Os dias não têm sido fáceis para a simpática Cataria Guató. Com 74 anos, a Anciã e guardiã do conhecimento do povo Guató, teve a casa invadida duas vezes em um mês. Tentando seguir a vida, ela participou de uma feira de artesanato que acontece na Câmara de Campo Grande.

Moradora de Corumbá, Catarina conta que em fevereiro a casa onde reside foi invadida duas vezes. Na segunda, criminosos ainda incendiaram móveis da idosa.

“Na primeira vez, eu tinha saído de Corumbá para ir a uma consulta em Campo Grande. Arrombaram a porta, levaram meu colchão novinho e vários móveis. Na segunda, eu fui visitar uma amiga e, quando cheguei em casa, os bombeiros já estavam apagando as chamas”, disse.

Apesar da tristeza, Catarina não se deixa abater, mas sente receio de voltar ao imóvel, já que reside sozinha. Em Campo Grande, com ajuda de familiares, a líder indígena tenta se reerguer, mas precisa de ajuda.

“Levaram meu colchão que ainda nem tinha dormido. Depois usei um mais velhinho que foi incendiado. Queimaram o sofá, minha cama e vários outros móveis. Precisei ir para a casa de vizinhos e agora estou aqui em Campo Grande com familiares. A porta da minha residência continua com os estragos por ser arrombada”, lamentou.

Catarina é referência no artesanato indígena. Ela recebeu o título de Doutora Honoris Causa em 2022, devido ao seu trabalho em prol da preservação do Pantanal e difusão da cultura Guató.

Segundo familiares da idosa, um boletim de ocorrência foi registrado e a Funai será acionada para, junto à polícia, investigar o caso.

Para auxiliar na reconstrução da casa, a artesã criou uma campanha solidária. Doações podem ser enviadas ao Pix: (67) 99698-6764.

Anisio, professor e indígena do povo Guató, ressalta que há anos seu povo tem lutado para permanecer e preservar a região do Pantanal em Corumbá. No entanto, ainda sofrem com o preconceito contra a cultura indígena e falta de incentivo por parte do governo.

“Precisamos de apoio do poder público. Estamos aqui no Aguapé há anos fazendo um trabalho de preservação do Pantanal, mas não temos um conjunto habitacional indígena. Tem áreas aqui em Corumbá que poderiam ser destinadas à criação de casas e espaços culturais, mas isso não acontece”, lamenta.

Indígena e doutora em preservação do Pantanal

É através dos ramos secos do aguapé, planta típica do Pantanal, que Catarina cria cestas e bolsas e difunde a cultura do povo Guató a todo o Brasil.

A artesã é natural da Aldeia Uberaba, na Ilha Ínsua, a 211 km de Corumbá, berço do povo Guató, mas grande parte de sua vida foi na Barra do São Lourenço, comunidade localizada na margem do rio Paraguai, na região da Serra do Amolar.

Em 2022, a líder indígena recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul). O título foi concedido devido ao seu trabalho de fomentar a cultura indígena e por promover a preservação do Pantanal.

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