As roupas e o tênis, sempre em tons de neon, já fariam do empresário João Bosco Ferreira, de 72 anos, uma figura diferenciada do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande. Só que é o bom dia dele, até para as capivaras, que o tornaram notável e motivo de chamar a equipe de reportagem. E é engraçado que, foi só chegar na portaria e perguntar de um senhor que cumprimenta a todos, que logo já obtivemos informações.

“Ele chega nesta entrada da Afonso Pena e fala de longe: ‘Bom dia guerreiro, como você está? Eu tô vivo’. E já sai caminhando na empolgação. Ele acabou de entrar aí moça, chega por volta das 7h10, dá duas voltas inteiras no Parque e vai embora. É assim todo dia. Ele realmente é diferente desta fama dos campo-grandenses, de não dar bom dia, apesar de que aqui o pessoal é bem tranquilo, cumprimentam sempre”, afirmou ao MidiaMAIS um dos funcionários do local, Gabriel Soares, de 21 anos.

(Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Já na descida, eu e a repórter fotográfica passamos a observar os frequentadores do parque. Por cerca de 15 minutos, permanecemos até olhar para trás e avistar João correndo “no trote”. Em seguida, ele dá o genuíno bom dia e explica o motivo de irradiar tanta simpatia. “A primeira é que eu adoro cumprimentar, falar um bom dia, boa tarde para todo mundo mesmo. Quero morrer com 105 anos, então, ainda tem muito chão pela frente, é um costume”, disse João.

Como mora perto do parque, a cerca de quatro quadras, diz que caminha todos os dias, de segunda a segunda. “Se eu não vir o meu pai corta a minha mesada, daí sou obrigada a vir todos os dias”, brincou, emendando que caminhar é ter qualidade de vida e todos devem praticar exercício físico.

João chamando mais um para caminhada. (Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Sobre o famoso bom dia, ignorado por poucos, João ressalta que, continuará cumprimentando. “Você dá bom dia e a pessoa não dá, tudo bem. Chega na segunda volta, eu brinco, se está querendo o cartão de crédito emprestado, daí a pessoa já passa a vir e falar oi todos os dias”, comentou.

Além das pessoas, João diz que cumprimenta as capivaras e garante que muitas o conhecem. “Elas me veem e já fazem um sinal. E venho aqui todo dia, justamente por causa disso aí, mas, como falei, é qualidade de vida. E tem que vir, isso aqui é muito importante”, ressaltou.

Sobre o estilo, brinca que é P.O. (Puro de Origem), então, precisa ter uma vestimenta diferente. “O pessoal, de vez em quando, já me vê e fala: ‘Olha lá o limão’. E eu falo que é porque sou o ‘limão-siciliano’, aquele mais caro”, comentou.

Por fim, João diz que pretende chegar a idade dos pais. “Meu pai está com 105 e, minha mãe, 95. Ele veio para mexer com exportação de café e depois retornou. Eu fiquei aqui. Tenho três meninas, três aqui e mais três lá em Minas. E o segredo do sucesso é isso, é qualidade de vida, é dar um bom dia, boa tarde, perguntar como está. O meu sempre foi assim, sem contar que levanta quatro da manhã com um pedaço de linguiça, outro de chouriço e um copo de cachaça e está melhor que os filhos”, finalizou.

Veja o depoimento do João ao MidiaMAIS: