Chove ou não chove? Faz calor ou frio? E o tempo seco, quando melhora? Estas são as perguntas básicas que alimentam qualquer conversa de elevador ou fila de banco. As respostas cabem aos meteorologistas, que diariamente fornecem dados e relatórios.

Porém, é muito comum que  informações relatadas como “possibilidades” sejam interpretados como confirmadas. Assim, a frustração da população é coisa certa, ainda mais quando se padece em uma seca de mais de dois meses.

Neste inverno, a simples sinalização de que um “chuvisco” poderia cair sobre o Estado há alguns dias causou frustração quando, de fato, a precipitação acabou não ocorrendo. A frente fria prevista até chegou, mas não com os efeitos que as pessoas esperavam. Nos comentários das redes sociais, acabou sobrando para os cientistas que fazem as previsões.

O meteorologista Natálio Abrão, o “seu Natálio”, da Uniderp, é frequentemente consultado pelo Jornal Midiamax. Entre as rotinas dele, que tem 71 anos, sendo 47 como meteorologista, está diariamente enviar previsões para a imprensa sul-mato-grossense. Segundo Natálio, erros não são comuns.

O que pode ocorrer é uma interpretação diferente dos dados, seja por parte dos leitores, ou até mesmo dos jornalistas que recebem os relatórios. “Nós falamos sempre que esta frente fria que está avançando é fraca e com pouca mudança. E é normal no inverno do Mato Grosso do Sul. Inclusive, ela já está atuando no sul do Estado. As chances de chuvas são pequenas e pode até nem chover. Mas, nem por isso, o fenômeno deixará de ser frente fria”, explica o meteorologista, que falou com a reportagem.

Segundo Natálio, errar a previsão do tempo deixou de ser uma possibilidade à medida que os recursos tecnológicos foram sendo desenvolvidos e empregados nas medições meteorológicas, o que ocorreu a partir de 1992.

“Atualmente, 25 anos depois, não se considera a previsão do tempo como algo que é passível de errar. Acertar é obrigatório com a tecnologia atual. Somos também responsáveis pelo prejuízo ou perdas que o empresário investe. Então, errar a previsão não é opção”, explica.

O meteorologista Daniel Pigozzo Silva, que faz previsões independentes para Campo Grande, concorda que evolução tecnológica trouxe mais dados e maior porcentagem de acerto para as previsões, mas destaca que não é possível fazer previsões com 100% de acerto. “A natureza é um sistema caótico, tem muitas variáveis – temperatura, umidade do ar, quantidade de radiação que chega e quantidade de radiação que é emitida. A nossa previsão é feita a partir do estado atual da atmosfera, como tem muitas variáveis, é impossível chegar a 100% de acerto”, afirma.

Enquanto isso, vale destacar que chuva – para valer, mesmo – somente lá para setembro, como todo ano acontece. Isso porque, de acordo com os meteorologistas, a quantidade de chuva é limitada pela falta de disponibilidade de vapor de água na atmosfera da região. O que dá para esperar é um pequeno alívio na umidade do ar, já que a nebulosidade aumenta sobre o Estado.

Algumas curiosidades

Nesta manhã, Natálio enviou ao Jornal Midiamax algumas curiosidades específicas sobre o município de Paranaíba, localizado a 411 km de Campo Grande, na região leste do Estado. Confira:

Paranaíba em julho de 2018

  • 72 dias sem chuva – a última ocorreu em 19 de maio, com apenas 01,6 mm.
  • A temperatura máxima foi de 34° C, no dia 29 de julho.
  • A mínima foi de 7,7° C, no dia 12 de julho.
  • A amplitude térmica mensal foi de 26,3° C.
  • A umidade relativa do ar mínima alcançou o índice de 17% no dia 28.
  • Já a máxima foi de 86%, no dia 12 do mesmo mês.
  • A velocidade máxima dos ventos foi registrada no dia 12 julho com, com 43,2 km/h
  • A chuva não deve aparecer até na cidade pelo menos o dia 4 de agosto. E se aparecer, será de forma isolada, fraca, sem muito volume.