É na padaria do tio que Marcos Fernandes Espíndola deu os primeiros passos e aprendeu tudo sobre a profissão. Aos 13 anos, já fazia pães e escutava dos clientes que seria muito bom se eles tivessem um aviso, do momento que saísse o “pão quentinho”. Tal pedido o acompanhou por anos, até que abriu a própria padaria e pensou no sinal sonoro para comunicar que a fornada acabou de sair. Você já ouviu? Sabe em qual bairro de Campo Grande isto acontece?

A equipe do MidiaMAIS sabe e foi lá conferir. São duas padarias, sendo a primeira localizada na Vila Marli e a mais recente, inaugurada há dois meses no bairro Santa Luzia. Nesta última, encontramos três cornetas, instaladas no teto, em pontos estratégicos e que fazem o som ecoar pela vizinhança. Geralmente, às 6h, o “tchhhh” e “tssss” característicos do trem a vapor, avisam e os clientes logo chegam para buscar o produto.

Marcos começou a trabalhar em padaria aos 13 anos. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

“O funcionário chega às 4h e, por volta das 6h, já chega a primeira fornada, com 200 a 250 pães. A segunda equipe chega às 5h30, preparando os salgados e depois quem vai ficar no balcão. Quando fica pronto, nós soltamos o som. É um sonho antigo meu que se realizou e agora penso que os clientes podem buscar o pão quentinho e colocar manteiga, que vai ficar derretendo”, afirmou o padeiro e empresário, hoje com 41 anos.

Segundo Marcos, desde garoto tinha uma frase que ele ouvia e ainda continua ouvindo nos horários em que o som de trem a vapor não está tocando: “Que horas sai o pão? Como seria bom se alguém nos avisasse… agora quem mora próximo já sabe do som e quem só está de passagem no bairro eu falo que temos como avisar aqui… antes seria um som igual ao sinal da escola, porém, achei que seria muito escandaloso logo cedo e aí mudei para este do trem, que tem tudo a ver com o nome da padaria”, comentou.

Doce produzido na padaria (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Para montar a padaria, Marcos disse que pediu as contas de uma fábrica da farinha, a qual ele atuou como agente de controle externo, nos últimos 15 anos.

A esposa, que trabalhava em um consultório, também deixou o emprego de muitos anos e, juntos, decidiram empreender e abrir a padaria. Em pouco tempo, o negócio cresceu e agora inauguraram a segunda unidade.

Além do pão, Marcos disse que também aprendeu a fazer diversos produtos como salgados folheados, doces e bolos. “Eu faço tudo de forma artesanal e repassei o conhecimento aos funcionários, para que mantenham este padrão, então, está tudo do jeitinho que eu queria, desde quando comecei como padeiro aos 13 anos”, argumentou.

Comerciante diz que contou para os vizinhos sobre o som da padaria. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

A comerciante Neusa Dias, de 57 anos, diz que conhece o som há bastante tempo, já que conhecia a primeira unidade da padaria, antes mesmo de inaugurar no Santa Luzia.

“Quando eles chegaram no meu bairro, eu já sabia porque ia na outra, então, quando houve a inauguração, eu já tinha avisado os vizinhos que não estavam entendendo o que é o som. Agora, estou de dieta, mas, todo mundo que quer pão está indo lá após ouvir o som do trem“, comentou.

O pastor Renan Alfonso, de 32 anos, ouviu o som pela primeira vez e diz que vai se tornar cliente. “Achei bem legal, bem criativo e o legal é que o aviso é tanto pela manhã quanto de tarde”, finalizou.

Veja o depoimento do dono da padaria: