‘Semana do Saco Cheio’ dá até cinco dias de descanso

Por trás do dia 11 de outubro, quando sul-mato-grossenses comemoram a criação do Estado, acontece também uma tradição de quase quatro décadas, basicamente umas ‘mini-férias’ que ‘surgem’ no meio de outubro, todo ano. Um feriadão no qual muita gente aproveita para descansar o esqueleto e, dependendo da grana, viajar. Quem é de Mato Grosso do Sul sabe bem do que a matéria está falando. Para quem é de fora e está chegando agora, parabéns: você acabou de ser apresentado à ‘Semana do Saco Cheio’.

Esse feriadão, que no resto do país às vezes combina o Dia do Professor (feriado em escolas e universidades) e de Nossa Senhora Aparecida, aqui em Mato Grosso do Sul se torna mais aproveitável por conta do dia 11. Estudantes e professores, portanto, são os mais beneficiados com quase uma semana de ‘folga’ das atividades. Mas sempre se dá um jeito de esticar um pouco o período de descanso com os ‘pontos facultativos’, que favorecem os e servidores públicos.

A reportagem deu uma volta em locais estratégicos da cidade na véspera do feriado. Na prática, muita gente já estava em pleno exercício do descanso, levando em conta que a Prefeitura de Campo Grande e governo do Estado deram folga na segunda-feira (10). Mas, as lojas no centro denunciavam que ainda tinha gente na ativa.

“Ah, hoje ainda tô trabalhando, na luta. Vou aproveitar esses dias para ficar em casa, descansar um pouco, até porque meu marido não teve folga”, conta as dona de casa Eliane Vandes, 44, que estava no Centro fazendo compras. “Mas nem se eu quisesse viajar poderia, porque está tudo muito caro, passagem ta pela hora da morte”, acrescentou.

De fato, pelos encontros da reportagem Campo grande a dentro, a grande queixa é o preço das passagens e de hospedagem. Embora muita gente que venha do interior continue com suas famílias longe da Capital, as finanças no vermelho, ou próximas disso, fizeram as pessoas priorizarem o natal para as visitas. “Não tem viagem nesse feriadão esse ano. A grana tá curta. Viajar sem dinheiro é ruim demais. Vou aproveitar e descansar em casa, mesmo, economizar. Vamos deixar pro fim do ano, quem sabe”, relata Rosemari de Oliveira Paula, 38, auxiliar de cozinha.

Na rodoviária

Rodoviária de Campo Grande estava com movimentação normal (Cleber Gellio/Midiamax)

 

Saindo do centro da cidade e indo para um dos pontos de convergência dos viajantes da cidade, a Rodoviária, encontramos um cenário bastante tranquilo. Claro, muita gente ainda estava no trabalho, mas o local em nada se assemelhava com a ‘loucura’ de datas como carnaval e véspera de natal.

A professora aposentada Maria Cristina, de 63 anos, estava com malas a postos aguardando o embarque rumo a Dourados, onde moram as filhas. Pretende passar uma semana em companhia delas. “Eu sempre viajava nessa época, porque sou professora. Estou aposentada só há seis meses, poderia ter ido antes, mas escolhi essa semana porque as meninas vão estar mais tranquilas”, afirma.

A poucos passos de Cristina, um casal vindo de Dourados aguardam o ônibus para Ribas do Rio Pardo. “Como estou de férias, peguei o feriado para que minha namorada pudesse passar uns dias comigo na fazenda”, conta o estoquista Rafael Garcia de Sousa, 21, acompanhado da namorada Amanda Machado, 17.

Também usando a rodoviária de Campo Grande apenas como ponto de conexão, estudantes do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) aguardavam o ônibus para Três Lagoas, onde moram. Eles vinham de Brasília, onde disputaram jogos universitários.

“Sem chance de viajar, vou aproveitar para descansar e colocar a matéria em dia”, conta Daniele Vieira, 17, do curso de eletrotécnica. “Vou descansar também, mas talvez vá para Araçatuba ficar na casa de uns amigos meus. Nada demais, só para não perder o costume de dar uma esticada no feriadão”, conclui Gabriel Morais, 18 anos, também do curso de eletrotécnica.