Não é de agora que os produtos térmicos da Stanley ganharam o coração dos consumidores. Nas redes sociais, basta rolar dois ou três posts no seu feed, para se deparar com um usuário ostentando um copo ou garrafa que há tempos virou um acessório de status.

E a modinha até tem uma justificativa: é que já foi comprovado ‘por A mais B' que as bebidas de fato se mantém geladas por muitas horas.

A do momento, no entanto, começou com uma trend do TikTok. Diversos usuários realizaram testes químicos nos copos da marca e com os resultados, identificaram a presença de chumbo nos produtos.

Com toda a repercussão, a empresa responsável pela fabricação dos itens térmicos da Stanley confirmou que o chumbo é sim usado no processo de fabricação, mas a marca assegura que o material químico não oferece riscos aos usuários.

Em um comunicado à imprensa norte-americana, a empresa centenária explicou que o “processo de fabricação atualmente emprega o uso de ‘pelota' padrão da indústria para selar o isolamento a vácuo na base de nossos produtos; o material de vedação inclui algum chumbo. Uma vez selada, esta área é coberta com uma camada durável de aço inoxidável, tornando-a inacessível aos consumidores”.

Assim, a empresa garante que não há qualquer possibilidade de haver chumbo na superfície dos produtos ou garrafas térmicas da marca, e que mesmo havendo o metal na composição do produto, o usuário não terá qualquer contato com o componente.

Efeitos do chumbo na saúde

Segundo o Ministério da Saúde, o chumbo é um metal tóxico cumulativo que afeta vários sistemas do corpo, sendo particularmente prejudicial para pequenas. Não há nível de exposição ao chumbo que seja conhecido como isento de efeitos nocivos. Seus impactos na saúde afetam, particularmente, os sistemas neurológico, cardiovascular, gastrointestinal e hematológico.

Crianças pequenas são as mais vulneráveis ​​porque têm exposições mais altas do que os adultos e o chumbo afeta o cérebro em desenvolvimento, resultando potencialmente em redução da capacidade intelectual.

A atualização de 2021 da OMS (Organização Mundial da Saúde) do “Impacto na saúde pública dos produtos químicos: fatores conhecidos e desconhecidos” estima que quase metade dos 2 milhões de vidas perdidas por exposição a produtos químicos conhecidos em 2019 devem-se à exposição ao chumbo.

O chumbo produz efeitos deletérios no sistema nervoso central e periférico, gerando alterações neurocomportamentais relacionadas, tais como: alterações de memória, hiperexcitabilidade, depressão, apatia, insônia, dificuldade de concentração, irritabilidade, hostilidade, fadiga, perda da libido, déficits de inteligência, ataxia, alterações na percepção visual e na coordenação visual-motora, alterações psicomotoras e neuromusculares.

O sistema renal é um dos mais sensíveis aos efeitos tóxicos do metal. Os danos variam de uma discreta disfunção, passando por elevações importantes do ácido úrico, podendo chegar a quadros graves de insuficiência renal. No sistema gastrintestinal as alterações mais citadas são: cólicas abdominais inespecíficas de intensidade variável, anorexia, náusea, vômito, constipação intestinal e diarreia.

São ainda descritos: dores em membros, impotência sexual, diminuição do número dos espermatozoides, perda auditiva, gosto metálico na boca, palpitações, vertigens e alucinações. Em mulheres, o chumbo pode causar anormalidades menstruais, abortos e partos prematuros, além de atravessar a barreira placentária e estar presente no leite materno, com potencial para causar danos irreversíveis ao e ao recém-nascido.