Quando o mestrado terminou, o professor Wagner Cordeiro Chagas, de 39 anos, decidiu que era hora de realizar um antigo sonho: conhecer os 79 municípios de Mato Grosso do Sul. A aventura, compartilhada ao lado da esposa e filhas, de 8 e 4 anos, começou em dezembro de 2022 e terminou nesta semana, mais precisamente na última segunda-feira (22). O resultado de tantas viagens e “trocas” é compartilhar conhecimento, por meio de um livro sobre a história política regional.

Ao todo, foram 13 mil km percorridos em momentos de escolares das filhas, folgas e também quando encontravam substitutos no trabalho, já que ele e a esposa atuam na rede estadual de ensino, em , a 243 quilômetros de Campo Grande. “Sou historiador e sempre quis saber mais sobre a primeira eleição para governador no Estado, em 1982. A partir daí, fui percorrendo as cidades e entregando o livro nas escolas”, explicou Chagas ao MidiaMAIS.

Professor ressalta importância do conhecimento histórico em livro. (Graziela Rezende/Jornal Midiamax)
Professor ressalta importância do conhecimento histórico em livro. (Graziela Rezende/Jornal Midiamax)

Na última quarta-feira (23), o historiador passou pelas últimas cidades que faltavam: Figueirão, , Costa Rica e Paraíso das Águas. Em seguida, retornou para seu lar, em Fátima do Sul. O detalhe é que, em cada município, ele as escolas estaduais e faz doação de um livro.

Texto de historiadora fez Wagner se interessar pelo tema

“Eu fui aluno da rede estadual na minha cidade. Em 2001, achei na biblioteca um texto acadêmico da historiadora Marisa Bittar, da UFMS [Universidade Federal de Mato Grosso do Sul], uma das maiores estudiosas sobre Mato Grosso do Sul, que versava sobre a história do Estado, desde a presença dos índios. Desde então o assunto me interessou muito”, comentou o professor.

Família durante as viagens ao Estado, em janeiro de 2023. (Wagner Chagas/Arquivo Pessoal)
Família durante as viagens ao Estado, em janeiro de 2023. (Wagner Chagas/Arquivo Pessoal)

Já na de história, a qual cursou na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Wagner se envolveu ainda mais com a pesquisa, principalmente após conhecer o CDR (Centro de Documentação Regional), da Faculdade de Ciências Humanas. “É um local riquíssimo em documentos sobre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, disse.

Em 2014, ao concluir o mestrado em história, Wagner disse que defendeu a dissertação a respeito das primeiras eleições para governador deste Estado, ocorridas no dia 15 de novembro de 1982. Nesta pesquisa, fez entrevistas com três ex-governadores, além de ex-deputados estaduais e federais.

Após mestrado, professor pensou em escrever o livro

Professor em escola da Aldeia Porto Lindo, em Japorã, no mês de abril de 2023. (Wagner Chagas/Arquivo Pessoal)
Professor em escola da Aldeia Porto Lindo, em Japorã, no mês de abril de 2023. (Wagner Chagas/Arquivo Pessoal)

O professor também disse que vasculhou jornais antigos e entrou em contato com outras “fontes”. Em seguida, a partir de 2015, pensou na possibilidade de escrever o livro o qual chamaria “Uma História Política de MS (1977-2022)”.

Conforme Wagner, foram sete anos de muitas dedicação e “noites em claro” para escrever, sempre tomando muito cuidado, já que ele, como professor, necessitaria de muita análise, resultando em um livro de 312 páginas.

“A história está detalhada em capítulos, que contam a respeito dos primeiros habitantes, os índios, até a divisão do gigante Mato Grosso, no dia 11 de outubro de 1977. Em seguida, a história política é apresentada contendo relatos sobre os governos, de Harry Amorim a Reinaldo Azambuja, além de descrever momentos marcante do parlamento estadual, sem se esquecer da história da luta da várias categorias anônimas do estado, como servidores públicos, os indígenas e negros nas suas lutas por respeito e combate à discriminação”, argumentou.

Professor em Alcinópolis e Corumbá, no início deste ano. (Wagner Chagas/Arquivo Pessoal)
Professor em Alcinópolis e , no início deste ano. (Wagner Chagas/Arquivo Pessoal)

Professor já doou 350 exemplares em escolas de MS

Sobre a doação dos exemplares, ele diz que é um “sonho antigo”, ressaltando que começou a lecionar em 2009 e sempre percebeu a reclamação dos professores sobre a falta de livros atualizados, principalmente quando se falava na história do Estado.

Até o momento, ele fez doação para 350 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul.