Também localizado dentro do Parque das Nações Indígenas, o Museu Dom Bosco perdeu um pouco de destaque com a inauguração do Bioparque Pantanal, que fica bem ao lado. Contudo, mesmo fora dos holofotes, o local é uma ótima opção de lazer e fonte de conhecimento para o público, em Campo Grande.

Atualmente, o museu conta com duas exposições. A mais antiga delas trata da evolução da vida, com uma imensa coleção de invertebrados, fósseis e taxidermia. A segunda conta a história dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul.

De acordo com o diretor, Dirceu Maurício Van Lonkhuijzen, o acervo do museu, que anteriormente ficava em frente à Praça do Rádio, teve que ser reduzido quando se mudou para o novo endereço.

“Na coleção de invertebrados, só de borboletas eram mais de quatro mil, mas expostas aqui temos umas 100 no máximo. Nessa escala que a gente apresenta agora, é uma amostra muito pequena de um acervo riquíssimo”, afirma.

Mas, mesmo com uma coleção menor, o local conta com itens raros que ensinam a evolução da vida, como pedaços de animais fossilizados, rochas e minerais, e até animais empalhados – muitos deles que correm risco de extinção.

“A gente traz um pouco da evolução da vida, começando com a coleção de invertebrados, que está dividida em duas partes: malacologia (com conchas, gastrópodes bivalves) e entomologia (com insetos, borboletas). Temos também geociências com coleção de minerais, fósseis e no fundo a coleção mais famosa pelo público, que é a de taxidermia ou de animais empalhados”, explica.

Coleção de Taxidermia

A coleção mais famosa do museu é a de taxidermia, que chama atenção do público por trazer os animais empalhados de forma realista – para muitos, a única forma de ter contato com eles, por serem animais silvestres e de difícil contato com humanos.

O responsável pelo trabalho – que impressiona e até assusta os visitantes, como o caso da onça-pintada em posição de ataque – foi o taxidermista Giovani Magrin, italiano residente em Franca (SP).

“Aqui a gente selecionou animais da fauna silvestre. Temos animais empalhados aqui que entram até na lista vermelha de extinção, estão ameaçados. Está cada vez mais difícil ver uma águia harpia, por exemplo. Ou mesmo o gato morisco, que é um felino pouco conhecido. Tatu-canastra também, que não é um animal muito fácil de se ver”, explica.

Maravilhas indígenas

Na segunda exposição, o museu conta a história de povos indígenas, através de vestimentas, instrumentos musicais e objetos de uso cotidiano. Além disso, uma área é dedicada à arqueologia de Mato Grosso do Sul.

Segundo Dirceu, a arqueologia do Estado é pouco explorada nos livros didáticos. Portanto, o museu cumpre esse papel de oferecer um conhecimento mais completo para a população.

“Pouco se conhece da arqueologia do Brasil e a gente tem uma arqueologia sul-mato-grossense muito rica, mas está onde? Se não está nos museus, nos livros didáticos pouco aparecem”, explica.

Uma área reservada para as sete etnias de Mato Grosso do Sul ainda não está completa, por ser difícil de conseguir os objetos produzidos por esses povos.

“Todos esses povos indígenas têm uma cosmologia, um sentimento de pertence, uma fé e sentimento do universo muito ligado à natureza, então a terra não é uma propriedade. Na verdade, eles pertencem à terra, e não a terra pertence a eles e muitos deles já não produzem a sua cultura material e muito menos, cultura imaterial, como língua, outros saberes e ritos”, explica.

Papel educativo

Considerados por muitas pessoas uma atividade pouco atrativa, os museus possuem um papel transformador na sociedade, já que contam a história da humanidade e do planeta como um todo.  

Segundo Dirceu, no Brasil, existe um desafio de quebrar estereótipos de que os museus são depósitos de coisas velhas, pois dentro deles estão guardados os patrimônios históricos do país.

“Todos os museus possuem um papel educativo e transformador da sociedade. Existe um desafio ainda, principalmente no Brasil, de quebrar e ressignificar estereótipos historicamente construídos. As pessoas percebem o museu como um lugar que guarda coisas antigas e associam com um depósito, esquecendo de seu papel principal, que é apresentar para a população o patrimônio nacional. Esse papel comunicativo acaba ficando em segundo plano”.