Design autoral de MS ‘brilha’ em Milão e expõe balanço de macramê inspirado em Manoel de Barros

A aventura começou na madrugada do dia 20, em Milão, na Itália. Para conseguir fazer a “foto babado”, Luciana Teixeira e uma amiga levaram a poltrona ao principal ponto turístico, a catedral Duomo, que sempre está lotada de turistas admirando sua complexidade. Desta vez, sem quase ninguém por perto, a arquiteta de Campo Grande conseguiu eternizar a imagem, sentada no objeto cujo design é inspirado no saudoso poeta Manoel de Barros e que expõe a cultura pantaneira para o mundo.

Presente no maior evento de design do mundo, Luciana teve uma reviravolta na carreira quando decidiu entrar no “mundo do design”. Com vasta experiência na arquitetura, decidiu desacelerar após 22 anos e criar peças autoriais, focando no design de mobiliário e também produzir, ensinar e divulgar a cultura de produção de produto no Mato Grosso do Sul.

“O processo criativo da poltrona e do balanço foi inspirado nas poesias de Manoel de Barros e temas pantaneiros. Fizemos muitas dinâmicas no chão da fábrica, com os trabalhadores, levando os poemas do Manoel, além de pesquisas de tramas e trançados típicos do Pantanal, de selaria pantaneira, de macramê, principalmente de macramê”, explicou Luciana ao MidiaMAIS.

“Estas duas peças foram para Milão mostrando o nosso pioneirismo e por isso quis eternizar, de forma icônica, com essas fotos. São peças feitas em macramê, com trabalho artesanal e com a intenção de divulgar a cultura da produção de produto do nosso Estado. Temos muitos projetos com o viés de capacitar a mão de obra e aliar o artesanato ao design”, ressaltou a arquiteta.

‘Força vem das nossas raízes’, fala arquiteta

No ano passado, quando conseguiu participar do evento como expositora, pela primeira vez, Luciana constatou que é possível produzir design “de qualquer lugar do mundo” e que o artista, o profissional precisa apenas se conectar, criar asas e perceber que a força vem das nossas raízes.

“Este é o evento mais importante da Itália, não só na área do design, mas, é um evento que tem 62 anos e que movimenta um volume de dinheiro e de pessoas muito grande. Todos os profissionais da área, formadores de opinião, designers, influencers e compradores de design das lojas, por exemplo, querem estar em Milão neste evento. Isso há mais de 6 décadas, então, é muito importante”, comentou.

O balanço já começou a ser comercializado e custa R$ 3 mil. Já a poltrona custa R$ 5 mil. “Aqui fez bastante sucesso. As pessoas adoram o design brasileiro, adoram essa pegada colorida, essa ginga, essa malemolência e a gente está falando de uma brasilidade que é a brasilidade do centro-oeste, do Pantanal, que é muito diferente da brasilidade do nordeste, de São Paulo, do Rio de Janeiro, do Sul do país. É uma brasilidade de Lídia Baís, de Manoel de Barros, da nossa terra, do Mato Grosso do Sul, então, a receptividade é muito boa por aqui”, comentou.

Amante da feira quando ainda era estudante, Luciana fala que está em Milão pela sétima vez. “Eu frequento essa desde 2008, quando tinha a Casa Claudia em Campo Grande e meu sonho passou a ser vir aqui. Era estudante e vim a agora é a sétima vez já. Ano passado trouxe uma coleção de luminárias e agora estou com o balanço e a poltrona”, finalizou a arquiteta.

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