O APE (Arquivo Público Estadual) e o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) estiveram na Unei (Unidade de Internação Provisória) Novo Caminho, em Campo Grande, para falar sobre o tereré enquanto patrimônio cultural, nessa quinta-feira (6). Na ocasião, os jovens internos também participaram de palestras sobre proteção patrimonial. A programação faz parte da Semana Nacional de Arquivos.

O diretor desta Unei, Ronaldo Viana Taveira, explica que o convite surgiu a partir da necessidade de se conhecer mais sobre patrimônio cultural, graças a um projeto que a instituição está participando. Ao todo, 90 Uneis aprendem sobre a cultura regional, sendo que o resultado do trabalho será divulgado em todo o Brasil, com adolescentes fazendo apresentações em julho.

Marleni Piereti Cavalheiro, analista de ações socioeducativas na função de pedagoga da Unei, disse que a instituição foi convidada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) a participar do terceiro encontro nacional sobre cultura para os internos. No ano anterior, por exemplo, os adolescentes participaram escrevendo cartas.

Em 2024, a equipe envolvida trabalha com desenhos e gravuras, por exemplo. “A gente faz isso através de um programa nacional, o Educa Iphan, e age de duas formas principais: recebemos escolas, universidades, grupos, pessoas das mais variadas ongs, instituições no nosso espaço, palestramos e fazemos uma visita, ou como neste caso, vamos ao local que somos convidados e apresentamos uma palestra expondo um pouco do que é protegido dentro de Mato Grosso do Sul em nível federal”, explicou José Augusto Carvalho dos Santos, técnico em história do Iphan.

O interno B.M.R., de 17 anos, disse que aprendeu muitas coisas hoje. “Aprendi que tudo bem desde lá do começo, precisa da pessoa que plantou, que colheu, a que trabalhou, da erva-mate, foi o que eu aprendi. Eu já fui em vários lugares assim. Eu gostei bastante, conversaram com a gente, falaram tudo, mostraram, provaram que eles trabalhavam, ganhavam pouco, explicaram como eles ganhavam, foi o que eu entendi. Por trás de tudo tem uma grande história, o país inteiro tem uma grande história. Quando sair eu quero trabalhar, mas eu acho que vou trabalhar em mercado, como repositor ou atendente”, afirmou.

M.D.S.F., 17 anos, disse que aprendeu sobre como a erva-mate era feita e processada. “O que ele foi falando lá foi legal, eu gostei, ele falou bem como que o povo era tratado, os escravos, tinha pessoas que era de outra classe, que tinha mais dinheiro. Eu aprendi bastante coisa, se for parar para contar, é dias e dias. Quando eu sair daqui eu pretendo trabalhar. Quando eu estava na rua eu trabalhava de pintura, estava aprendendo a pintar, passar a massa e lixar, deixando pronto para pintar, eu quero fazer a mesma coisa, eu gostei desse serviço, de pintar carros”, finalizou.