Relato de um jornalista e ciclista urbano

O hábito de ir para o trabalho usando a bicicleta, para mim, já se tornou tão rotineiro quanto acordar e escovar os dentes. Então me sugeriram uma matéria pra fazer: falar sobre os perigos que um ciclista passa em Campo Grande. Tão acostumado em me autopreservar no trânsito, comecei o meu percurso com a simples ideia de me por no lugar de alguém que anda de bike pela primeira vez na cidade.

As ruas remendadas já fazem a minha “magrelinha” estremecer, alguns buracos costumeiro da visão do campo-grandense. Ao ver outro ciclista, percebo que não sou uma exceção. Continuo no meu trajeto até chegar numa ciclovia, mas antes observo alguns ciclistas que já “disputam” um espaço na rua com carros e carretas. Lembro que logo mais terei que fazer o mesmo, mas também observo a falta de sinalização no asfalto. Nenhuma ciclofaixa, aquelas pintadas de vermelho, nem sinal de pare para os veículos.

 

Continuo minha pedalada até chegar ao cruzamento que considero o mais perigoso da minha rota. Este que é o local que já aconteceram vários acidente. Recordo da motociclista que após um acidente ali, precisou amputar o pé. São cinco direções diferentes quando abre um dos semáforos, e muita das vezes, nem mesmo sendo um horário de pico, os motoristas precisam aguardar entre o vermelho e verde, até conseguirem seguir seu caminho.

 Cruzamento Av. Fabio Zahran com Av. das Bandeiras / Direita: Carros não respeitam a preferência

 

Continuo o trajeto. Passo direto num cruzamento que por duas vezes quase fui atropelado. Talvez o motivo seja a sinalização apagada ou falta dela (ciclofaixas), ou talvez seja por educação que os carros costumam não parar. Mesmo que esteja apagado no chão, ainda sim existe uma placa de parada obrigatória.

Sigo na ciclovia e encontro pedestres caminhando, e me lembro de quantas vezes tive que buzinar e desviar deles, mesmo que ali não seja lugar deles.

Chego então ao final dessa ciclovia, que termina direto num cruzamento. Apesar de haver ciclovias na cidade morena, a reclamação que escuto de ciclistas é de que alguns não se conectam.

 Ciclista furando semáforo / Direita: Buraco no meio da rua

 

Agora é hora de dividir lugar na rua com carros e motos. Vejo uma cena, infelizmente muito comum. Um ciclista passa por meio dos carros e fura o sinal, como se já não bastasse sobe montado na calçada. A bicicleta me avisa como o asfalto está remendado, mesmo sendo numa área do centro. Passo ao lado de um buraco, que de tão acostumado a vê-los, já não sei quanto tempo está lá.

Desço da minha “magrela”, continuo a pé e chego ao meu destino com sentimento de conquista.

Esse é um relato sobre todas as adversidades de percurso que um ciclista passa ao pedalar. Uns piores, outros mais suaves. É assim que diversos trabalhadores e “hobbystas” continuam a pedalar por Campo Grande.

Confira o vídeo do percurso.