É muito mais profundo do que parece. Na televisão, nas redes sociais, no jornal impresso e na boca do povo, o que se vê e se sabe é que 62 vidas foram ceifadas e especulações não param, até o pronunciamento real da causa do acidente, neste caso o ocorrido na última sexta-feira (9). São semanas, meses, em alguns casos até anos para que isto aconteça.

Enquanto isso, famílias enlutadas precisam viver a enxurrada de vídeos, notícias, hipóteses e conviver com a tristeza de não ter mais aquela pessoa que tomava um chope, dividia os problemas e fazia parte dos seus planos. Um acidente aéreo não é só um acidente aéreo. É um fato que muda o ritmo da sociedade e altera a percepção de segurança.

“Este acidente aéreo da Voepass, assim como os outros, ‘vitima’ quem está dentro, mas, é algo que afeta não só as famílias, como todo mundo que está em volta, porque as pessoas que estavam ali tinham os amigos, saíam no final de semana, tinham uma convivência social, então, o acidente aéreo, literalmente, afeta a sociedade, muda o que gente chama de ritmo da sociedade e altera a percepção de segurança”, afirmou ao Jornal Midiamax o coronel da reserva da FAB (Força Aérea Brasileira) e piloto com mais de 30 anos de experiência na atividade de busca e salvamento, Silvio Monteiro Jr.

‘Avião ainda é o meio mais seguro’, diz especialista

Neste caso, fica ainda uma “luta” por parte da aviação civil, para continuar provando que o avião ainda é o meio mais seguro, aliás, em larga margem de comparação com outros veículos. “Ocorre que, assim como um carro, precisa ter responsabilidade para fazer a sua manutenção, o seu abastecimento correto, para andar na faixa, não cruzar o sinal vermelho, enfim, ter os cuidados necessários na operação daquele veículo”, argumentou Silvio.

Conforme o coronel da reserva, é recomendável que o passageiro questione a tripulação, caso veja algo errado. “Posso dizer que eu não sou parâmetro, porque eu durmo tranquilamente em um voo, porque eu confio realmente no sistema de aviação que temos no Brasil. Eu confio na segurança que a gente prega, mas, eu já me coloquei, mais de uma vez, perguntando se algo estava certo. Eu sou leigo, posso me colocar como leigo, falar de algo que percebi e vi algum problema, então, vejo isso como alguém que está tentando colaborar para aumentar a segurança”, disse.

Além destes temas, Silvio também comentou sobre canais da Anac e Cenipa para o usuário reportar problemas, as especulações do “parafuso chato” sobre o acidente aéreo em Vinhedo, modus operandi e informações da caixa preta que devem ser analisadas, operação policial da Ícaro em MS que se estendeu por todo o país, casos que vivenciou com sobreviventes, o trabalho científico que está fazendo envolvendo o voo da Marília Mendonça, entre outros assuntos.

Confira a entrevista completa: