Praça Ary Coelho torna-se refúgio do no centro

 

vive uma onde de calor nos últimos dias, e já registra a primavera mais quente em quatro anos. Em Mato Grosso do Sul o mês de setembro registrou 40,4ºC, o maior resultado desde 2012, quando os termômetros cravaram 41ºC, em Porto Murtinho, região oeste do Estado. Nesta quarta-feira (19), a Capital já amanheceu anunciando a temperatura esperada: os termômetros marcavam 25 °C e a umidade relativa do ar estava em 65%.

Não é muito que dá pra ser feito quando as temperaturas sobem inesperadamente – a não ser quem pode ficar em casa, curtindo um ar condicionado -, mas é aí que a criatividade vem à tona. Alimentos e bebidas mais refrescantes, sombras, ‘invadir' a piscina dos amigos e até andar pelado em casa são alguns dos truques do campo-grandense.

Rosalina dispensou o sofá e a cama pela rede (Luiz Alberto)A babá Rosalina Souza da Silva, 58, trocou até os móveis da casa. Ao invés do sofá, ela deixou uma rede ocupar a sala, e é o local onde passa a maior parte do tempo quando o calor não dá trégua. “Eu fico na minha casa, deito na rede e ligo o ventilador. Fico na sala porque lá só bate sol de manhã, é bem mais fresco do que o sofá e a cama então durmo lá mesmo”, conta ela.

As irmãs Raniele e Michele – 23 e 26 -, buscam o refúgio das sombras na Praça Ary Coelho sempre que estão no centro. Mas não é o único truque: ‘andar escorando nas lojas que tem ar condicionado' é outro subterfúgio que revelam, aos risos. “A gente vê com os amigos que tem piscina também: ‘e aí, rola uma pisicina hoje?', contam elas.

O vendedor de açaí George Arraes, 27, afirma que, apesar do calor, o produto que comercializa não chega nem perto dos picolés e da água mineral quando as temperaturas sobem. “O pessoal compra mais água e picolé mesmo”, admite. “Já tomei três açaís hoje, a mulher tá viajando, se souber me mata”, brinca ele. Mas o truque mesmo, conforme explica, é o bom e velho tereré: o dia todo, a bebida típica do sul-mato-grossense é uma forma de manter-se mais refrescado. “Mas quem bebe mesmo tereré o dia todo é o tio ali da água”, ri.

De fato, Francisco Dias – que vende água, suco e refrigerante na Praça Ary Coelho -, não desgruda da cuia. “Tomo tereré o dia todo, busco gelo aqui na praça, porque tem que ser assim mesmo, bem gelado”, conta ele. O negócio vai bem nesses dias quentes, conforme revela: a venda de garrafinhas de água mineral chega a aumentar cerca de 40%. “Vendo, em dias normais, de 40 a 50 garrafinhas. Num dia que nem hoje sai de 60 a 70”, afirma. Francisco também muda a rotina alimentar nos dias mais quentes, ‘às vezes nem almoça, ontem mesmo nem jantou', afirma, preferindo ingerir alimentos mais leves.

 

O tereré é companheiro inseparável de Sebastião (Luiz Alberto)

 

 

Caminhando na Praça durante a tarde, o casal Milene Marcellani, 22, e Tayran Seixas, 25, contam que toda a rotina fica ‘subvertida' nos dias como esta quarta-feira. “É muito mate gelado em casa, quantos banhos der pra tomar e sair do banho sem se enxugar”. Então, os dois começam a rir e revelam: a gente só anda pelado em casa. Além de dispensar as roupas os dois também admitem: o consumo de cerveja aumenta. “Mantenha-se hidratado, tome bastante cerveja”, brinca Milene.

Até as pombas buscaram uma sombra (Luiz Alberto)O conselho de Milene parece ser seguido, ao menos, pelos hippies que andam pelo centro. Três deles andavam pela Praça com ‘copões' de cerveja.

Praça é refúgio no centro

Para quem mora perto do centro, ou mesmo quem cruza o coração da Capital para trabalhar, pegar um ônibus ou fazer compras, a Praça Ary Coelho acaba tornando-se um refúgio do calorão. É o caso do estudante Gabriel Chrominki, 17. Sentado na sombra sozinho, embaixo da copa de uma árvore, Gabriel desenhava em um caderno e contou que o local é o destino certo nos dias que faz cursinho no centro.

“Eu estudo aqui perto. Aqui é bem melhor que a minha casa. É mais refrescante aqui onde estou, procuro sempre ver se o local está vago. Carrego sempre a minha garrafinha de água pra não ficar gastando”, conta.

A Ary Coelho também é o refúgio e Lais Camila, 18, sempre que vem ao centro. “Acho que aqui é mais fresco por causa das árvores. A minha casa é muito quente, mas a varanda é mais fresca então quando não dá pra estar aqui passo a maior parte do tempo na varanda”, conta ela.

O termômetro da Fiems (Federação das indústrias de Mato Grosso do Sul) registrava 33 graus nesta tarde. Olhando o termômetro de longe, o comerciante Samuel reivindicou pra si um local privilegiado. Samuel leva uma cadeira embaixo de uma das árvores que cortam os altos da Afonso Pena. “O local que está sempre fresquinho”, nas palavras do comerciante, servem, então de mirada: ele acompanha o termômetro e não perde de vista o movimento da loja, que fica logo em frente.

 

O refúgio de Samuel (Luiz Alberto)