Bonsai vendido ‘na 14’ é única lembrança boa da Venezuela para Ricardo: ‘Precisei abandonar’

Ricardo lamenta que situação tenha ficado insustentável na Venezuela e faz duras críticas a Nicolás Maduro. Assim, recorreu ao bonsai no Brasil para sobreviver

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(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

Técnica milenar e que está na família há gerações, o bonsai foi repassado da avó para o pai e também as tias de Ricardo Rodrigo, de 33 anos. Assim, quando está “inspirado e relaxado”, faz o cultivo de plantas em pequenos vasos. No entanto, como a situação ficou insustentável na Venezuela, precisou abandonar este trabalho por lá e tomar a decisão mais difícil de sua vida: ultrapassar o limite que separa os territórios das duas nações sul-americanas e tentar nova vida no Brasil.

Agora, com uma simples mesinha e suas artes, oferece o produto no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, no coração de Campo Grande. Encantado com a cidade, diz que sempre ouviu falar que “aqui é tranquilo” e ainda sonha em trazer os “seus”, o que inclui a sua mãe, irmãs e duas filhas, de 7 e 12 anos, que ainda residem na Venezuela.

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

“Eu nasci em um vilarejo de nome Ilha Margarita, mas, cresci em Caracas. Mas já tem três anos que estou morando no Brasil e, há 8 meses, em Campo Grande. Antes, eu estava morando no Rio de Janeiro, fiquei um tempo trabalhando lá como entregador de gás, porém, achei muito perigoso. Estou com minha esposa aqui e o meu filho pequeno, de dois anos”, afirmou Ricardo ao MidiaMAIS.

‘Era comum toda a família vender bonsai na Venezuela’, diz Ricardo

Na época da viagem, Ricardo diz que chegou aqui por Pacaraima (RR), que fica na divisa entre Brasil e a Venezuela. “Logo que cheguei já fui trabalhar com outras coisas, porém, sofri um acidente e precisei colocar oito parafusos. Inclusive, estou de muleta agora e, como não consegui mais fazer o serviço braçal, voltei para o bonsai. É a única lembrança boa que tenho de lá, algo que nos deixou bem financeiramente. Houve uma época que a gente tinha muito dinheiro. Eu consegui comprar casa, carro, era comum todos nós vendermos bonsai nas praças lá, mas, daí veio a questão política e acabou com tudo”, argumentou.

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

Conforme o empreendedor, ficou “insustentável” viver na Venezuela. “Não tinha mais como morar lá. Era inacreditável, o preço das coisas mudava todos os dias. Subia dois, três reais, como se fosse aqui, por exemplo. E ninguém estava preparado para viver este aumento. Eu tive que procurar um jeito de sobreviver e não encontrei outra alternativa a não ser abandonar a Venezuela”, lamentou.

Ao chegar aqui, disse que morou na rua por uma semana, sem falar o nosso idioma. “Só que eu sempre tive força de vontade para trabalhar e tentar mudar a minha realidade. O meu pai faleceu e agora eu estou sonhando com o momento de trazer o restante da minha família. A única maneira de voltar seria se o Nicolás Maduro saísse de lá, porque ele deixou muitos em miséria, os moradores estão em uma situação insustentável”, comentou, tecendo ainda duras críticas ao político.

Bonsai: tranquilidade e equilíbrio para o ambiente

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

Sobre o bonsai, Ricardo ressalta que a árvore é cultivada em um espaço pequeno, simulando um ambiente natural e que “aparece em sua mente”.

“Quando está pronto, o bonsai traz alento ao espírito, tranquilidade e equilibra a áurea do ambiente. É um planta que dura muito tempo. Tenho algumas de oito anos lá em casa. E existe o bonsai floral, furtal e o de pinheiros. Fico até uma semana para fazer. Vou elaborando aos poucos, vendo o comportamento da planta na bandeja, se a semente muda”, argumentou.

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

Os preços, ainda de acordo com o empreendedor, variam de R$ 30 a R$ 300, dependendo do tamanho e tempo cultivado.

“É algo bem interessante de cultivar. Eu quando estou fazendo entro em um universo paralelo, imagino paisagens naturais, morros e projeto isso. E nesse calorão eu dou a dica de regar duas vezes ao dia. Fico feliz em explicar para as pessoas, oferecer o meu produto em uma cidade que está sendo recíproca comigo e com outros venezuelanos”, finalizou.

(Alicce Rodrigues/Jornal Midiamax)

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