Curta foi filmado em distrito de Nova Andradina e tem elenco 100% de MS

A ideia inicial era apenas provar que dava para fazer cinema de qualidade em Mato Grosso do Sul e de quebra denunciar, por meio da história retratada, que a homofobia é um sério problema social no Estado, sobretudo nas cidades de interior. Mas, mesmo sendo feito com carinho, dedicação e competência, a notícia de que o curta-metragem ‘A vez de matar, a vez de morrer' foi selecionado para o principal festival de curtas do país ainda deixa a equipe por trás do filme de boca aberta.

“A gente está muito feliz com a repercussão do curta. A ideia maior era mostrar que Mato Grosso do Sul tem potencial e que a gente tem, sim, competência para fazer bons filmes. A notícia de estar no Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo foi maior que tudo isso. É emoção semelhante de quando vimos o caminhão cheio de equipamentos chegar nos locais de gravação”, revela a produtora executiva do curta, Emanueli Ribeiro, que falou com a reportagem. O curta teve direção de Giovani Barros.

Inspirada em uma história real ocorrida em Rio Verde, no Mato Grosso, ‘A Vez de Matar, a Vez de Morrer' é um curta-metragem com forte tempero western, que traz uma trágica história sobre homossexuais em uma cidade de interior, onde mesmo nos tempos atuais, as diferenças são mal vistas e mal recebidas. Com elenco 100% sul-mato-grossense, as filmagens ocorreram no distrito de Nova Casa Verde, em Nova Andradina, no ano de 2014. De captação de imagens foi uma semana, mas contando com a preparação do elenco, a equipe passou um mês na localidade.

“O resultado deixou a gente bem empolgado, porque a gente quis mostrar bem o interior do Estado, mostrar bem o cerrado. A cor está bem viva e o ator principal, o Tero Queiroz, é simplesmente a cara de Mato Grosso do Sul”, aponta a produtora. Philipe Faria e Leandro Faria também protagonizam o curta.

Faroeste Gay

'Faroeste gay' de MS é selecionado para maior festival de curtas do BrasilPor ser ainda uma temática claramente tabu, qualquer filme com plot LGBT em Mato Grosso do Sul terá um sabor especial. Não é diferente com o curta, que assume o objetivo de realmente por o dedo na ferida – no caso, a homofobia que parece estar no DNA do Estado. “A gente tem que quebrar essa barreira. Tem muito gay, travesti e prostituta que é violentado, isso aqui em . No interior do Estado é pior ainda. Queríamos mostrar uma realidade que existe, mas que é velada. E que precisa ser discutida”, revela.

Fruto de um edital de incentivo à Cultura em Mato Grosso do Sul de 2013, ‘A Vez de Matar, a Vez de Morrer' já passou por vários festivais, mas ainda é inédito em Campo Grande. “Estamos até procurando um cinema bom para exibir o curta. A gente não quer qualquer lugar, o esforço da nossa produção resultou num filme bom, que merece uma boa sala de cinema”.

O curta será exibido nos dias 25 26 e 31, durante o 27º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo.