Aos 94 anos, ex-combatente da Segunda Guerra foi história viva para estudantes
Com lucidez e bom-humor o ex-combatente Agostinho Gonçalves da Mota, de 94 anos, relatou suas lembranças como membro da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Na tarde desta quinta-feira (30) ele foi a história viva para os alunos dos 9º anos da Escola Municipal Antonio José Paniago, que fica no Jardim Itamaracá. Aos 19 […]
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Com lucidez e bom-humor o ex-combatente Agostinho Gonçalves da Mota, de 94 anos, relatou suas lembranças como membro da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Na tarde desta quinta-feira (30) ele foi a história viva para os alunos dos 9º anos da Escola Municipal Antonio José Paniago, que fica no Jardim Itamaracá.
Aos 19 anos ele desembarcou em Nápoles, na Itália. “Era um cenário de destruição e de miséria”, descreve ele. No porto, logo na chegada, ele citou os navios afundados. Em terra, as construções em ruína e os italianos que não tinham o que comer.
A este respeito ele diz que a maior lição aprendida na guerra foi a humanidade.
“Aprendi a ser humano e como o povo brasileiro é fantástico”, define, pois os soldados dividiam as rações que recebiam com os italianos. Sempre falando com muito respeito e reverência sobre aquela época, ele se emociona e demonstra patriotismo ao falar do serviço à nação brasileira e aos atos de solidariedade.
Quando Agostinho fala, disparam as lembranças de dias de muito frio, dos bombardeios incessantes e da incerteza. “A equipe de patrulha nunca sabia o que esperar”, afirma ao descrever o estado de tensão em os soldados viviam constantemente. Outro fato marcante foi ter passado um aniversário na Itália, o de 8 de maio de 1945. “Meu presente foi o fim da guerra”, brinca ele.
Mas um ressentimento desponta quando fala do tratamento que ele e os companheiros receberam quando voltaram. “Quando chegamos, a recepção foi maravilhosa, chegamos no Rio de Janeiro, foi muito bonito, mas depois, por muito tempo, fomos tratados como nada”, relata sobre o descaso que eles e os companheiros passaram.
“A chegada foi um espetáculo, mas o que a gente viveu depois no Brasil foi pior do que a guerra”, diz Agostinho sobre a humilhação e o descaso que viveram. Os ex-combatentes que arriscaram a vida, “não tinham o respeito do país” e precisaram lutar muito para conseguir até assistência médica. Por 5 anos Agostinho deixou de ir ao quartel, pois não se sentia bem-vindo no local. Com o tempo, este cenário mudou e hoje sente mais respeito pela história e pelo serviço que os pracinhas prestaram ao Brasil.
O grupo dos 679 pracinhas do 9º Batalhão de Engenharia de Combate, do então Mato Grosso, foi a primeira unidade do Exército Brasileiro a entrar em ação na Itália. Os 6 remanescentes, entre eles Agostinho, fazem parte da ANVFEB/SR MS (Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira / Seção Regional de Mato Grosso do Sul).
Como sequela da guerra, Agostinho perdeu parte da audição, devido às explosões. Após dar baixa do Exército, trabalhou “de tudo na vida, desde engraxate a carroceiro”. Casou-se com a namorada que tinha antes de ir para a Itália e hoje tem 3 filhos e 3 netos. Mesmo com as agruras da guerra, a vontade de voltar ao solo onde batalhou para relembrar as histórias ainda permanece com ele.
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