O portão preto e cheio de frestas destoa do laranja e logo aguça a curiosidade de quem passa pela Rua Marajó, no Jardim Seminário, em Campo Grande. Rodeada de construções de concreto, está a casa volante, que antes abrigava uma floricultura e ficava em um posto de gasolina. Inaugurada há pouco tempo, a área de lazer é o xodó da família “Costa Marques” e garantiu custo 300% menor do que em uma obra convencional.
Feita e pensada minuciosamente para abrigar uma senhorinha que vendia flores, o local tem uma suíte, mais um quarto e cozinha com móveis planejados, além de um deck e cobertura. No entanto, em 2022, a idosa precisou se ausentar do trabalho e o container alaranjado ficou à venda no pátio do posto. Foi aí que o marido da professora Luciane Ferreira da Costa Marques, de 47 anos, recebeu a proposta.
“Ele foi lá abastecer o carro e o dono do posto conversou com ele, perguntou se não queria comprar o container. Meu marido então chegou em casa com essa conversa e, no início, não gostei. Eu havia planejado algo totalmente diferente para o terreno. Pensei em um paisagismo, colocar uma piscina e construir um quarto grande para receber visitas. Só que, ele foi aos poucos me convencendo e fui lá conhecer a casa volante. Me apaixonei na hora”, relembrou Luciane ao MidiaMAIS.
Casa chegou em ‘caminhão gigantesco’
Em menos de um mês, de acordo com Lu, como é conhecida, o negócio foi fechado e eles então contrataram um caminhão munck para içar o container. “Nós pagamos R$ 75 mil e, caso fosse feita uma construção convencional, de uma suíte, um quarto, cozinha e área externa, gastaríamos ao menos R$ 300 mil em seis meses de construção, fazendo um acabamento legal, com porcelanato. É muito mais econômico e é um espaço perfeito. Um casal moraria tranquilamente aqui”, argumentou.
No entanto, o espaço não é moradia e sim uma área de lazer para a família e amigos. “Nós temos duas filhas, de 20 e 27 anos. Elas gostam muito de festas, de fazer bagunça com as amigas, então, este espaço é para elas. Tinha uma edícula aqui, bem feinha, que foi demolida. Colocamos a casa container no lugar, depois fizemos um espaço com churrasqueira, a cobertura que dá uma vista linda para cidade e agora só falta a piscina, que elas ficam insistindo”, comentou a professora.
‘Não deve nada para comum’, diz proprietária
Durante a semana, Lu conta que ela, o esposo e as filhas também gostam de se reunir no local. “Nós conversamos, jogamos baralho, bozó e fazemos algo para comer. O meu marido trabalha muito, até usou um quarto aqui para fazer o escritório dele, mas, eu falo que ele precisa se divertir também. E é até engraçado. Temos um terreno no interior também. Eu falo pra ele que, qualquer coisa, a gente pega o container de novo e leva embora pra lá”, falou.
Sobre o conforto, Luciane também fala que a casa “não deve nada” para uma comum. “Aqui é reforçada a estrutura e nós colocamos tudo: micro-ondas, forninho, as mesas, sofá e blindex no banheiro. A casa não é quente e nós também trouxemos aquele ar portátil. É só ligar que, em pouco tempo, gela toda a casa. As meninas até brincam falando que a primeira que casar vai morar aqui, só que eu falo que não, que é pra morar bem longe”, brincou.
Na área externa, ao lado do container, também foram construídos os banheiros feminino e masculino, além do pergolado para a churrasqueira. “Tem gente que para aqui, pergunta se estamos alugando para festas, mas, por enquanto, não estamos fazendo isso. Vamos começar, em breve, a fazer um luau com música ao vivo para os amigos mais próximos. Será um final de semana por mês”, finalizou, ressaltando o quanto a família gosta de “um fervo”.
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