Com uniforme de recenseador, jovem faz pesquisa e apresenta ‘felicidade’ ao campo-grandense

Jovem aborda pessoas e, após duas ou três perguntas, já afirma: “O meu instituto desenvolveu a solução e, acreditem ou não, ela está dentro de uma caixa…”

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Foto: Redes Sociais/Reprodução

Não, a escrita não está errada e você pode simplesmente estar curtindo em um barzinho, lanchonete ou estar na rua e ser abordado pelo “recenseador” do IDGE (Instituto Doce de Ganache e Estatística).

Uniformizado e extremamente criativo, o jovem chama a atenção das pessoas ao fazer uma pesquisa sobre o estresse, em Campo Grande. E na base de duas ou três perguntas, já afirma: “O meu instituto desenvolveu a solução e, acreditem ou não, ela está dentro de uma caixa, com uma receita super saborosa”.

Em seguida, ainda brinca perguntando se a pessoa sabe o que é e ressalta que, basicamente, vende “felicidade”, em forma de doces de ganache. “Eu vendo doce, vestido e com uma ideia original, como se estivesse trabalhando no IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística]. Me passo por recenseador para fazer algumas perguntinhas, sobre estresse, e aí chego com a solução. A intenção foi sair da média, do comum”, argumentou ao MidiaMAIS Theylor Pereira Freitas, de 19 anos.

‘Venda precisa ser divertida’, diz jovem

De acordo com Theylor, a venda precisa ser divertida e ele então buscou um método para lidar melhor com as pessoas.

“Eu tenho que despertar aquela emoção do estresse, a pessoa precisava lembrar para que eu venha com a solução. Nas redes sociais, vi um vídeo em que um homem anda com uma caixa de ferramentas e chega nos locais falando: ‘Vim fazer o conserto’. E aí ele abre a caixa e vende o brigadeiro. Aquela atitude já desperta alegria, então, comecei a pensar como eu poderia adaptar e criar algo, até que tive essa ideia”, explicou.

Desde então, o jovem falou que foram dias criando o design da roupa, do boné e do crachá. Ao todo, ele diz que investiu cerca de R$ 300. “Essa parte da roupa foi bem complicado, mas no fim deu certo. Só que deu bastante trabalho, tive que comprar coisa importada e ir colando o design até sair. Acertei a gráfica por último e deu tudo certo”, comentou.

Além da vestimenta, Theylor também comprou uma prancheta e a máquina que o ajuda a fazer os brigadeiros. “Este investimento foi importante, porque agiliza muito na hora de fazer os doces. E tem só dez dias que estou vendendo e já tive resultados extraordinários. As pessoas me reconhecem e já estão falando: ‘Nem vem com essa história de IBGE que eu já sei quem você é. O IBGE, na verdade, foi só parte da inspiração, a cor, porque a logo, as fontes, estão bem diferentes”, comentou.

Durante a semana, Theylor se organizou em “escalas”, para que possa produzir os doces, descansar e ir para academia, já que não deixa de praticar atividade física. “Eu acordo às 5h durante alguns dias, faço a produção e vou para academia deixando o ganache esfriar. Peso, coloco nas embalagens e aí vendo durante a tarde na Afonso Pena e, durante a noite, na Bom Pastor. Isso tudo intercalando. Foi até engraçado esses dias. Fui abordar dois homens, eles eram do IBGE, só que estavam só de crachá. Acharam o máximo e tiraram fotos comigo”, relembrou.

Doces como parte de um projeto

Doces são vendidos nos sabores de "chocobom e ninho". Foto: Redes Sociais/Reprodução
Doces são vendidos nos sabores de “chocobom e ninho”. Foto: Redes Sociais/Reprodução

No entanto, as vendas já possuem prazo para acabar. “Isso é um projeto, no qual eu estipulei onze meses para acabar. Comecei a estudar pedagogia, mais por pressão porque não era o que eu gostava e depois parei. O meu sonho é ter a minha agência de publicidade, empreender e ser um social media. Gosto muito disso, de ter uma identidade visual e agora estou investindo todo o lucro nos meus equipamentos”, contou.

Quando começou, Theylor disse que a mãe ficou receosa e não queria que ele trabalhasse com venda de doces. “Hoje ela tem o maior orgulho, só que, no início, não foi fácil. Ela falava que que queria que eu fizesse concurso, fosse para o Exército, porém, eu fiz um planejamento para dar tudo certo e, em dezembro deste ano ainda, pretendo abrir a agência. Minha mãe achava que muita gente iria me tratar mal, ela falava que não iam entender, mas, está dando certo e estes dias vendi 24 doces somente para um casal. Nós conversamos muito, me deram dicas e ainda tomei uma Coca com eles”, disse.

‘Fui espalhar felicidade e acabei invadido’

Sobre o ganache, Theylor fala que também quis sair do trivial. “As pessoas, em sua maioria, estão vendendo brigadeiro, brownie e paleta mexicana. Eu amo chocolate amargo. Você come 3, 4, não enjoa e ainda quer mais, então, pensei no ganache por isso. E saio pelas ruas para espalhar felicidade, só que o mais engraçado é que ela é que está me invadindo ultimamente”, finalizou, aos risos.

Veja um dia de abordagem do “recenseador” em Campo Grande:

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Cuidado com golpes

Mesmo não tendo nada a ver com o trabalho do Theylor, é importante alertar que o IBGE, recentemente, fez um alerta sobre falsos recenseadores, ou seja, pessoas que estavam usando uniformes ilegítimos da instituição para abordarem pessoas e cometerem crimes.

Para reconhecer um recenseador, ainda conforme o IBGE, é necessário que ele tenha colete, bolsa e boné na cor azul, com a logomarca do instituto na cor amarela. Além disso, o recenseador deve estar com o crachá, contendo a sua foto, nome completo, número do RG, da matrícula dele, lotação e ainda um QR-Code.

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