De segunda a sexta, faça frio ou calor, a escada do banco é ocupada por uma senhora que vende panos de prato. Na esquina da Avenida Afonso Pena com a rua Rio Grande do Sul, no de , ela passa as manhãs durante a semana tentando engrossar o rendimento de  pensionista com o que traz de casa.

Ela é mais uma personagem no cenário urbano e corriqueiro da Capital, uma figura quase invisível entre tantas pessoas que atravessam o cruzamento ou que passam pelos degraus onde ela fica todos os dias e que passou a ser o seu ponto de trabalho.

Depois de três derrames, Cleuza vende panos de prato em escada de banco
Foto: Marcos Ermínio

Mas a permanência e o tipo incomum a fizeram notória. Com um carrinho de feira e uma sombrinha, ela ocupa o espaço e aborda quem passa por lá. “Me ajuda? Compra um pano de prato para me ajudar?”

Na pressa, algumas pessoas passam sem nem sequer olhar e mal prestam atenção no que a senhora diz. Outras fazem questão de ver os panos bordados ou pintados e quem não compra na hora, deixa a promessa de voltar depois e levar.

E foi exatamente estas cenas repetidas diariamente que despertou o interesse da reportagem do MidiaMAIS. Na linha tênue entre a curiosidade sobre a história de vida desta mulher e a motivação em mostrar as figuras escondidas no cotidiano de Campo Grande, resolvemos nos juntar a ela nos degraus do banco e simplesmente dar ouvidos a quem a sociedade pouco para para escutar.

Depois de três derrames

Aos 71 anos, Cleuza Chagas conta que já sofreu três derrames e há dois meses conseguiu sair da cadeira de rodas. Ela afirma que a evolução no quadro de saúde foi graças aos remédios que passou a tomar. O problema é que o tratamento lhe custa R$ 900, praticamente o mesmo valor da pensão que recebe todo mês.

Depois de três derrames, Cleuza vende panos de prato em escada de banco
Foto: Marcos Ermínio

Na dificuldade financeira, ela buscou alternativas para reforçar a renda e encontrou nos panos de prato um bom aliado para ganhar dinheiro. Cleuza conta que aprendeu a bordar e pintar em um curso que fez em um projeto social e levou as técnicas para os panos que vende.

A rotina dela é sempre a mesma. De manhã, vai para a rua fazer as vendas, ao meio-dia busca o neto de 6 anos na creche e à noite se dedica ao artesanato. Mas como sozinha não dá conta de fazer uma produção em grande escala, Cleuza também tem panos de prato comuns, que ela compra e revende.

No rosto, as rugas perdem destaque para o brilho do sorriso que ela solta junto a cada palavra. A simpatia e a gentileza também são características marcantes desta senhora. É fácil se aproximar de Cleuza e ficar ouvindo as muitas histórias que ela conta com tanta doçura.

E na correria do Centro da Capital, dona Cleuza é mais uma brasileira que levanta todas as manhãs para tentar ganhar o pão de cada dia.

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