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VÍDEO: Covid fez José Gaiteiro enterrar 8 em uma semana e hoje ele peregrina na ruas tocando por comida

Catarinense peregrina pelas ruas de Campo Grande, com o instrumento musical e a voz, em troca de trocados para se alimentar
Graziela Rezende -
José Gaiteiro (Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

O orgulho em falar do seu talento é explícito nas palavras: “Eu estou aí no teu celular, digita aí, gaiteiros de Criciúma”. Assim, conheci pelo YouTube o ‘José Gaiteiro’, tocando de Stevie Wonder a louvores na gaita. No entanto, é pessoalmente que José Carlos Romeiro, de 71 anos, falou da sua intimidade. Morando nas ruas, em Campo Grande, conta que é um catarinense legítimo e peregrina com o instrumento musical e a voz, em troca de trocados para se alimentar.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax o conheceu no último dia 10 de abril, após quase dez horas ininterruptas de trabalho, cobrindo o trágico acidente na BR-163, que resultou em seis mortes. Assim, sedentos por água bem gelada, paramos no posto Kátia Locatelli, na altura do km 412. Ao voltar para o carro, avistamos José sentado em um dos bancos. O semblante triste, porém, resistindo às intempéries, chamou a atenção.

“Eu vivo tocando a minha gaitinha. Perdi toda a família, ficou só eu e Deus nesse mundo. Perdi minha mãe, pai, irmãos, sobrinho, minha irmã, cunhada e outro sobrinho. Só duas sobrinhas minhas que escaparam. O resto morreu tudo. Eu enterrei oito em uma semana, lá em Barretos [SP], onde a gente morava na época. Mas, eu sou natural de Criciúma, lá que eu tocava com catarinenses e gaúchos”, contou ao MidiaMAIS José.

(Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Há oito anos, José disse que ainda tocava acordeon. “Desde que todo mundo morreu eu desandei tocando no mundo. A última que morreu foi a minha mãe. E eu segui, muita gente sabia da minha história. O meu instrumento musical estragou depois e eu ganhei esse que estou hoje. Antes, tinha outro que usei por oito anos, só que a gaveta passou a trancar tudo e levei para o conserto”, afirmou.

Ao mostrar o objeto, o especialista disse a ele que o orçamento ficaria em torno de R$ 2,5 mil. “Eu não podia, aí nessa oficina, em Araranguá [SC], o rapaz me disse que estava há uns dez anos tocando e isso desgastou as molas. Depois, ele disse: ‘Seu José, vai lá na prateleira e escolhe uma gaita. Eu sei da sua história, o senhor tem sofrido nesse mundo, perdeu a tua família, o senhor toca na calçada, vai lá e pega uma’. Eu fiquei muito emocionado e é o instrumento que tenho até hoje”, argumentou.

Assim, de parada em parada, de cidade em cidade, José chegou em . De todos os lugares, gosta de ficar e também fez amizades com caminhoneiros, no posto Kátia Locatelli. “Ali eu toco e, quem quiser, me dá um trocado para a marmita. Só que não está fácil ganhar cinco, dez conto não, mas, sigo peregrinando. Só Deus sabe agora o meu rumo, não tenho nenhum familiar. Mas, sempre vivi da música, fui convidado até para tocar no . Fiz uma canção para eles lá”, relembrou.

Entre os pertences que carrega consigo, José possui a caixa do instrumento musical, uma mala de , cobertas e um radinho. “Eu não queria mais viver assim, andando pra lá e pra cá. O meu sonho mesmo é ganhar um carrinho velho, para dormir dentro, deixar ele estacionado e aí fazer a minha comidinha. Me levaram tudo o que eu tinha. Já tive uns cinco celulares e não tive sorte. O último me roubaram. Quem sabe, aparece uma pessoa de bom coração para me ajudar, quem sabe aparece. Onde eu mais fico é aqui no posto”, finalizou o artista de rua.

Veja José Gaiteiro tocando para equipe do Midiamax:

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