Artesanato virou ‘terapia’ que Clarice usa para ressignificar luto pela mãe e vender cestas neste feriado
Vendedores ambulantes espalham-se pelos semáforos de Campo Grande vendendo produtos para o Dia das Mães
Thalya Godoy, Dândara Genelhú –
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Clarice Barros dos Santos, atualmente com 58 anos, usou da arte manual para superar o luto e fazer uma renda extra neste domingo de Dia das Mães (12). Ela perdeu a inspiração para se dedicar ao artesanato quando a mãe partiu, quatro anos atrás.
Nesse cenário de tristeza, o filho de Clarice teve uma ideia para incentivá-la a ressignificar a morte da matriarca. Decidiram apostar no trabalho de artesanato e preparam 250 cestas para vender nos semáforos da Capital neste feriado. Quem vê os embrulhos cheios de presentes não imagina que cada ato para a construção daquela cesta esteve envolvido por pontos de luto, memórias e superação.
Ela e outros vendedores ambulantes aproveitaram o feriado para vender produtos para o Dia das Mães para os filhos “esquecidinhos” ou que querem complementar o presente. Estão espalhados em vários semáforos de Campo Grande comercializando cestas e rosas para o feriado. Alguns começam a trabalhar bem cedinho e devem se dedicar ao trabalho até às 20h.
“Eu comecei a fazer esses artesanatos aqui quando minha mãe faleceu. No primeiro ano, eu estava muito mal, muito mal. E como eu gosto muito de artesanato, eu nem estava inspirada para nada disso. Aí o meu filho que veio com essa ideia para mim de montar cestas. Ele viu que eu não estava nada bem. Eu aceitei, comecei a montar e a gente foi pegando o jeito e deu certo, isso me ajudou bastante. A gente começou bem no ano que a minha mãe faleceu”, se recorda.
Clarice garante que prepara as cestas com carinho para que cada mulher tenha um bom dia das mães. Os dias antes do feriado são corridos e cansativos para os dois darem conta do trabalho. Não conseguem comemorar a data devido ao trabalho nas vendas, mas o alento de mãe e filho é que passam o feriado na companhia um do outro.
“Não comemoro, né? Porque eu fico o dia todo, é muito difícil. Depois que a gente termina, estamos muito cansados. Geralmente, é muito difícil de sair”, conta.
Rosas nos semáforos
Os tradicionais vendedores de rosas estão em diversos semáforos de Campo Grande, especialmente nas avenidas Afonso Pena e Duque de Caxias. Driana dos Santos, de 34 anos, sempre vende rosas em datas comemorativas, mas o Dia das Mães é que conta com melhor movimento. Ela levou 30 rosas para vender por R$ 20, nesta manhã, mas avalia que o movimento está fraco.
“Esse ano provavelmente vai dar uma caidinha porque muitas pessoas já não tem mais mãe. A rainha deles já não estão mais aqui presente para poder presentear, mas tem esposa”, ela pondera.
Driana ainda não tem filhos, então planeja passar o dia com a mãe. “Eu vou passar com a minha rainha, encher ela de beijo, de carinho e abraço porque a mãe é só uma e a minha mãe pra mim ela especificamente não é só um dia, uma data, um local, mas para mim simboliza muita coisa na minha vida”, ela elogia.
Outra que deve se dedicar ao trabalho de vender rosas é a Raissa Maria, de 17 anos, que planeja ficar no local até às 20h. Ela compra o produto pronto e está confiante que consiga vender 60 flores até o fim do dia. Cada unidade também sai por R$ 20.
Ela começou o dia com 25 rosas, mas deve pegar outras no decorrer do dia para não estragarem no sol e garantir que continuem bonitas na hora da venda. A jovem também não deve passar o dia com a mãe, mas sonha com uma grande comemoração no futuro.
“Infelizmente hoje eu não posso, mas se Deus quiser um dia a gente vai pegar e fazer uma festa lá pra todos nós”, disse sobre a programação dela com a mãe.
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