Reginaldo Silva, de 50 anos, recorda, com muita clareza, dos momentos que a mãe pegava livros dos filhos do patrão e o ensinava, no Pantanal sul-mato-grossense. Nascido no Porto Jofre e filho de capataz, o destino foi morar no mato, até os dez anos, quando a família foi orientada a mudar para cidade, senão os cinco filhos não estudariam. Assim, Corumbá foi o destino do garoto que, esforçado, se tornou fuzileiro naval e orgulhou a todos ao participar de batalhas, missões humanitárias e operações de paz.
Neste dia (7), que homenageia a profissão, o MidiaMAIS vai explorar a vivência e o quanto contribuem para nação.
“Meu pai foi transferido de fazenda na década de 70, para região de Albuquerque. E em 1981 eu estava em Corumbá, com quase 10 anos, sem nunca ter estudado em uma escola. Fui para um colégio público lá e a minha sorte era que minha mãe me ensinou a ler e a escrever, com os cadernos e livros dos filhos do patrão. Fiz curso técnico, aprendi a profissão de mecânico, serralheiro, soldador e aí meus amigos falaram da prova para fuzileiro naval”, afirmou Reginaldo.
“Meu pai foi transferido de fazenda na década de 70, para região de Albuquerque. E em 1981 eu estava em Corumbá, com quase 10 anos, sem nunca ter estudado em uma escola. Fui para um colégio público lá e a minha sorte era que minha mãe me ensinou a ler e a escrever, com os cadernos e livros dos filhos do patrão. Fiz curso técnico, aprendi a profissão de mecânico, serralheiro, soldador e aí meus amigos falaram da prova para fuzileiro naval”, afirmou Reginaldo.
Quando passou em todos os testes, entrou para a Marinha, aos 17 anos. “Fui descobrindo a profissão, aos poucos. O fuzileiro naval faz parte de uma tropa especial, dentro da Marinha e das Forças Armadas do Brasil, em que participa de missões especiais em terra, no mar e na água. Na época do recrutamento, lembro que tinha um treinamento intenso, então, tive uma mudança muito grande. Eu não estava acostumado com aquele ritmo de exercícios, mas, aprendi tudo e inclusive sobre o comportamento e toda a doutrina militar”, argumentou.
Durante o aprendizado, Reginaldo ressaltou que a carreira faz qualquer um “entrar um garoto e sair um homem”, diante aos ensinamentos. “Minha família sentiu um orgulho danado e eu creio que um militar traz orgulho para sociedade, onde jura defendê-la com o sacrifício da própria vida. Fiquei quatro meses no recrutamento e depois me tornei soldado. Após três anos, tendo os requisitos necessários, fui fazer o curso no Rio de Janeiro para cabo. Antes, participei de operações no Pantanal e especiais”, relembrou.
Integrante do Batalhão de Operações Anfíbias, o fuzileiro diz que atuou com blindados americanos e participou de ações conjuntas com outros países, além dos cursos de aperfeiçoamento. “É um carro de transporte de tropas, em que a gente desembarca 4 km da praia em alto mar, então, eu que não saía do Pantanal, tive todo este contato com o mar. E o carro, apesar de 7 metros de comprimento e pesar toneladas, é como se fosse uma caixinha de fósforo no mar. Mas, tive muito aprendizado neste período e, em 2006, fui para a operação de paz no Haiti”, disse.
Neste período, Reginaldo diz que constatou que, em locais de guerra, as mulheres e crianças sempre são as mais afetadas. “Vi pessoalmente o quanto a fome, a violência e a corrupção impactam a vida das pessoas e deixam o povo muito pobre, sofrendo muito e isso e marcou bastante. As mulheres e crianças são incapazes de absorver este tipo de situação e todos lá vivem muito atrasados, em relação ao resto do mundo”, lamentou.
Por fim, nestes 30 anos de carreira, Reginaldo diz que fez muitos amigos e conheceu lugares incríveis, graças a profissão de fuzileiro naval. “Eu saio com o sentimento de dever cumprido e muito feliz por ter feito parte de uma tropa de elite. Tenho imensuráveis recordações que levarei pra o resto da vida. O nosso lema é Adsumus”, finalizou.
Quem é o fuzileiro naval?
Em 7 de março de 1808 desembarcaram no Brasil, juntamente com a Família Real, os fuzileiros navais, que são conhecidos por sua bravura, disciplina e capacidade operacional. São treinados para atuar em uma ampla variedade de cenários, desde combates terrestres até operações de desembarque anfíbio e patrulhamento dos rios.
Segundo a Marinha do Brasil, sua versatilidade e habilidades táticas fazem deles uma força essencial nas operações militares e de segurança nacional. Na rotina, além das responsabilidades militares, os fuzileiros navais também desempenham um papel vital em operações de ajuda humanitária, auxiliando em situações de desastres naturais e oferecendo suporte logístico e médico em áreas afetadas.
Estes militares também atuam em ações de prevenção e combate a incêndio florestal nas áreas de preservação ambiental do Brasil. Sua presença é frequentemente associada a ações de solidariedade e apoio à população civil em momentos de necessidade.
Sacrifício em prol da nação
Ao longo de sua história, o CFN (Corpo de Fuzileiros Navais) construiu uma reputação de excelência e profissionalismo, participando de diversas campanhas militares e contribuindo para a paz e estabilidade do país. Seus membros são reconhecidos por seu compromisso com o dever e pelo sacrifício pessoal em prol da nação.
Fuzileiros navais em Corumbá
No 3ºBTLOPRIB (3º Batalhão de Operações Ribeirinhas) serve o Capitão de Corveta (AFN) Messias, nascido em 17 de julho de 1973 na Santa Casa, em Corumbá. Ingressou na Escola de Recrutas de Fuzileiros Navais em 1991.
Em 1996 vai para o RJ e retorna a Ladário em 2004 já como 2º Sargento ficando na cidade até 2007. Em 2010 é aprovado no concurso para oficial e retorna agora como 2º Tenente em 2013. Permanece servindo no 3ºBTLOPRIB até hoje.
Como oficial participou da Missão ACRUX* (Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai em Frey Bentos – Uruguai) Nessa missão comandou um pelotão brasileiro/argentino, tendo, já nesta época, Fuzileiras Navais argentinas no grupo. Entre 2014 e 2015 participou da Operação São Francisco, missão real de Garantia da Lei e da Ordem na Maré, Rio de Janeiro, como comandante de pelotão.