Os estudos no mundo da ciência não param e dizer que o ser humano é o único ser pensante, no planeta Terra, pode não ser mais uma verdade absoluta. Assim, examinando a consciência de outros animais, houve a descoberta de muita coisa interessante.

Por exemplo: alguns se reconhecem na frente do espelho, outros têm o que se parece com a teoria da mente (notam que a experiência do outro é diferente) e ainda dão lições de empatia, amizade e amor, algo que intriga cientistas.

E como o “amor está no ar”, com o Dia dos Namorados chegando, vamos mostrar casais em momentos íntimos, com suas “bicadinhas” e lições de chamego que os jovens e adultos podem aprender e praticar sempre.

Psitacídeos in love

(Luiz Mendes/Arquivo Pessoal)
(Luiz Mendes/Arquivo Pessoal)

“No caso dos psitacídeos, que são as araras, papagaios e periquitos, formam casais para ficar, praticamente, quase toda a vida. E aí demonstram afetividade, todo tipo de amor, não só no período reprodutivo”, afirmou ao MidiaMAIS o biólogo, fotógrafo e produtor audiovisual, Luiz Mendes, de 30 anos.

Segundo Mendes, os casais andam sempre juntos e um cuida da plumagem do outro, por exemplo. “Sempre tem uma troca de carícias, é muito fácil observá-los com estas demonstrações de afeto. Acredito que é a natureza nos mostrando a importância do cuidado um com o outro e que sirva sempre de espelhamento”, ressaltou o profissional, que possui 10 anos de experiência fotografando animais.

Namorico das formigas

(Thays Rodrigues/Arquivo Pessoal)
(Thays Rodrigues/Arquivo Pessoal)

Moradora do bairro Caiçara, na região oeste de Campo Grande, a fotógrafa e publicitária está sempre com a câmera por perto, até mesmo quando observa a natureza no quintal de casa. Neste ano, fez registros incríveis de insetos, aproveitando o momento em que o mato estava alto e ela conseguiu capturar as cenas cotidianas do mundo animal.

“No caso das formigas, fiz o disparo 35 vezes para pegar este momento do namorico delas. No caso dos besouros, a coisa estava mais nervosa, com os danadinhos ao ar livre. A sensação de capturar o amor entre os animais é linda. É necessário muita paciência e aí eu presencio ali as cores, os movimentos e a união deles. São momentos que não esqueço. Tenho ciúmes das minhas fotos e até me emociono”, argumentou.

Besouros de chamego ao ar livre

(Thays Rodrigues/Arquivo Pessoal)
(Thays Rodrigues/Arquivo Pessoal)

Sobre os besouros (família chrysomelidae), Thays fala que fez a foto em diversos ângulos. “Eu sempre fui apaixonada pela natureza, pelo cheiro do mato. E o amor pela fotografia é imenso também, então, a gente precisa ter uma visão para entender as cores, a lei da natureza, da sobrevivência, os insetos, os pássaros comendo frutas e assim por diante”, ressaltou.

Mostrando as fotos, Thays relembrou os períodos da faculdade. “Eu não sabia fotografar nada, não tinha experiência nenhuma e comecei a pedir a Deus também, porque era algo que eu queria muito. Isso tem 13 anos e eu continuo apaixonada pela minha profissão, inclusive, com a intenção de lançar um livro contando estas experiências pessoais e profissionais. Nós passamos apuros, muitas vezes, para caçar insetos, animais diferentes, e eu me emociono sempre, ainda mais nestes momentos de amor”, disse.

Casal de marreca-irerê e onça: deu match!

Casal de marreca-irerê e de onças registrados em MS (Daniel De Granville/Arquivo Pessoal)
Casal de marreca-irerê e de onças registrados em MS (Daniel De Granville/Arquivo Pessoal)

O experiente fotógrafo Daniel De Granville, de 54 anos, ressaltou que, nos 25 anos em que convive com bichos e os registra na natureza, percebe alguns comportamentos diferenciados. No entanto, não os define como carinho, por exemplo, mas sim atitudes que vão além do instinto.

“Existe uma ideia de que os animais agem puramente pelo instinto de sobrevivência, não havendo espaço para comportamentos normalmente atribuídos aos seres humanos. Coisas como carinho, compaixão, diversão. Mas algumas demonstrações de comportamento, como filhotes de uma onça brincando ou estas cenas de aves se acariciando, trazem a sensação de que eles têm sim algumas atitudes que vão além dos puros instintos básicos de lutar pela vida e perpetuar sua espécie”, argumentou.

Araras, amor eterno

Araras registradas perto da Base Aérea, em Campo Grande (Vinicius Santana/Arquivo Pessoal)
Araras registradas perto da Base Aérea, em Campo Grande (Vinicius Santana/Arquivo Pessoal)

Vinicius Santana, de 45 anos, que há 20 anos registra aves silvestres, a maioria delas em Campo Grande, disse que percorre todos os cantos da cidade e acredita sim em amor no mundo animal. Ao todo, o fotógrafo tem cerca de 250 mil imagens arquivadas.

“Eu acho que, com certeza, os animais amam. Eu os vejo sempre fazendo carinho na parceira, na hora de chocar eles revezam, um fica um tempo, o outro fica o outro tempo. Você vê, isso daí mostra o quanto amam. Tem o tratamento do filhote. No caso das araras, limpam a pena dos filhotinhos, a pena das fêmeas, então, acho que é demonstração de afeto. O amor que tem um pelo outro e demonstram”, comenta Santana.

(Vinicius Santana/Arquivo Pessoal)
(Vinicius Santana/Arquivo Pessoal)

Conforme o profissional, ao contrário, quem está registrando os animais, também precisa ter muito amor e paciência. Ao todo, são 270 espécies diferentes registradas por ele. “Tudo o que se faz tem que ter amor, ainda mais quando se trata de aves. É preciso esperar o momento certo, quando ela voa e mostra toda sua beleza, a importância delas, que levam a semente no bico de um lado a outro e acabam ajudando no reflorestamento, levando frutos, então, eu vejo amor em todo este processo”, finalizou.

Afinal, existe ou não afeto no mundo animal?

Araras juntas e casal com filhotinho no meio 'atrapalhando' o momento love (Thays Rodrigues/Arquivo Pessoal)
Araras juntas e casal com filhotinho no meio ‘atrapalhando’ o momento love (Thays Rodrigues/Arquivo Pessoal)

A bióloga, doutora em ecologia e conservação, 43 anos, Camila Aoki, explica que várias pesquisas demonstram que outras espécies, que não a humana, apresentam relações de afeto entre machos e fêmeas adultos.

“Algumas dessas relações podem ser bastante duradouras e envolver um único parceiro. Há também diversos exemplos de espécies em que um macho se relaciona com várias fêmeas (como as corruíras e os pássaros-pretos), uma fêmea se relaciona com vários machos (como os cafezinhos), há espécies em que os indivíduos podem mudar de sexo (como no peixe-palhaço). Outros aspectos importantes estão ligados à territorialidade, à defesa de recursos alimentares ou ninhos e mesmo à enganação”, disse Aoki.