O outono deu as caras nesta madrugada (20) e é uma estação conhecida pelo clima ameno e queda das folhas. No entanto, enquanto atravessamos uma onda de calor, com previsão de se estender por toda semana, a temperatura alta castiga quem não tem um ar-condicionado ligado 24h ou uma piscininha em casa, por exemplo. Mas, no jeitinho brasileiro, moradores da Vila Nasser, em Campo Grande, deram um jeito de se refrescar, colocando redes na rua e assim aproveitando o vento fresco e a sombra.
“A gente fica aqui em frente até meia-noite, porque é mais arejado do que dentro de casa e aqui é um bairro bom, não é perigoso. Eu comecei a ver os vizinhos da frente fazer isso e roubei o hábito deles. A gente fica conversando pela rede, nesta sombra bem gostosa. Esta árvore foi plantada em 2014, quando mudei pra cá e agora dá a sombra e é o espaço certinho da minha rede”, afirmou ao MidiaMAIS a dona de casa Neri Fernandes Lima, de 63 anos.
Segundo Neri, quando faz sombra durante a manhã ela já coloca a rede. “Lá pela uma e pouco da tarde já tem sol, aí eu entro. Depois, lá pelas três, eu já faço o tereré e venho e, dependendo do dia, fico até meia-noite. Aí converso com os vizinhos, damos risada. Não tem como ficar dentro de casa. A varanda é pequena, o ventilador só sai mormaço, então, tem que ser na rede mesmo”, disse.
A manicure e vendedora Mônica Martins, de 36 anos, que está grávida de três meses, disse que, mesmo sentindo tontura na hora de levantar, a solução para o calorão está sendo a rede.
“O meu pai é cearense, é um hábito que ele e minha mãe trouxeram de lá. Nós moramos há 30 anos neste endereço e eu cresci vendo eles descansando na rede, só que, com a chegada das crianças e a falta de espaço, colocamos as redes aqui na rua e ficamos olhando elas brincarem. E meu pai é caprichoso, fez todo um cenário com plantas, ficou bem gostoso, tem a sombra boa também”, comentou.
O vendedor de redes, Bruno Luniere Dutra Monteiro, de 31 anos, diz que os clientes já chegam reclamando do calor e aí começa a negociação pelas redes, já que os valores vão de R$ 60 a R$ 350.
“Eu sou da Paraíba, estou aqui há 11 anos entre idas e vindas, sempre vendendo as redes que trago de lá. Campo Grande é uma cidade boa para se viver, mesmo com este calor todo, pelo menos eu acho”, comentou.
Conforme Bruno, que nunca deitou em uma cama, a rede é muito mais confortável. “Eu não troco uma rede por nada, só deito na rede. E vou mostrando para o cliente, tem daquela mais furadinha, que é mais arejada, tem vários modelos”.
E, nesta história, como diz o dito popular “quem não tem cão caça com gato” está o pedreiro Edivan dos Santos, de 50 anos. “Eu não tenho rede, sempre vejo eles na rede, mas, também dou um jeito de descansar a carcaça na hora do almoço. Assim, faço um improviso aqui e também descanso na sombra neste calorão”, finalizou.
Veja o depoimento de uma das moradoras:
Leia também:
Outono chega quente, mas frente fria promete aliviar o calorão em MS
