VÍDEO: Sucuri alvo de fake news em MS quase matou pescador do coração ao tentar derrubar barco

Sucuri regurgitada viva por outra sucuri ficou rondando barco de pescador que filmava a cena, chegando a surpreendê-lo em uma possível tentativa de ataque

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sucuri regurgitando outra sucuri
Pescador filmou sucuri saindo viva de dentro de outra e ainda conseguiu registrar possível ataque da sobrevivente – (Fotos: Marcelo Parreira)

Viralizada e agora alvo de estudos no Butantan, a sucuri que saiu viva dentro de outra sucuri tentou derrubar o pescador que filmava a cena. As duas cobras envolvidas no ato foram vítimas de fake news em Mato Grosso do Sul, já que páginas locais afirmavam que o raro flagra da natureza havia acontecido no Estado, quando, na realidade, o momento foi registrado em Goiás.

Logo após escapar da morte ao ser devorada por uma sucuri ainda maior, a cobra menor (nem tão pequena assim) fugiu rapidamente, até em desespero, e se deslocou para a água. No meio do caminho, há alguns metros de distância, o pescador Marcelo Parreira filmava tudo, quando foi surpreendido pela serpente sobrevivente, que tentou derrubá-lo do barco.

“Vou vazar que ela está vindo do lado do barco, hein. Ela vai passar do meu ladinho aqui”, apontou ele no vídeo que repercutiu em todo o Brasil e chegou a ser associado a Mato Grosso do Sul. “Eu acho que elas estão tentando reproduzir, estão começando a enrolar uma na outra”, descreveu Marcelo.

O pescador continuou acompanhando com certa distância o movimento das cobras que, aparentemente, eram um macho e uma fêmea, até que a menor (regurgitada pela maior após ato de canibalismo) foi direto em seu barco e tentou derrubar a embarcação.

A atitude da sucuri quase fez Marcelo cair do barco e deixou o pescador com medo. “A outra aqui, meu Deus do céu. Que susto! Desgramada, quase subiu dentro do barco. Coisa de filme. A sucuri menor tentou subir no barco. Imaginem o susto”, narrou, ofegante.

Veja o momento exato em que a sucuri parte para cima de Marcelo:

Em sequência, ele desabafou e decidiu se afastar. “Só escutei um negócio batendo dentro do barco, olha aqui quem era. Quase mata eu do coração. É a bichinha que a grandona vomitou, mãe do céu. Vou desligar e vou vazar”, afirmou.

“Acho que o que eu vi hoje poucos no mundo já viram, uma sucuri regurgitando outra. E tomar um susto desses com a sucuri pequena querendo entrar no barco… Vou embora, deixa o bichinho aí no habitat dele”, encerrou.

Vídeo de sucuri regurgitando outra viva não foi gravado em MS

História de pescador? Viral em todo o Brasil, circula nas redes sociais um vídeo de uma imensa sucuri vomitando outra serpente da mesma espécie, vivinha da Silva. Com a repercussão, várias páginas na web estão afirmando que as imagens foram feitas em Mato Grosso do Sul, mas será que essa informação realmente procede?

Diante dos boatos, o Jornal Midiamax contatou o pescador responsável pelo flagrante inédito de uma sucuri regurgitando outra menor. De acordo com Marcelo Parreira, responsável pela gravação, o flagra aconteceu em Goiás e não em MS.

“Esse vídeo eu gravei no Rio Verdinho, uma represa entre as cidades de Itarumã e Caçu”, disse ele à reportagem. Desse modo, o fato do município ter um rio chamado Rio Verde pode ter provocado a confusão sobre a real localidade da filmagem, já que Mato Grosso do Sul tem uma cidade com o nome Rio Verde de Mato Grosso.

Além disso, apesar de ter viralizado nos últimos dias, Marcelo esclarece que se deparou com a cena atípica no início do mês de fevereiro. Ele postou um trecho no TikTok que, desde então, não para de ser compartilhado. Para deixar claro que é o autor do vídeo, o pescador então decidiu, só em abril, publicar o momento completo, sem cortes, em seu canal no YouTube.

Sucuri vomitando sucuri outra não é história de pescador

Acostumado a presenciar momentos preciosos da natureza, Marcelo, no entanto, ainda não consegue acreditar no que aconteceu diante de seus olhos. “Fiquei sem entender nada, apenas contemplei. Sem dúvida nenhuma é um presente de Deus e da natureza, acredito que uma cena rara de se ver”, comenta o pescador e youtuber.

As imagens são realmente impressionantes. Em fevereiro, enquanto gravava um dia simples de pescaria para seu canal, Marcelo Parreira se deparou com uma sucuri gigante vomitando uma sucuri menor, que ainda estava viva e saiu rastejando, como se nada tivesse acontecido.

“Se não filmasse, seria apenas história de pescador”, escreveu o goiano no título da gravação, prevendo que ninguém acreditaria se o vídeo não fosse a prova.

Canibalismo sexual de sucuris

Pelos tamanhos das serpentes que aparecem no vídeo, biólogos acreditam que a sucuri canibal é uma fêmea, enquanto a menor, que saiu de dentro da outra, é um macho. Além disso, ao que tudo indica, o vídeo de Marcelo pode ter registrado a prática de canibalismo sexual de sucuris.

Alvo de fascínio, curiosidade e interesse geral, sucuris também são canibais. Conforme o biólogo Daniel De Granville, conhecido por conviver com essas cobras por mais de 14 anos em Mato Grosso do Sul, este comportamento não ocorre sempre, é algo ocasional, e leva o nome de canibalismo sexual de sucuris.

O termo “canibalismo sexual”, segundo De Granville, se deve ao fato da selvageria de se alimentar da própria espécie ocorrer após o acasalamento e ser praticado, especialmente, pelas fêmeas, que matam e devoram o macho assim que a cópula termina.

Mas, por que fêmeas matam e comem os machos depois do acasalamento? A explicação é bem simples. “Durante o período de gestação (que dura entre 6 e 7 meses), as fêmeas não se alimentam, pois precisam deixar espaço em seus corpos para o desenvolvimento dos filhotes, já que elas não botam ovos. Então, após o acasalamento, a fêmea pode se alimentar de um dos machos como uma última fonte de energia antes deste longo jejum”, esclarece Daniel ao Jornal Midiamax.

Quanto ao caso do vídeo desta reportagem, não é possível afirmar, mas todas as circunstâncias apontam para um malsucedido canibalismo sexual de sucuris. No flagra viralizado, o macho teria conseguido, de alguma maneira, escapar da morte, fazendo a fêmea o regurgitar antes que fosse tarde. E ainda saiu “feliz” e “espoleta” após quase morrer devorado pela parceira.

Primeira foto de canibalismo sexual de sucuris

A primeira foto que registrou o canibalismo sexual de sucuris no mundo foi feita em Mato Grosso do Sul, no ano de 2012. Imagens capturadas pelo fotógrafo Luciano Candisani, no fundo do brejo do Rio Formoso, em Bonito, são impressionantes e foram parar até na National Geographic.

O registro fantástico mostra uma sucuri-verde estrangulando o seu parceiro após a cópula — chamada popularmente de “sexo selvagem”. Veja:

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Uma publicação compartilhada por Luciano Candisani (@lucianocandisani)

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