Exagerou na bebida? Confira dicas de especialistas para prevenir e tratar a ressaca no Carnaval
Hidratação e alimentação balanceada são dicas de ouro para quem pretende beber no feriado
Thalya Godoy –
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A combinação Carnaval e bebida alcoólica nos dias de folia pode ocasionar a indesejada ressaca caso o folião não tome alguns cuidados. Medidas como intercalar água enquanto ingere o álcool, além de uma alimentação saudável dias antes, podem ajudar a prevenir a temida dor de cabeça e mal-estar.
De acordo com especialistas, não é possível apontar quais bebidas que causam as maiores ressacas, pois depende da quantidade de álcool ingerido, metabolismo e falta de hidratação.
“No entanto, é claro que consumir bebidas com maior teor alcoólico pode acelerar o processo para chegar mais rápido nos sintomas da ressaca”, afirma a nutricionista e mestre em Saúde e Desenvolvimento, Melina Ribeiro Fernandes.
Pretende beber no Carnaval? Então confira dicas para evitar a ressaca:
De acordo com a nutricionista Melina Fernandes, quem pretende pular Carnaval e quer evitar a temida ressaca precisa tomar alguns cuidados especiais na alimentação.
Uma boa estratégia é focar em uma alimentação que contribua na imunidade, como própolis, cúrcuma, alho, gengibre, limão, acerola, aveia, semente de abóbora e açaí.
“Outra dica importante é se alimentar nas principais refeições de forma equilibrada, priorizando comida de verdade, como as frutas, verduras, legumes, raízes e uma proteína de qualidade [peixe, ave, carne bovina magra, ovos]. Evitar as frituras, alimentos ultraprocessados e açucarados também deve ser considerado para manter a disposição”, ela aconselha.
Outra orientação é focar na hidratação. A mestre em saúde ensina a calcular a quantidade que precisa ser ingerida por dia, de acordo com cada perfil.
A conta é bem simples: multiplique por 35 o peso corporal. Por exemplo, uma pessoa que pesa 50 kg (35×50= 1750), deverá tomar, no mínimo, 1.750 ml de água.
Atenção na hora de tomar medicamentos
A dica de hidratação e dieta equilibrada também é compartilhada pelo mestre em ciências farmacêuticas e doutorando em biotecnologia pela UFSJ (Universidade Federal de São João del Rei), Brayan Mano. O profissional destaca que não existem medicamentos no Brasil que previnam a ressaca.
Assim, medicamentos como o famoso Engov têm o efeito esperado uma hora após a ingestão, o que não ajudaria na prevenção da ressaca, já que a consequência do excesso de álcool irá aparecer horas após sua ingestão.
Portanto, provavelmente, a ingestão desses medicamentos antes da ingestão de álcool é eficaz em impedir os dois sinais clássicos de excesso de álcool: vômito e sonolência.
“Na hora de consumir bebida alcoólica, é bom intercalá-la com água e, claro, não exagerar. O verdadeiro motivo da ressaca é causado pela desidratação, subprodutos do álcool e falta de açúcar. O álcool age como diurético, fazendo você fazer mais xixi do que deveria. A bebida é metabolizada, ou seja, transformada em subprodutos no fígado para poder ser excretada do organismo”, explica o doutorando.
Brayan Mano relembra que vários medicamentos, incluindo de uso contínuo, como antidepressivos, anticonvulsivantes e ansiolíticos, podem interagir com o álcool e ter o efeito reduzido ou aumentado.
“Vale lembrar que a fabricante do Engov, na bula, diz que o uso do medicamento é indicado para alívio dos sintomas de dores de cabeça e alergia. Ainda, é contraindicado o uso em pacientes com histórico de alcoolismo crônico, o seu uso com outras substâncias que deprimem o Sistema Nervoso Central e com bebidas alcoólicas”, ele alerta.
Outro exemplo é a combinação de álcool com dipirona que pode potencializar o efeito da dipirona e a associação com paracetamol pode aumentar o risco de hepatite medicamentosa.
“O uso de álcool e AAS [Ácido Acetilsalicílico] pode elevar o risco de sangramentos no estômago, pois o acetilsalicílico irrita a mucosa estomacal”, ele complementa.
Exagerei e tive ressaca, o que fazer?
Os foliões que exageram no consumo de álcool podem recorrer a algumas dicas para tratar a ressaca. A nutricionista Melina Fernandes recomenda recuperar a hidratação com alimentos ricos em água, vitaminas e minerais, como por exemplo: melancia, água de coco, pepino, sucos de fruta, gengibre (melhora náusea), chás e bebidas isotônicas.
Também é recomendado prezar por uma alimentação leve, nutritiva e sem excessos de sal e gorduras.
“O álcool tem um alto valor calórico, causa desidratação e é considerado uma toxina. Quantidades excessivas de álcool no organismo, agridem vários órgãos, como o estômago, ocasionando dor, náuseas e vômito”, ela explica.
Já na parte de farmácia, o tratamento é feito de forma sintomática, com medicamentos para vômito e dores, por exemplo. Alimentos ricos em açúcar também podem ajudar, pois os principais motivos da ressaca são a desidratação, toxinas no sangue e hipoglicemia.
“O engov after é muito usado para após a ingestão de álcool. Ele tem na composição glicose, cafeína e sais minerais. Desse modo, ele pode contribuir para a melhora da ressaca, pois fornece glicose e sais para reidratação”, afirma o mestre em ciências farmacêuticas, Brayan Mano.
Por que a ressaca piora com o avançar da idade?
A bebida alcoólica sobrecarrega o fígado e células hepáticas, um órgão chave para desintoxicação do organismo e emagrecimento. Com o passar do tempo, os efeitos da ressaca pioram com o avanço da idade.
“O principal motivo da ressaca ser pior com o avanço da idade é que o fígado não trabalha mais como antes. Com o avanço da idade, a taxa de metabolização vai diminuindo e certas enzimas que são responsáveis por esse trabalho estão presentes em menor quantidade. Assim, os subprodutos do álcool permanecem por mais tempo no sangue, e, consequentemente, a ressaca é pior”, explica o farmacêutico Brayan Mano.
Outros fatores que contribuem para a piora da ressaca com o avanço da idade são:
- Redução da massa muscular e consequentemente menos água, o que potencializa a desidratação;
- Sentimento de responsabilidade reduz a ingestão de álcool, o que diminui as enzimas e resistência;
- Aumento de consumo de medicamentos (que precisam do fígado para serem metabolizados e eliminados), o que sobrecarrega o órgão e reduz a eficiência da eliminação do álcool.
Kits ressacas bombam no Carnaval
Pensando no público que fica em alta no período do carnaval, uma farmácia de Campo Grande, do bairro Santa Luzia, vende o kit ressaca, com os medicamentos ideais para alívio dos sintomas.
De acordo com o gerente do estabelecimento, Marcos Vinícius de Matos, de 41 anos, o kit ressaca tem muita saída. “A gente já monta o kit completo que é pra facilitar”, conta.
“Um [medicamento] é para o fígado, outro para acidez estomacal, para ajudar na digestão. Minha chefe tem 15 e eu tenho 16 anos de farmácia, nós sempre fizemos esse kit”, diz ele.
Por ser uma mão na roda para a galera que se esbalda na folia, o conjunto tem feito o maior sucesso na farmácia. “O povo chega e pergunta ‘o que é bom pra ressaca?’. Quem comprou uma vez já pede, ‘manda um kit pra mim’, e assim vai”, explica.
Quanto ao preço acessível de R$ 7,99, ele também pontua: “não adianta cobrar mais que isso, senão o povo não compra”, garante o gerente.
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