Mansimino é um nome que eu nunca tinha visto na vida, mas o que me impressionou de verdade é o momento em que revelou a idade: 88 anos. Nosso encontro foi inesperado, enquanto eu finalizava uma entrevista, o vendedor de doces estava manipulando o guidão de uma carretinha, enfeitada com fotos de bolos, pudins e cucas, todas feitas carinhosamente pela esposa, em Campo Grande.

Ao conversar com ele, a volta no tempo foi até o ano de 1959, quando ele pisou em Campo Grande e passou a vender os quitutes feitos pela esposa. Desde então, nunca perdeu o sotaque paraguaio e diz que vai “morrer sem perder”.

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

“Eu nasci em Caarapó e meus pais são do Paraguai. Eu não falo português direito por conta do sotaque, mas, todo mundo entende bem e eu só sei falar assim. Sempre trabalhei nas feiras, nas ruas, guiando essa carretinha. Coloca o nome da minha esposa aí, a Maria Dias Benitez, de 78 anos. É ela quem faz tudo, eu só vendo”, disse, orgulhoso da companheira.

O casal teve, ao todo, dez filhos, criados com a venda dos doces. “Eu era do tempo que não tinha televisão, minha filha. Não tinha novela. Só tinha música na vitrola”, complementou, sorridente.

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

Atualmente, diz que ele e a esposa estão com os filhos casados, porém, permanecem trabalhando, com ambos pulando cedo para fazer os pães caseiros, pudins, bolos e cucas no bairro Paulo Coelho Machado.

“Eu trabalho porque ainda tenho que trabalhar. E paraguaio não aposenta, morre trabalhando”, finalizou, dizendo que percorre um trecho diário de 10 km na região sul da cidade.

Cliente fiel há 10 anos, o motorista Pedro Paulo, de 60 anos, comentou que sempre compra os bolos de Mansimino. “Minha esposa gosta, ela acostumou, então, quando eu avisto ele já vou lá e compro. São muito bons, acompanhados de um cafezinho”, argumentou.