lá nasceu Mellany.

“Estávamos na balada quando houve um blackout. As luzes se apagaram e uma drag queen começou a se apresentar. Brenda Black, uma das minhas inspirações. Nunca tinha visto e me encantei. Comecei a me montar e fazer amigos que também eram drags, inclusive a minha drag mom (drag que é ‘mãe' de outras por ensinar e cuidar da ‘filhas') Nathaly Joyce me ajudou muito”.

“Depois comecei a ganhar meu espaço e fazer shows no Bistrô e cheguei a ficar em 2º lugar no Drag Star, concurso que elege a drag queen mais completa de Mato Grosso do Sul. Para mim, ser drag queen, e principalmente miss, está além da beleza. Tem que ser uma artista, tem que ser completa”, relembrou.

A arte da transformação ???

Posted by Mellany Monteze on Thursday, August 24, 2017

Um Salto Alto

A trajetória de Mellany mostra como é primordial a perseverança no ramo. Campeã do Drag Star em 2010 na categoria “melhor bate-cabelo”, só foi retornar ao mundo da transformação em 2016. O hiato de 6 anos ocorreu por causa de um relacionamento que a censurava.

Apesar do tempo, o talento continuou o mesmo. Venceu uma competição em 2016 em Corumbá e, no mesmo ano, participou do Miss Gay MS ficando em terceiro lugar. Depois do bronze, buscou se reinventar para conquistar o ouro.

“Procurei meus erros, fiz amizades que me deram dicas e percebi como é necessário esse apoio. Nada na vida a gente conquista sozinho. E tentei novamente em 2017, desta vez representado Sidrolândia e conquistei o título”, ressaltou.

Hoje é um bom dia para começar novos desafios.Onde você quer chegar?Ir alto.Sonhe alto,queira o melhor do…

Posted by Mellany Monteze on Thursday, July 5, 2018

Miss Brasil

Com a vitória, Mellany ganhou a vaga, entre outras 26 participantes, para o Miss Brasil Gay, que acontece em Juiz de Fora, Minas Gerais. A miss representará o Mato Grosso do Sul no concurso que acontece no dia 18 de agosto.

A preparação é grande para a competição nacional. As participantes não podem tomar hormônios, colocar próteses ou fazer cirurgias de embelezamento. Além do gasto financeiro alto, dietas e físico, Mellany ressalta que há muito mais em jogo fora a beleza das participantes.

“A beleza não é a única coisa. A elegância, simpatia, passarela, delicadeza, carinho e amor são primordiais. Estar no mundo da beleza na minha profissão me trouxe inspiração para me montar. Transformava as mulheres, então pensei em me transformar”, afirmou.

Na 38ª edição do concurso, Mellany espera trazer o título de Miss Brasil para o Mato Grosso so Sul pela primeira vez. Para isso, irá basear-se nos ipês, símbolos da natureza do estado, para embasar os trajes típicos e de gala com muito brilho e até três tons das flores.

Depois de estudar as vencedoras desde a primeira edição, Mellany se diz otimista sobre o concurso. “A maioria das vencedoras participaram mais de uma vez do concurso. Dessa vez todas, exceto uma que participou ano passado, são novatas. Então acho que minhas chances são maiores”.