Literalmente “subindo pelas paredes”! O comportamento parece óbvio quando se trata de pererecas, mas é que nem na hora do acasalamento esses anfíbios param de escalar. Flagrante de acasalamento da espécie registrado em Mato Grosso do Sul expõe a intimidade desses bichinhos e mostra que na “hora H” elas literalmente “vão para as alturas”.

Biólogo e fotógrafo da natureza, Daniel De Granville, conhecido por ter convivido com sucuris durante 14 anos em Mato Grosso do Sul, foi o responsável pelas imagens que mostram pererecas acasalando na cidade de Bonito.

A cena chama atenção pelo curioso e inusitado aos olhos humanos e até o biólogo brincou com o flagra. Após gravar o “rala e rola”, De Granville publicou a imagem e escreveu na legenda: “O amor está… na piscina”, comentou ele, revelando onde encontrou os anfíbios.

Ao MidiaMAIS, o profissional esclarece as dúvidas e afirma que os simpáticos animais clicados em um momento pra lá de íntimo não são rãs, nem sapinhos.

“São pererecas, pois elas que têm essas ventosas nas extremidades dos dedos. Isso que possibilita elas ‘grudarem’ em superfícies lisas”, explica o biólogo.

Acasalamento de pererecas deu o que falar

As “danadinhas” causaram alvoroço entre os sul-mato-grossenses impressionados com a foto. Os comentários na publicação de Daniel exibindo o acasalamento foram os mais divertidos.

“Literalmente, subindo pelas paredes”, disse um. “A carinha de faceirice”, comentou outra. “Que pegada, hein?”, observou um terceiro. “50 tons… de verde”, brincou mais uma.

Como acontece o acasalamento de pererecas?

Na natureza, a reprodução nos anfíbios Anura (rãs, sapos e pererecas) começa com uma vocalização do macho para atrair a fêmea. Assim que se encontram, o macho abraça o dorso da fêmea, e simultaneamente ocorre a liberação dos gametas e, em consequência, a fecundação. Mas há, além disso, um fato curioso sobre o acasalamento de pererecas descoberto em 2019 no Brasil

Em trabalho de pós-doutorado realizado na FCFRP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto) da USP, o pesquisador Andrés Eduardo Brunetti, junto a sua equipe de pesquisa, descobriu que as pererecas exalam cheiro para atrair parceiros sexuais.

Conforme a pesquisa, esses anfíbios têm um forte odor, produzido por bactérias, que ajudam na hora do acasalamento. A descoberta desse papel dos microrganismos, isolados da pele de pererecas, foi publicada na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences).

“Sabia-se que, nos anuros, a vocalização dos machos tem a função de atrair fêmeas, e que cada espécie tem um canto característico. Verificamos que o odor desempenharia função semelhante, servindo de sinal olfativo que permitiria às fêmeas reconhecerem os machos da espécie”, explicou o pesquisador ao Jornal da USP.

Mais detalhes sobre o trabalho podem ser conferidos clicando aqui.