A universalização da internet serviu para aproximar as pessoas e quilômetros de distância deixam de ser empecilho quando a questão é matar as saudades através das redes sociais e Whatsapp. Há quem prefira, entretanto, usar os bons e velhos papéis e caneta como forma de demonstrar amor.

Uma das grandes dificuldades de quem escolheu outro Estado para viver é saber lidar com a falta física de familiares e amigos. Por circunstâncias da vida e correria do dia-a-dia a antiga forma de comunicação – as cartas – acabaram ficando para trás.

Ainda que haja a nostalgia de receber um bilhete diretamente pelo Correios, o pulsar do coração ao abrir a carta e o sentimento de aproximação com a assinatura do remetente, o gesto de enviar correspondências acabou ficando mais raro nos dias atuais.

Com a chegada do Natal, a maioria das pessoas quer comemorar o nascimento de Jesus com os entes queridos, mas, devido aos mais diversos compromissos, nem sempre é possível. Entre as idas e vindas na Rodoviária de Campo Grande, passageiros aproveitam a oportunidade para enviar abraços em forma de cartão.

No saguão principal do Terminal Rodoviário, voluntários vestem a carapuça de Papai Noel e auxiliam usuários de ônibus que possuem palavras de amor para alguém. Em uma mesa com dezenas de cartões de Natal, qualquer pessoa pode ir até o local, escrever felicitações e enviar gratuitamente para qualquer lugar do mundo.

Maicon Caitano de Aguiar virou pai recentemente, mas não vai passar o Natal ao lado da pequena Cecília, de apenas 10 dias de vida. O morador de Nova Alvorada embarcou rumo à Curitiba, na última semana, e pretende voltar somente no final de Janeiro.

O coração apertado, neste momento importante da vida, fez com que ele lembrasse da recém-nascida ao passar pelo guichê de cartões. O Líder de Operações decidiu tirar alguns minutos antes de seguir viagem com o objetivo de registrar o amor pela filha e garantiu, no pedaço de papel, amar incondicional a pequena até o fim de seus dias.

“Ela vai receber o cartão, mas agora ela não entende. Eu quero que ela guarde para sempre, assim quando ela ficar maior vai saber que eu viajei e pensei nela o tempo todo. Mesmo longe estarei perto.”

Em tempos de tecnologia, cartão de Natal vira prova de amor

Se uns estão descendo o mapa do país, há quem esteja subindo. Este é o caso de Milene Maia Moura que saiu de Florianópolis e desembarcou em Campo Grande na última semana para visitar a sogra.

A jovem, de 29 anos, deixou sua casa na Capital catarinense a fim de se aproximar da família do marido nas festas de final de ano. Milene conta que vai passar uns dias na casa da sogra, mas logo viaja para o Pará onde deve matar as saudades da mãe.

Neste meio tempo, ela decidiu enviar o cartão para a família paraense anunciando sua chegada. É uma forma, segundo Milene, de sair do automático ao simbolizar o amor.

“Não podemos perder a sensibilidade, é um gesto que vai ficar para o resto da vida porque ela vai guardar o cartão, isso é muito lindo.”

As histórias de vida de quem gostaria de estar com alguém no dia 25 de dezembro são compartilhadas com Pâmela Mendes, a responsável pelo guichê no local.

“São histórias lindas de pessoas de todas as idades. Hoje veio um senhor enviar uma carta para o Maranhão onde tem parentes que não vê há mais de 20 anos.”

A ação gratuita de envio de cartões segue até dia 21 deste mês, de segunda e sexta-feira, das 14 às 18h e, aos sábados, das 13h às 16h.