Dia da Viúva: A saudade fica, mas o amor é suporte para recomeçar mesmo em meio ao luto
No Dia da Viúva, o MidiaMAIS compartilha duas histórias de amor que nem o tempo apaga. Lembranças são conforto para quem perdeu a pessoa amada
Jennifer Ribeiro –
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O luto é uma das maiores dores que alguém passa ao longo da vida e a saudade é o sentimento que não deixa o coração de quem viu a pessoa amada partir cedo demais. No entanto, nesse Dia das Viúvas, queremos contar a história de duas mulheres que, apesar do luto, mostram diariamente que é possível encontrar forças no amor, seguir em frente e escrever um novo capítulo da sua história.
Selma Batista de Carvalho, de 57 anos, conheceu o seu grande amor nos anos 80. Ronan se mudou para a mesma rua em que ela morava e não precisou de muito tempo para que seus olhos brilhassem pelo flamenguista jogador de terrão. Conversa vai, conversa vem, logo os dois decidiram oficializar o namoro e viver aquele sentimento que sabiam ser promissor. Na época, ela tinha 14 anos e ele 22.
Vivendo e descobrindo o primeiro amor, não demorou muito para que o casal começasse a construir a família tão desejada. Aos 18 anos Selma dava à luz a sua primeira filha, Paula. Três anos depois, nascia Renato, o filho caçula.
Os anos foram passando e apesar dos desafios na vida a dois, nada mudava. O carinho, o respeito e a certeza de querer viver a vida juntos só ia se fortalecendo dentro do coração dos dois. Romântico como era, Ronan sonhava em oficializar o relacionamento com uma linda cerimônia. Já Selma não dividia da mesma opinião. Apesar disso, eles até tentaram marcar o casório algumas vezes, no entanto, muitas situações aconteceram e fizeram com que os dois adiassem o “sim”.
Flores nas datas comemorativas era de lei, Ronan não deixava passar uma. Seu desejo em mostrar o quanto amava Selma era tão grande, que até roseira no quintal ele plantou e quando floria, presenteava sua amada com uma rosa. E mesmo juntos há anos, os dois eram sonhadores. Pescaria não podia faltar. Um bom baile pra dançar muito menos. Com a chegada das netas os dois planejavam construir uma piscina no quintal para que nos fins de semana a família toda confraternizasse.
Mas para a surpresa de todos, em 2017 veio o diagnóstico. Ronanzinho, como era chamado carinhosamente pelos amigos, estava com um câncer de próstata e precisaria começar rapidamente o tratamento. Selma conta que apesar do susto, o início foi tranquilo, todos estavam positivos com a recuperação, mas com o passar do tempo o estado de saúde de Ronan foi se agravando, chegando a uma metástase.
Porém, nem a gravidade da doença fez com que ele desistisse de viver dias felizes ao lado do amor da sua vida e sempre que podia, reforçava o desejo de casar. Ciente desse sonho, em 2018, Selma decidiu fazer uma surpresa. “Ele foi pra fazenda com meu genro, eu peguei uns ouros que eu tinha em casa, mandei desmanchar, fiz um par de aliança e marquei na Justiça Itinerante a data do casamento, pra uma terça-feira. Quando ele chegou, pedi ele em casamento. Ele aceitou e nós casamos. Nosso casamento foi na terça-feira, na Justiça Itinerante e no sábado, nossos amigos foram todos lá pra casa, cada um levou um pedaço de carne, a madrinha do nosso casamento fez um bolo enorme e foi um pastor lá e celebrou nosso casamento. Foi a coisa mais linda do mundo”, recorda Selma.
Depois de três anos lutando incansável contra o câncer, em 2020, Ronan descansou. Para Selma, ele deixou as lembranças felizes de 37 anos de muito amor, e o desejo de que acima de tudo, ela fosse feliz. “Gosto muito de festas. Sempre fomos muito ativos, alegres e ‘baileiros’. E ele sempre me dizia que se algo acontecesse com ele, não era pra eu ficar triste, que apesar de tudo nossos filhos e netas precisavam da minha alegria, que não era pra eu desanimar”, conta.
Selma sabia que precisava ser forte e viver a vida com alegria, como Ronan sempre pediu. Apesar do luto e da saudade que perpetua até hoje, ela se cercou da família e deu continuidade aos sonhos que planejava junto ao seu amor. “Meu sonho era ter uma piscina, já era um sonho antigo que tínhamos e consegui realizar. Fiz uma área gourmet e sempre que está muito calor curto a piscina com as netas. Foi uma maneira de manter a casa sempre alegre”, afirma.
“Perder alguém que se ama não é fácil. Eu continuei trabalhando, fiz uma reforma radical na casa pra não lembrar tanto, e depois de um tempo voltei a sair, com meus filhos e netas sempre me apoiando”, conta.
Selma ressignificou os lugares que iam juntos, fez novos amigos, voltou a curtir os bailes que sempre amou, começou a hidroginástica e até hoje não perde uma pescaria. Com a casa cheia e na companhia das netas, a área de lazer tão sonhada pelos dois é uma recordação de que sempre há um recomeço.
“Para as mulheres que estiverem passando pelo luto, nunca desanimem. Quando bater a saudade lembrem sempre dos momentos bons e sempre pensem que nossa vida é uma passagem e que as pessoas que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós”, finaliza.
Amor pra recomeçar
A história de Benedita Ribeiro, de 59 anos, e Timóteo Galeano começou em uma conversa durante um baile, em 1992. Os dois se conheceram, começaram a conversar e o que poderia ser apenas um simples encontro, tornou-se o começo de um grande amor.
Ambos apaixonados por pescaria e natureza, com um ano de namoro perceberam que o que eles queriam mesmo era começar uma vida juntos. Construíram uma casa e se mudaram para lá. Dita, como é conhecida, tinha três filhos de seu primeiro casamento e não demorou muito para que os netos e sobrinhos começassem a chegar. Com a casa sempre cheia e alegre, os dois viram que era isso o que eles queriam: desfrutar de uma vida juntos, felizes e cercados pela família. Com 11 anos morando juntos, em 2004, decidiram se casar.
Timóteo era gentil, generoso e um esposo atencioso. Dita lembra que ele sempre voltava para casa com um presente. Tudo o que ele via e lembrava sua esposa, ele comprava porque sabia que ela amaria. Muda de flores, relógios, cosméticos, tudo se tornava um gesto afetuoso de quem fazia questão de enfatizar o quanto se importava.
Encantado pelos netos, Timóteo era aquele avó animado que levava as crianças para pescarias, para comprar doces, andar de bicicleta e soltar pipa nos dias de vento. Junto com Dita, os dois colecionavam histórias de aventuras e o sonho de um dia poderem morar juntos em um sítio, cercado por plantas, árvores, animais e claro, um lago para continuarem as pescarias que sempre amaram.
Em 2019, esse sonho estava mais perto do que nunca de se realizar. Depois de muitos anos na tentativa de conseguir um pedaço de terra para construírem seu lar, o casal finalmente alcançou esse objetivo. Felizes e com muito trabalho pela frente, os dois começaram a planejar os próximos passos para a construção de seu sítio.
No entanto, neste mesmo ano, enquanto voltava do sítio, Timóteo sofreu um trágico acidente de trânsito e partiu deixando muita saudade e as lembranças de uma vida cheia de aventura e generosidade.
Mesmo em meio a dor de perder seu grande amor repentinamente, Dita sabia que precisava ser forte para dar continuidade ao sonho dos dois, e pouco a pouco foi mudando sua rotina em busca de acalmar o coração saudoso. Uma das primeiras mudanças foi começar a praticar uma atividade física.
“Me exercitar e fazer uma atividade física nesse momento difícil que a gente passa eu acho que é algo que pode nos trazer um pouco mais de leveza, tanto pro corpo quanto pra alma, porque são momentos que se a gente não se apegar a alguma coisa, correr atrás de algo pra fazer, a gente acaba afundando e consequentemente chegando em uma depressão”, declara.
“Porque quando eu comecei a fazer exercício físico, eu fui porque senti uma grande necessidade, primeiramente. Porque eu vi que se eu ficasse sozinha dentro de casa sem nada pra fazer eu ia entrar em depressão”, acrescenta.
Com o apoio de uma amiga, Dita começou a praticar atividades físicas em casa, fazer caminhada nos fins de tarde e isso servia de terapia, porque ela podia conversar e expressar o que sentia. “Fazer tudo sozinha não é fácil. Ter a companhia dela foi muito bom”, afirma.
Mas não só isso. Ela ressignificou tudo aquilo que trazia memórias e continuou encontrando na natureza, amparo e paz. “As minha plantas são magníficas, eu não sobrevivo sem elas. Aonde eu vou eu tenho que ter uma planta pra cuidar. Em casa tem as rosas do deserto, as minhas orquídeas… É maravilhoso, planta é tudo. Uma casa sem planta não tem vida”, declara.
“Mas tem uma coisa que eu ainda faço e nunca deixei de gostar que é pescar, é algo que me dá prazer, eu amo. Sempre que eu posso eu não perco a oportunidade”, acrescenta.
E ela segue firme na realização daquele que era um dos maiores sonhos do casal, o sítio. “Gosto de estar no meu sítio, estou sempre em movimento por lá também. É algo que eu estou correndo atrás, é um sonho nosso, é uma conquista e eu não paro”, pontua.
E para os dias difíceis, ela reforça. “Apesar de tudo isso, tem algo que nos fortalece muito e que não tem nenhuma comparação, que é Deus. Sem Ele a gente não consegue nada. A gente precisa procurar se fortalecer, só assim conseguiremos, gradativamente, encontrar força pra seguir em frente. A saudade nunca vai embora, ela sempre vai estar em tudo que a gente vê, em tudo o que a gente já viveu, já passou, por lugares, tudo isso vai ter lembrança. Mas se a gente se esforçar e tiver coragem, a gente vence tudo isso”, finaliza.
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