Primeiro dia de aula da UCDB contou com recepção temática
Primeiro dia como universitário traz sempre aquele frio na espinha: além de estar em território totalmente desconhecido, os calouros colecionam medos, que vão desde os trotes violentos ao consumo obrigatório de bebida alcoólica e outros tipos de humilhação.
No entanto, quem chegou no campus da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) nesta manhã deparou-se com um cenário completamente diferente, totalmente preparado para que a primeira experiência dos adolescentes recém ingressados na vida universitária fosse a mais familiar possível. E para tanto, o segredo foi recorrer a música, comida, simpatia e… Harry Potter!
Sim, você leu certinho. Os calouros da UCDB tiveram uma festa especial com o tema que eles conhecem muito bem. E para isso, dezenas de voluntários, de alunos a professores, literalmente vestiram a camisa da saga e, fantasiados dos personagens, fizeram as boas vindas.
A estratégia foi aprovada por João Victor, 18, calouro de psicologia que nem é lá tão fã de Hayy Potter, mas gostou da iniciativa. “A gente houve falar desses trotes cheios de maldade, é algo que eu tinha medo. Mas aqui foi ao contrário, a gente foi bem recebido, houve uma troca legal”, explicou o calouro. Ele estava acompanhado de duas amigas, já veteranas, que até compararam os primeiros dias de aula.
“Ano passado foi diferente, mas não tão legal quanto este ano. Até os professores entraram na onda e se fantasiaram”, contou Maria Helena, 18, do curso de direito. “Todas as atléticas estavam perto, aqui no bloco A. O show e os food trucks ajudaram a integrar mais os calouros e veteranos”, comentou Arkemi Gomes, 18, também do curso de direito.
Parcerias atleticanas
O tema Harry Potter casou bem com as cores da maioria das atléticas, que entraram como parceiras na acolhida aos calouros. A AAAD, a atlética de Direito também conhecida como ‘Carneirão’, tem as cores da Grifinória, uma espécie de ‘clã’ de Hoghwarts, a principal escola de magia da saga.
“A gente sabe que Harry Potter é um tema que agrada todas as idades e na hora a gente já viu que as cores da atlética são muito parecidas. Então, entrar no clima foi natural”, contou Heloísa Nonato Lima, 19, estudante de Direito. “A gente recebou toda essa orientação para não fazer trote, porque isso mais afasta que aproxima os colegas no ambiente universitário. E a gente até fez uma piada disso, dizendo que o ‘Carneiro apoia o amor'”, completou Débora Correia, 19, da diretoria da atlética.
Calouro de engenharia civil, Arthur de Oliveira, 17, parecia tímido na acolhida, mas afirmou que a estratégia ajudou a ‘quebrar o gelo’. “Foi legal ver que até professor se caracterizou. Dá a sensação de que a gente está num ambiente legal, menos hostil”, disse. “Eu já conhecia alguns veteranos e sabia que a acolhida ia rolar. Achei a ideia bacana, porque os trotes costumam ser humilhantes. E quando entra bebida no meio a gente fica com medo até de violência”, completou a caloura de Direito Lara da Rosa, 18.
Até professor entrou na dança
O professor Elton Tamiozzo, do curso de Comunicação (que engloba Jornalismo e Publicidade), foi um dos docentes que caracterizou-se como personagem da saga. no caso, o grande vilão: Lorde Voldemort. “Eu até li os livros para entrar no clima, conhecer mais os personagens. Queria ter vindo como o Rubeo Hagrid, mas fui voto vencido por causa da calvície”, brincou.
Thiago Muller, também do curso de Comunicação, participou fantasiado de Severo Snape, com direito até a peruca. “Foi uma brincadeira bacana, saudável, que ajuda a entrosar quem ta chegando. É até uma proposta da universidade, de fazer com que o estudante se sinta em casa”, apontou.
Para isso, além da acolhida, a universidade levou bem a sério sua ‘política anti-trote’. A estratégia contou com a conscientização dos calouros, por meio do contato prévio com centros acadêmicos e atléticas, e até com os bares das imediações. Nesta quarta-feira (1º), a propósito, a reportagem constatou que os bares realmente ficaram de portas fechadas, devido a um acordo com os comerciantes.
A orientação quanto a proibição dos trotes já começou na matrícula, com a entrega de portaria assinada pelo Reitor, Pe. Ricardo Carlos, que apresenta as punições aos acadêmicos que fizerem trotes, que vão de suspensão de 15 dias, 30 dias até o desligamento imediato.
O evento de acolhida será repetido logo mais, à noite, para os estudantes dos cursos noturnos. “Nessa faixa de horário a gente sabe que os estudantes são mais velhos, de outra geração, mas ainda bem que Harry Potter é para todas as idades”, conclui Tamiozzo.
