A crise financeira que atinge grandes livrarias no Brasil nos últimos anos e o baixo índice de leitura apontado pelas pesquisas brasileiras são fatos desanimadores para quem pensa em investir no mercado editorial no País. Mas, apesar disso, um casal de livreiros independentes tem conseguido há um ano prosperar no ramo literário em e seguir o que chama de missão.

“Viajamos para e fizemos uma tour por livrarias, conhecemos de perto o trabalho de livreiros e livreiras e voltamos para cá decididos”, conta Bianca Resende. Ela e Felipe Mafra são donos da Hámor que, além de se manter com poucos recursos, não tem espaço fixo. Em feiras, eventos culturais, cafés ou pelo site é possível consultar e comprar um título da livraria itinerante.

Além daquela viagem, o lançamento de livros escritos pela própria Bianca contribuiu para movimentar um destino que parecia definitivo. “Na metade de 2021, eu lancei um de prosa poética. E no começo de 2022 lancei outro infanto-juvenil. Nesse processo de trabalhar de forma independente com os meus livros, eu percebi que minha vida estava tomando um rumo diferente do que imaginei, que era ser a vida toda”, ela lembra.

A livraria itinerante vai até cafés (Foto: Divulgação/Hámor Livraria)

Os sinais de que a missão se consolida veio ao longo do último ano. Bianca e Felipe comemoram ter feito laços com muita gente, formado leitores campo-grandenses e antecipado um projeto que ficaria no futuro, lançando pelo selo Hámor Edições a primeira obra: “Usamos tudo para poesia”, da autora Alessandra Coelho.

Trazer publicações diferentes

Quando caixas e mais caixas chegaram à casa do casal, eles ainda se sentiram inseguros sobre a decisão de iniciar o projeto. O que havia ali dentro eram livros de editoras que ainda não haviam chegado à Campo Grande.

Bianca e Felipe com a autora Alessandra Coelho ao centro (Foto: Divulgação/Hámor Livraria)

“Nossa escolha desde o início foi nichar a Hámor para trabalhar com editoras e publicações que ainda não estão na cidade. Por meio disso, conseguimos estabelecer um diferencial que nossos clientes reconhecem e gostam muito”, explica Bianca sobre a proposta da livraria.

E nem só de revenda o projeto se compõe. Os livreiros já participaram de movimentos do universo literário como o Quebra-torto com Letras do Festival América do Sul Pantanal, em Corumbá, e da Feira do Livro de São Paulo, em parceria com a revista Quatro Cinco Um, chamando escritoras sul-mato-grossenses para tirar uma foto histórica em frente à Morada dos Baís. Fora isso, também promovem bate-papo com escritores regionais que têm seus livros à venda entre os volumes da Hámor.

Ponto físico poderá existir

“Esse momento vai chegar”, acredita o casal sobre abrir um espaço físico para as vendas e encontros da livraria. Até então, eles não têm uma previsão.