#tbt: Lembra do ‘verdão’? Entenda por que Campo Grande abandonou algumas linhas de ônibus
Antigos motoristas fazem questão de afirmar que os tempos do “verdão” e “vermelhão” são bem melhores que os atuais, quando se fala em atendimento e qualidade da frota
Graziela Rezende –
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A nostalgia invade tanto os antigos motoristas que é nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais que relembram o transporte coletivo de Campo Grande. Digo “relembram” porque fazem questão de afirmar que os tempos do “verdão” e “vermelhão” são bem melhores que os atuais, quando se fala da frota, não só para os passageiros como os condutores, já que os veículos seriam superiores na qualidade e eram feitos treinamentos constantes.
A linha verde chegou em 1991 e foi a primeira inovação do SIT (Sistema Integrado de Transportes). No formato “interbairros”, interligava a cidade sem passar pelo centro, indo da Bandeirantes ao Coronel Antonino, Trevo Imbirussú até a Avenida Manoel da Costa Lima, da Universidade até a Avenida Costa e Silva e da Rua Hélio Castro Maia até a Rua Planalto.
Na época, o SIT também divulgou a catraca dianteira como uma grande novidade e isto seria, gradativamente, adotado nos demais ônibus da cidade. Houve então a construção dos terminais, sistema baseado no que estava vigente em Curitiba e que dividia o transporte em quatro cores: verde (linhas interbairros; não passavam pelo Centro), vermelho (linhas troncais, passavam pelos terminais ou pelo Centro), azul (linhas alimentadores, trajeto bairro-terminal) e amarelo (linhas convencionais, que fazem trajeto centro-bairro).
Sistema de cores foi abandonado após 11 anos
Após 11 anos, alegando dificuldades em manter a organização da frota, as empresas abandonaram a cor verde e a linha interbairros passou a ser vermelha. Já em 2006, entrou em vigor um novo padrão de pintura na cidade, que era o prata com a faixa estilizada. Em seguida, a cor amarela foi abandonada e o vermelho é que passou a atender as linhas convencionais.
Somente com duas cores e o novo padrão, o Consórcio Guaicurus se manteve até a aparição da linha azul, o que chegou a ser falado na época que era uma “desobediência” para ver como o poder público reagiria, diante da dificuldade em manter o padrão quando algum veículo quebrava. Diante do sucesso, os carros azuis apareciam com frequência, porém, eram considerados “completamente inadequados para este tipo de linha”.
Sem atitude do poder público, o que se diz é que, desde 2012, não há padrão algum dos ônibus e a situação só vem piorando. As cores, na verdade, se tornaram apenas decoração, conforme apurado pelo Jornal Midiamax.
Aposentado diz que veículos tinham limite de dez anos
Motorista do “vermelhão” e do “verdão” por 13 anos, o aposentado Luiz Gonzaga Vieira, de 66 anos, relembra até o número do ônibus que dirigia: o 2037. “Foi um tempo muito bom para o transporte coletivo de Campo Grande. O pessoal era parceiro, a gente fazia cursos para melhorar a qualidade do atendimento e os carros eram bem melhores. Os de antigamente eram motor 6 cilindros e os de hoje são todos motores 4 cilindros, então, sofrem demais nas subidas”, argumentou.
Conforme o aposentado, os veículos também tinham limite de dez anos e, em contato com atuais motoristas, nos grupos de WhatsApp, existem carros circulando com mais de 20 anos.
“Acho que tudo isto acontecia porque o passageiro era prioridade. Inclusive, a gente até podia parar e pagar uma pessoa fora do ponto, caso isso não atrapalhasse o trânsito. A gente via alguém correndo, tentando embarcar e aí parava. Era um grupo muito unido”, comentou.
Filho do aposentado, o vendedor autônomo João Paulo Silva Vieira, de 39 anos, fala que “passeava” com o pai e o acompanhava no trabalho. “Ele me convidava
“Ele saía da garagem São Francisco e seguia para o Terminal General Osório, Nova Bahia e o Guaicurus. Também fazia a linha verde e passava ali pela Vila Marli, José Abraão e outros bairros. Meu pai é do tempo que deixou saudade, dos ônibus antigos, com motor traseiro e potente. Era até perigoso, porque podia acontecer de chegar muito adiantado e levar multa”, afirmou.
Assim como o pai, João Paulo diz que muita gente sente saudade desta época. “Estes grupos, na internet, inclusive foram montados por isto. O pessoal está sempre postando, relembrando os carros antigos e conversando sobre aquela época. Eles falam até do antigo uniforme. Meu pai gostava tanto que comprou até um terreno perto da São Francisco para construir e morar mais perto. Hoje, graças a Deus, ele já aposentou e mudou para uma chacrinha”, argumentou.
Passado ‘tende a ser romantizado’, mas transporte público sempre foi ruim, avalia sociólogo
O sociólogo Paulo Cabral, de 74 anos, disse que usa o transporte público há 45 anos, em Campo Grande. “Há muito tempo, três companhias operavam até a reforma feita pelo engenheiro Jurandir Nogueira”.
“Ele fez os primeiros pontos, o terminal Morenão e, até aquele momento, o transporte coletivo já era muito caro. O trânsito destes veículos estava situado na rodoviária velha, todas as linhas passavam ali e era muito caro tomar duas linhas”, relembrou.
De acordo com Paulo, neste época, ele dava aulas em uma escola e constatou que o deslocamento demorava uma hora e meia, sendo que, a pé, o mesmo trajeto demoraria cerca de 25 minutos. “Peguei na Vila Margarida fui até o Centro e depois peguei o Coophafe. Preferi voltar a pé, porque pegava um trecho do Jardim Autonomista e tinha uma fazenda ali que a gente cortava caminho, então, as coisas do passado tendem a ser romantizadas, porém, melhoraram as ligações de ônibus só que sempre foi um valor muito alto”, argumentou.
Além disso, o sociólogo fala que o passageiro ainda convive com veículos velhos. “O transporte continua ruim, caro e sem a renovação da frota. Apenas a tarifa é aumentada e aí vemos Campo Grande ser uma das cidades com o maior número de motos por habitante. Eu acho que isto deveria ser uma prioridade e os gestores deveriam ser obrigados, ao menos uma semana do ano, a andar só de ônibus para entender a realidade do que oferecem. Como não usam, fica só para o pobre sofrer com isto”, finalizou.
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