“Eu pensava que ia morrer de velha e não ia conhecer o mar”, disse a viúva Anair Silva Yule, de 85 anos. Mas o destino arrumou um jeito de provar que a vida ainda tinha espaço para a realização de um sonho.

Depois de uma vida de "peleja", aos 82 anos dona Anair conheceu o mar
Dona Anair mostra a foto com a neta na praia de Santos. | Foto: Minamar Junior

Foi o convite de um primo, que há muito tempo não via, e uma brincadeira que concretizaram a viagem. “Eu falei que não ia, mas, um dia, conversando com a minha neta embaixo do pé de manga do quintal ela disse ‘vamos passear'. E ela foi, procurou e achou passagens baratas”, conta.

O primo é morador de Campinas, no estado de São Paulo, e a praia escolhida para o batismo no mar foi em Santos. “Eu fiquei assustada, ficava com a água aqui”, disse ela apontando para o tornozelo. “Não entrava, vinham as ondas e a gente ficava morrendo de medo”, contou sobre a neta, que também viu o mar pela primeira vez na mesma oportunidade.

Foram 8 dias na casa de um sobrinho sem tomar banho de mar. Apesar do medo, ela adorou a experiência. “Graças a Deus conheci o mar. É muito bonito, gostei! Dá saudade, ele convidou pra ir outra vez, mas estou meio doente. Eu gostaria de ir de novo, mas ainda não”, explica.

Também foi a primeira vez que dona Anair voou. “Pensava que não ia andar de avião. Na volta deu pane na hora de sair, ficamos assustadas. O avião ia subindo e desceu. Vieram até mecânicos.”

“Pelejava mesmo”

Dona Anair nasceu e cresceu em . “Fui criada na represa do Desbarrancado (córrego que passa pela região do Parque dos Poderes e Parque das Nações Indígenas). Papai viveu 16 anos lá”, relata.

Depois de uma vida de "peleja", aos 82 anos dona Anair conheceu o mar
Quando jovem e depois de casada, dona Anair costurava para “ajudar com um dinheirinho”. | Foto: Minamar Junior

Com 7 irmãs e 1 irmão, dona Anair costurava e bordava para ajudar com “um dinheirinho” tanto quando “morava com papai e mamãe”, como depois de casada.

“Casei e tive 4 filhos homens. Meu velho faleceu em 2011, José Vierci Yule era o nome dele. Foi uma pessoa maravilhosa, um marido bom.”

Depois de uma vida de "peleja", aos 82 anos dona Anair conheceu o marDas viagens que realizou em sua vida, eram sempre por perto, como para Sidrolândia, para a casa de um cunhado. “Não tinha dinheiro. Eu pelejava mesmo”, descreve o passado. “Era isso a vida. Vida corrida, cozinhando, fazendo serviço da casa. Foi toda vida assim.”

Atualmente seu passatempo é fazer crochê e, enquanto espera a melhora de sua saúde para uma outra grande aventura, dona Anair continua fazendo passeios próximos, para o feriado vai visitar uma neta que mora em Três Lagoas.


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